Café da manhã e perguntas

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Eijirou acha que deveria ter ficado na cama. Ou vai saber, talvez ele ainda esteja na cama, de fato, e isso seja um sonho. Um sonho bem fofo e levemente sexy. Uraraka está na minúscula cozinha mexendo com alguma coisa em uma panela e cantarolando bem baixinho, ela tá com o cabelo amarrado no topo da cabeça e ainda tá vestida com seu pijama que ele pensou nem ser dela de verdade de tão grande que é. Eijirou só ouviu o barulho das panelas e saiu do quarto para ver o que estava acontecendo, ele tava tão cansado que apagou logo que se deitou e meio que esqueceu que tinha uma hóspede quando acordou, por isso o breve susto. Mas ao ouví-la cantarolar e ao vê-la de relance, Eijirou não teve coragem de interrompê-la, e quando ela soltou um "tsss, merda!" ao provavelmente ter deixado algo cair? Ah porra, fofa demais!

Só que isso já tá ridículo e ele não pode ficar encostado na parede como se estivesse à espreita, o que ela vai pensar se o encontrar assim? Reunindo toda sua mínima habilidade em atuação, ele surge na cozinha se espreguiçando e bocejando, o que a faz parar com a cantoria e olhá-lo.

—  Bom dia!

—  Bom dia. —  ele diz, meio preguiçoso de verdade, olhando curiosamente para a comida na panela. Oyakodon! Era o que tavam servindo no café da manhã do último dia deles na U.A., será que ela acha que é o prato favorito dele ou alguma coisa assim? Ha, ele falou com tanta empolgação, mas é porque não sabia o que dizer depois de... tudo aquilo que rolou. Não é, assim, a comida favorita dele nem nada, mas Eijirou aprecia o gesto dela. Só tem uma coisa... —  Ué, onde você achou esses ovos? Eu não tenho nenhum aqui.

—  São meus. —  ela dá de ombros —  Não dá pra fazer oyakodon sem ovos. —  ele a olha com leve repreensão. Pra quê ela foi pegar comida dela pra fazer pra ele?  — Nananinanão, Kirishima-kun! Você não pode achar ruim! É o mínimo que eu posso fazer, você me emprestou seu chuveiro e me deixou ficar aqui. E... hã, considere um agradecimento pelo jantar do outro dia também, eu pretendia bancar um almoço ou uma janta pra você pra compensar, mas isso seria só mês que vem quando eu recebesse. Então... não faz desfeita! Não é grande coisa, mas é meu agradecimento! —  ela estende a tigela para ele. E se Eijirou tinha algum motivo para repreendê-la ou reclamar, ele já não lembra mais qual era. Apenas aceita a refeição de bom grado.

—  Você sabe que pra me compensar pelo jantar, você que teria que topar o desafio do curry bombástico dessa vez, né?

—  Eu não tenho a mesma tolerância que você, infelizmente. —  ela sacode a cabeça dramaticamente.

—  Hum, e ainda assim saímos no jornal como se nós dois tivéssemos ganhado. —  e de repente ele se lembra — Tomei mó susto quando tava lendo umas notícias e vi nossa cara lá! Aliás, você viu? —  ele puxa o celular para mostrá-la.

—  Ah sim, o Todoroki-kun me mostrou. —  ela sorri — Não é bem a estreia que a gente quer nos jornais, né?

—  Ué, mas você também não saiu nas notícias quando tava no estágio?

—  Ah, saí, mas... não é a mesma coisa, né? Eu queria estrear no jornal  como heroína profissional sendo notícia de que salvei alguém e tal. —  ela mexe na comida, pensativa — Mesmo na época do estágio, as notícias que saíram sobre mim e a Tsu-chan quase não falavam do que a gente tava fazendo, só falavam que nós éramos "adoráveis". É um tipo de atenção, tudo bem, mas... não é a mesma que vocês rapazes recebem, né?

—  Acho que não... —  ele reflete porque nunca pensou nisso mesmo, Eijirou também não ia gostar de ser chamado de adorável quando tava lá liberando o modo unbreakable da sua individualidade e pegando bandidos —  Mas logo você vai sair nas notícias, relaxa, já tô até vendo: "Uravity salva 14 pessoas de prédio em chamas!" — ele diz empolgadamente, mas logo percebe a besteira que falou — Q-quer dizer, não que eu esteja torcendo pra um prédio pegar fogo, lógico que não! Eu só- —  o ruivo a olha e a nota enchendo as bochechas de ar para não rir, até que não se aguenta mais — Q-qual é, não... zoa com a minha cara.

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