Carina Deluca
Saí do Joe pensando em como minha vida havia virado de cabeça pra baixo desde que recebi a ligação de Meredith Grey e vim parar em Seatlle para enterrar meu irmão mais novo. A única pessoa que parecia sã no meio da família Deluca.
Fechei os olhos com a lembrança dele. Eu sentia tanto a sua falta. Em seguida os olhos azuis voltaram a habitar meus pensamentos.
- Então a Capitã tem um lugar diferenciado na sua escala de abraços e toques?
- Ela tem! Não só na de abraços e toques, mas pelo visto não percebeu isso ainda. - Confessei e ele riu. - Acredita que ela estava com ciúmes de você? - Falei fazendo uma careta.
- Ah qual é, tem que ter mesmo. Eu sou um partidão. - Ele falou todo convencido.
- Você é mesmo amigo, mas ninguém mais fala "partidão" e eu estou em outra pelo que pôde perceber. - Dei de ombros, ele riu.
- Quer falar sobre isso? - Perguntou tranquilo.
- Ainda não. Vamos falar sobre quando você vai chamar a Amélia pra sair de novo...
- Ahhh, ela não me dá moral. Você a conhece.
- Vocês já transaram Link, várias vezes... - Falei o óbvio.
- Transa e romantismo são duas coisas diferente, aparentemente ela está dispensando a segunda parte e só queria alguns momentos de curtição. - Falou tentando não mostrar sua chateação.
- Eu não acredito nisso, sério.
- Pois é, pode acreditar. Ela não me dá liberdade pra ser nada além disso... Já reparou o quanto é fácil dormir com alguém que a gente não tem nenhum outro interesse além de sexo? - Concordei com ele.
Realmente aquilo era bem mais fácil. Ter algo com alguém que a gente tem sentimentos é que era o difícil.
Desenvolvemos aquela conversa e não demoramos para chegar até meu apartamento.
Tomei um bom banho, peguei um livro e me sentei no meu quarto, pronta pra descansar naquele dia. Mas o sono não me atingiu, então resolvi mexer no meu celular por algum tempo. Maya não me ligou, não me mandou mensagem, nem nada.
Talvez ela tenha chegado cansada demais, aquela era eu tentando me agarrar a qualquer desculpa.
Talvez eu estivesse sendo idiota em tentar esconder que sentia demais pela capitã, talvez eu devesse agir e realmente demonstrar o que sentia por ela.
-x-
Abri a porta do meu apartamento pela manhã quando encontrei a loira parada ali, vestida com seu uniforme. Ela me olhou com seus olhos azuis expressivos e movimentou as mãos como se quisesse dizer algo.
- Maya? Está tudo bem? - Perguntei preocupada em vê-la ali tão cedo.
- Sim! Quer dizer, não! - Fiz uma carinha de quem não estava entendendo nada.
E ela deu um sorriso de lado agora suspirando, para em seguida me puxar pela cintura, nosso corpo estava tão colado que por um momento eu esqueci como respirar, até perceber que sua boca também estava bem próxima da minha.
- Por que não me conta o porquê de não estar tudo bem? - Desviei meus olhos do seu olhar, mesmo que nossa distância estivesse perigosa demais.
- Porque isso não importa mais. Te ver melhora as coisas. - Falou carinhosa.
- Você não me ligou...
- É, eu não liguei, sinto muito. - Não esbocei nenhuma reação, eu realmente esperava que ela me ligasse. - Olha pra mim... - Pediu, ela tinha os olhos cravados no meu perfil esse tempo todo e eu não pude evitar, a olhei. O que ficou impossível de resistir, meu Deus, eu amava de mais o olhar dela, amava olhar pra ela.
- Seus olhos são lindos Capitã. Os mais bonitos que já vi na minha vida. - Confessei espontaneamente e ela abriu um sorriso.
- Você já viu os seus? Doçura com sensualidade, diversão e um pouco de mistério. Só consigo amar olhar pra eles e pra você. - Ela respondeu com um sorriso, era tão bom ver ela sorrir. - Eu quero muito te beijar agora doutora. Mas eu posso não fazer se... - A interrompi colocando meus lábios sobre os seus.
