Se cuida

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Mores,
Boa leitura.

-x-

Maya Bishop

Me sentei após observar a sala, há muito tempo eu não voltava naquele lugar. Parecia tudo tão igual.

Eu tinha tantas lembranças ali, algumas tão tristes e traumáticas, outras tão boas.

- Você está bem minha filha? - Minha mãe perguntou após me observar por alguns segundos, eu sentia falta dela no meu dia a dia. Era uma saudade diferente das outras.

- Estou sim. Eu queria saber como você está? - Perguntei encarando a mulher me olhando.

- Eu estou indo. Você sabe como somos. - Ela falou e a observei. Me perguntava quando ela se libertaria daquele casamento, depois de realmente amar alguém e viver tantas coisas bonitas eu ficava muito triste em saber que minha mãe não era feliz com o homem que ela escolheu para amar e passar sua vida. - Você não vem aqui há muito tempo e sequer se importou com o risco de encontrar seu pai... tem certeza que está bem? - Minha mãe falou. Meu pai e eu nunca mais havíamos sido os mesmos, nunca mais tivemos uma relação boa, se é que chegamos a ter isso alguma vez em que me dispus a discordar dele.

- Eu queria te ver pessoalmente. Apesar de ser como eu sou e até um pouco desligada ás vezes... sinto sua falta.

- Eu sei minha filha. Ainda assim acho que tem algo errado. - Se sentou na minha frente e segurou minha mão. - Eu ainda sou sua mãe minha querida. Imperfeita, mas sua mãe. Eu te conheço, ainda sei identificar quando algo está fora do lugar na sua mente. - Falou suave e eu concordei com a cabeça.

- Eu não sei que resposta vim buscar aqui. - Admiti. - Mas preciso falar disso com você. Eu amo uma mulher. - Minha mãe não parecia surpresa, já tinha me visto com Carina, mas elas nunca chegaram a serem próximas, por opção minha, não queria que meu pai estragasse tudo e era isso que aconteceria se eu trouxesse minha mãe para mais perto de nós. - Ela é boa, gentil, inteligente, genial, tem o sotaque mais sexy e gostoso que eu já conheci, ama dançar, cozinhar e consegue ser a pessoa mais incrível que eu já pude conhecer.

- Estamos falando da médica italiana? - Ela perguntou.

- Estamos.

- E o que impede vocês?

- Carina não é de Seattle mamãe. Eu sei que isso não tem nada a vê, mas ela ama estar cada hora em um lugar e seu pai mora na Itália, onde ela foi criada.

- Isso impede? - Minha mãe fez uma careta.

- Honestamente... impede. Eu nunca te contei, mas nós terminamos porque ela precisava ir para casa, aconteceu algo horrível com ela e ela precisou deixar Seattle pra tentar se recuperar, mas agora ela voltou e eu não consigo lidar com o fato dela estar tão perto e não... - Respirei fundo.

- E não? - Minha mãe falou para que eu continuasse.

- E não estarmos juntas, porque eu estou com medo. - Admiti com os olhos cheios de lágrimas.

- Medo de que?

- Eu sofri quando ela se foi. E eu sei que isso vai acontecer de novo. E meu medo é de nunca mais amar ninguém como eu amo ela.

- Eu não sou especialista nessa área minha filha. Eu tenho um casamento cômodo e nada perfeito.

- Eu sei, eu só precisava te contar, precisava falar pra você que sempre foi a pessoa que sempre soube me aconselhar de forma sensata.

- Eu não tenho o casamento perfeito, mas eu sou sua mãe. A pessoa nesse mundo que mais torce pela sua felicidade Maya. Ela parece uma pessoa boa, eu gostava de como ela te tratava e eu via felicidade nos seus olhos quando vocês estavam juntas. Então eu só posso torcer, para que o tempo te traga as respostas que você precisa, mas não tire conclusões precipitadas... ela voltou, está aqui agora. E sobre amar... não existe amar igual minha filha.

- Eu não sei o que eu deveria fazer... eu tinha conhecido alguém, estava tentando engatar algo, então ela voltou e tudo o que eu sempre senti por ela voltou com um tornado na minha vida. O problema não é isso, o problema é que é tudo tão intenso com a Carina e ao mesmo tempo parece tudo tão certo, no lugar.

- Eu tenho certeza que você não é a única que sente isso ou ela jamais teria voltado pra cá minha filha. Só vai com calma, observa tudo, tenta por seu coração e sua mente no lugar.

Foi o que ela disse me fazendo pensar, mesmo que eu achasse que aquilo era impossível no momento.

Fiquei mais um tempo ali com ela, enquanto nos atualizávamos e conversávamos. Sentia muita falta dela.

-x-

Minha história com Carina continuava.

Eu não ignorei o que havíamos passado até o momento, mas não podia fugir da nossa conexão e honestamente eu nem queria fugir.

Nós tínhamos muita química, deixei de lado minhas inseguranças por um momento. Então muita coisa voltou a caminhar. Não nos impedíamos de nos ver sempre que possível e sinceramente eu podia voltar a me acostumar fácil em ter ela por perto. Eram noites e noites juntas, dias bons, em que eu me sentia verdadeiramente feliz.

Carina habitava meus pensamentos mais doces, intensos e puros.

Ela me fazia sentir como se ninguém mais pudesse se intrometer em nosso mundo e eu achava aquilo a coisa mais incrível do mundo.

Me julguem.

Eu estava em minha sala na estação quando liguei pra ela. Conversávamos há alguns minutos e eu observava seu perfil concentrado.

- Você trabalha demais doutora! - Falei vendo ela concentrada com o exame em sua mão.

- Eu gosto de resolver tudo, principalmente para aproveitar meu momento livre mais tarde sem preocupações. - Falou me olhando por alguns segundos e dando um sorriso pra mim em seguida, eu entendi o que ela quis dizer com aquilo. Ela gostava de estar livre para ficarmos juntas.

- Você me acostuma muito mau assim Carina. - Ela deixou o exame em sua mesa e começou a prestar mais atenção em mim, me analisando

- Eu não gosto de perder tempo Capitã Bishop. - Deu de ombros.

- Ok, uau. Estamos longe, você deveria parar de me olhar dessa forma já que não podemos nos ver agora. Aliás, devia ser proibido você olhar qualquer pessoa dessa forma. - Brinquei e ela levantou a sobrancelha com um sorriso contido.

- Te olhar me faz sentir mais saudades sabia?

- Oh, não parece um olhar de saudades Dra. DeLuca. - Falei a provocando também.

- Eu falei que me faz sentir mais saudades e não que me faz sentir apenas isso. - Neguei com a cabeça, mas completamente satisfeita internamente.

- Baby, preciso voltar minha atenção pra estação. Se cuida por aí tudo bem? - Falei a observando concordar com a cabeça.

- Se cuida também. Quero muito estar com você mais tarde bella.

- Estaremos juntas italiana e não se preocupe comigo, ficarei bem! - Disse e ela me mandou um beijo.

Suspirei após desligar a tela. Mulher maravilhosa.

Corria tudo bem, era um dia como qualquer outro na verdade. Quando fomos acionados para um chamado.

A situação ali não estava nada boa e meu coração sentia que não era um bom dia. Atentei ao meu pessoal, dando as melhores e conscientes instruções possível.

Mas nem tudo correu como o esperado.

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Babys!

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❤️

Além Daquele Dia - MarinaOnde histórias criam vida. Descubra agora