Operação papais | Namjin | Concluída

Capítulo cinco: o passado pode machucar

Por mais que Jin andasse pelo shopping todo, parecia que nenhuma roupa era boa o bastante para Namjoon, mesmo indo em todas as lojas o máximo que haviam comprado era cuecas e meias.

— Namjoon, vamos fazer uma pausa pra comer.

— Finalmente!

Enquanto o alfa foi fazer os pedidos, Namjoon ficou na mesa esperando. A fila estava enorme o que causou uma grande demora para pegar as comidas, enquanto isso um rapaz que não deveria estar ali sentiu em frente ao ômega que lhe olhou com fúria e preocupação.

— Extorquindo alguém?

— Poderia perguntar a mesma coisa. Jungkook, extorquindo alguma velhinha?

— Engraçado você, eu só vim passar um recado, ele sabe.

— Ele sabe?

— Ele sabe. E odiou você ter escondido isso dele.

— O que ele queria? Que eu implorasse de joelhos por algo?

— Pelo que conheço, ele queria você de joelhos sim, mas para coisas mais... interessantes... – o olhar de Jungkook percorreu descaradamente o corpo do rapaz a sua frente, ele brincou com a língua no piercing em seu lábio antes de sorrir de lado – mas tenho certeza que deve ter conseguido outra pessoa pra isso.

— E é isso que você veio falar?

— Eu só vim avisar, ele sabe e não gostou nada do jeito que descobriu. Como amigo, eu ficaria esperto, nunca se sabe o que ele pode fazer com... – não foi preciso terminar a frase, Namjoon seguiu o olhar do alfa até Jin que pegava o lanche, um frio percorreu a espinha do ômega mas ele tentou não parecer afetado, afinal nem deveria estar.

— Eu não me importo.

— Ah eu sei que se importa... sinto saudades do Destruidor... espero te ver por aí Nam.

— Se da próxima vez você não estiver me trazendo notícias dele... talvez eu também queira te ver.

Namjoon teve pouco tempo para de recompor, assim que Jin lhe entregou o lanche sorrindo ele sentiu o coração aquecer, mas a conversa que teve com Jungkook ainda gelava sua espinha e o fazia suar frio.

...

O sangue escorria pelo canto do lábio do alfa mais jovem, mesmo assim ele apenas ria. Seu piercing já havia sido arrancado com os socos que recebeu, talvez isso tivesse feito o maior estrago, mas ele não se preocupava em sequer limpar o sangue que escorria, parecia se divertir apanhando.

— É só isso que consegue?

— Seu filha duma...

— BM! Chega! – uma voz rouca soou pela sala chamando a atenção dos dois para o topo da escada.

O alfa mais velho desceu os degraus, vestia apenas um roupão que mostrava boa parte de seu peitoral, mas não é como se aquilo importasse. O olhar de Jungkook percorreu a tatuagem de dragão que descia pelo corpo do outro, ela sumia entre o tecido mas ele sabia perfeitamente onde acabava.

— Mas chefe...

— Eu disse chega!

— Sim senhor.

Jungkook sorriu ainda mais ao ver o loiro olhando para si. Seu coração batia rápido na caixa torácica e ele sentia seu corpo esquentar conforme os passos se aproximavam.

— Estou muito decepcionado coelhinho.

— Ele é meu amigo, eu só fui conversar com ele, ver como tava.

— E essa conversa não tinha nada a ver com minha pessoa?

— Quem sabe...?

— BM, vai ver se está tudo certo com os outros.

— Mas chefe... E ele?

— Eu dou um jeito com ele.

O rapaz engoliu em seco ao ouvir aquelas palavras, sabia que não era bom quando seu chefe falava aquilo, mas não poderia fazer nada para mudar o destino do mais novo. Mesmo preocupado com o que poderia acontecer, o alfa saiu do apartamento para ir pegar sua moto e fazer a ronda.

— Coelhinho... o que faço com você? Estou muito decepcionado.

— Sabe no que coelhos são bons? Em entrar em tocas...

O mais velho rosnou antes de levar sua mão direita e segurar firme o queixo de Jungkook. Os dedos certamente ficariam marcados na pele pela força imposta, mas nenhum se importava, sem o menos cuidado ele examinou o rosto do rapaz virando para lá e para cá.

— Olha só, todo machucado.

— Foram só uns cortes.

— Idiota, você está sangrando.

— Então por que não me ajuda a limpar?

Os lábios dos dois alfas se juntaram rapidamente, Jungkook choramingou quando sentiu uma mordida em seu lábio machucado, mas apenas recebeu outra mordida e um tapa como resposta. O beijo era faminto e nada delicado, quando o ar faltou o mais novo sentiu seu cabelo ser puxado para trás e beijos em seu pescoço.

— Vamos aproveitar Jungkook, que semana que vem começa meu cio, sabe que dois alfas no mesmo lugar não vai dar certo.

— Eu vou fazer tão gostoso que você vai gemer meu nome mesmo com eu longe.

— Achei que ele fosse seu amigo.

— Achei que ele tivesse te abandonado, mesmo grávido de um filho seu.

Uma mordida foi a única resposta que o mais novo obteve, ele sabia que tinha tocado um ponto sensível, mas não se arrependia, não quando haviam mãos o apertando tão forte como se quisesse o esmagar. Eles sequer se importaram de ir para um quarto, o porteiro tinha ordens de não deixar ninguém subir, então apenas aproveitaram enquanto as roupas iam ao chão.

...

As palavras do amigo ainda ecoavam na cabeça de Namjoon, ele temia pelo que poderia acontecer, mas já deveria ter imaginado que aquilo chegaria nos ouvidos de seu ex. Jin notou o jeito estranho do ômega, mas quando questionou não obteve respostas, apenas um resmungo sobre problemas com a gravidez. Claramente o alfa se preocupou, deixando claro que levaria o rapaz para o médico na manhã seguinte.

Talvez se apenas entregasse o bebê para Jin e então voltasse para sua vida antiga... mas sabia que não seria tão fácil, o cheiro do alfa já lhe fazia sentir coisas que não deveria.

— Para com isso Namjoon. Você é apenas um ômega de rua grávido de um alfa qualquer... ele jamais iria querer algo com alguém como eu...

Ele não pode evitar as lágrimas rolarem pelo seu rosto, mas mesmo com aquilo ele ouviu um outro choro, também sentiu uma mudança no cheiro do alfa pela porta entreaberta. Ao sair para o corredor pode ver a luz da sala de tranqueiras acesa, mas quando tentou abrir a porta ainda estava trancada.

— Jin... tá tudo bem?

Demorou para receber uma resposta, um silêncio tomou conta antes de um clique anunciar a porta destrancando, Jin apagou a luz antes de abrir a porta, o que impediu que Namjoon visse qualquer coisa dentro do quarto. Com um sorriso amarelo ele mostrou uma lanterna e trancou a porta, era nítido que ele estivera chorando.

— O que aconteceu?

— Só... alergia, ao pó.

Ao levantar os olhos o alfa viu os olhos inchados do outro, ele rapidamente se preocupou e jogou a lanterna antes de abraçar o outro. Ao sentir o cheiro do rapaz tão próximo a si Namjoon ficou estático mas logo relaxou em seus braços.

— E você hein?

— Alergia também.

Os dois sabiam que ambos estavam mentindo, mas fizeram um acordo mútuo e silencioso de não insistir. O ômega sabia que tinha algo errado com aquele quarto, aquilo não era um quarto de tranqueiras de jeito nenhum, mas não era momento de pensar nisso, não quando recebia um abraço tão bom.