Nosso primeiro beijo não foi calmo, foi quente, ansioso. Como se necessitássemos daquilo há muito tempo. A boca de Maya era macia, sabia como se movimentar e porra, seu gosto era tão delicioso, único. Nosso encaixe parecia coisa de outro mundo. Eu nunca havia tido tantas sensações apenas por causa de um beijo. Foi impossível impedir todo meu corpo de esquentar com nosso contato.
Paramos o beijo com selinhos e sorrisos.- Você cogitou ir embora sem me beijar? - Falei segurando a gola de sua camisa, aquilo estava virando algo nosso, amava suas mãos na minha cintura enquanto eu fazia aquilo. - Há quanto tempo está aqui?
- Há um bom tempo, eu não consegui dormir muito bem depois que saí do Joe, eu demorei pra bater porque eu sabia que não tinha mais volta se eu o fizesse, eu não sairia daqui sem fazer isso, ao menos que você não quisesse. - Admitiu, os azuis brilhando, um sorriso de lado.
- Eu dei a entender que não queria isso em algum momento desde que me conheceu? - Falei e trouxe seu rosto pra perto do meu a beijando novamente. Ficamos um tempinho ali. Eu parecia estar no céu.
- Precisamos ir trabalhar, mas se não fosse isso eu juro por Deus que você não ia sair de dentro desse apartamento o dia todo. - Ela falou e eu só conseguia sorrir feito uma idiota.
- Precisamos mesmo ir, eu tenho uma cirurgia de urgência assim que chegar no hospital. - Falei fazendo um carinho no seu pescoço.
- Por isso está saindo mais cedo...
- Exatamente! - Respondi. - Jantar mais tarde? - Perguntei tentando não soar emocionada demais.
- Te busco as oito? - Nego com a cabeça.
- Chegue as oito, vou cozinhar pra gente. - Maya concordou me dando mais um beijo que realmente, se não tivesse que me apressar e ir até o hospital, a puxaria para dentro do apartamento mesmo. Nos despedimos no estacionamento rapidamente.
O hospital havia enviado um motorista para me buscar, o que me ajudou muito.
Fiquei boa parte da manhã presa na cirurgia de emergência.
Saí dali para conversar com a família da moça e graças a Deus eram boas as notícias que eu levava.
A paciente e seu bebê ficariam bem.
-x-
- Então vocês finalmente se beijaram! Poxa amiga. - Era Jô falando com um sorriso que eu sabia que era sincero.
- Eu nem acredito ainda que aconteceu! - Confessei.
- Finalmente. Tu tava doida pra fazer isso desde que a viu né? - Falou me zoando.
- Se eu te disser que desde bem antes disso eu vou parecer uma louca? - Ela assentiu.
- Louca e emocionada! - Ri junto com ela.
- Mas até então foi só um beijo e vamos jantar mais tarde, nenhuma promessa além disso. - Falei pensando agora no que poderia cozinhar no jantar.
- Não que precise de promessas amiga, eu já vi vocês duas juntas, vocês ficam exalando química o tempo todo Carina;
- Não queria que fosse só isso sabe? Só química, tensão sexual... - Falei bebendo um pouco do meu café.
- Eu entendo o que quer dizer, mas se for só isso já é parte do caminho andado pra chegar em mais que isso, sabe quantas pessoas que se relacionam que eu conheço que não tem nem isso?
Concordei sabendo que ela tinha razão e provavelmente eu estava me desesperando a toa. Talvez eu estivesse mesmo apavorando a toa.
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Babys, mais um capítulo para vocês!
Agradeço cada um que está acompanhando. É ótimo ter vocês aqui comigo.
<3
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Além Daquele Dia - Marina
General FictionMaya Bishop cruza com Carina Deluca no momento mais inesperado da sua vida. Inesperado pela capitã americana, porém muito esperado pela médica italiana. O que que você faria se finalmente encontrasse vida na sua vida? " Toda a minha vida eu achei q...