I wish that we could lose this crowd

131 23 154
                                    


- Capítulo 01 -


Há um chacoalhão.

Ao céu azul voa uma enorme carruagem desengonçada. Tão intrigante e libertadora.

O sentimento de voar é intenso; como um sufoco da própria pessoa, que se livra momentaneamente. O azul água remete ao conforto, e se mescla com a luz forte do sol nascente, refletindo pelas vidraças. Os doze cavalos brancos e alados arrastam-se ao vento, deixando-se serem levados aos ares.

Liberdade.

Marca-se no relógio exatamente seis horas da manhã de uma véspera de Halloween, mas Scorpius Malfoy não poderia estar mais animado. Sua cabeça está apoiada na janelinha, lhe trazendo uma dor suportável na nuca, mas ele está distraído demais, com medo demais, para olhar para algo que não seja as árvores infinitas e verdes há metros de altura abaixo de si.

Uma das características de Scorpius é se distraír e se desligar do mundo, então é bom ter um pouco de paciência com ele.

Mesmo assim, ele consegue ouvir as vozes de aflição e curiosidade de seus dois melhores amigos à sua frente. Eles conversam sobre alguma coisa que Scorpius não se dá ao trabalho de ouvir porque simplesmente não havia sequer notado.

Um raio do sol nascente cresce pela colina à sua frente e o cega em questão de segundos. A dor é imediata, e Scorpius aperta os olhos, confuso, despreparado. É exatamente o momento que sente um cutucão no braço, e olha para a frente.

— Lysander tá dizendo que dessa vez não vai se apaixonar por ninguém — explica Lorcan, ao notar a confusão no olhar de Scorpius.

— É sério, gente.

— A gente acredita. — responde Scorpius automaticamente, tornando a esfregar os olhos, como se tentasse deixar claro que havia quase ficado cego.

— Eu não acredito.

Lysander revira os olhos ao irmão, que dá risada.

Às vezes Scorpius se pega pensando se está ficando louco ao achar engraçado como os gêmeos Scamander são completos opostos. Assim que sua intimidade com eles começou a crescer, percebeu a diferença em suas personalidades. Lorcan era completamente descolado, sem-vergonha, tirava notas baixas mas era muito mais racional que Lysander, que por sua vez era muito tímido, inteligente, fechado, mas também muito sentimental.

Percebia também que Lorcan era o mais desapegado, mas também era o que mais beijava entre os três; e que Lysander era o que mais se apaixonava — era muito rápido, como amor à primeira vista! —, mas que nunca tinha beijado uma boca na vida.

— Vou só fazer amigos. — se explica Lysander, aborrecido. — Beauxbatons estava realmente precisando de umas novidades.

— Estamos chegando! — alguém grita, do outro lado da carruagem.

Há um tremelique que faz Lysander voar da cadeira e cair no mesmo lugar, cheio de dor. Scorpius percebe como o reflexo do sol na água escura do Lago Negro o torna mais mágico e incrível. Esquece até da dor.

Talvez ele também tenha se esquecido de explicar o que estava ocorrendo. Scorpius é um pouco esquecido às vezes.

Depois de vinte e sete anos, a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts, a Academia de Magia Beauxbatons e o Instituto de Durmstrang reveram suas crenças sobre o Torneio Tribruxo com o Ministério de Magia Britânico. O fato é que eles estavam realmente sentindo falta de uma competição que tinha unido (e também criado discórdias) entre as escolas. Voldemort não era mais uma ameaça, e eles realmente decidiram tomar os devidos cuidados. A diretora de Hogwarts, Minerva McGonagall, não tinha gostado da ideia, no início, mas foi chantageada, e então realmente começou a cogitar numa possibilidade do torneio realmente acontecer, com os devidos cuidados.

MuDança (scorbus)Onde histórias criam vida. Descubra agora