Capítulo 17

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Capítulo 17

Eu saí do banheiro para o corredor do apartamento com uma toalha na cintura e me arrependi seriamente quando me encontrei na frente de Estebán e Vítor, ambos encarando.

— Eu vejo que você levou as coisas um pouco além da noite de acasalamento. — murmurou Vítor, me dando um olhar que poderia cortar diamante.

Para minha surpresa, Estebán se virou para ele, não para mim. — O que eu faço com meu companheiro não é da sua conta.

— É da minha conta quando eu tenho que explicar seu comportamento fora do normal ao sentinela — rosnou Vítor.

Bem, merda. Estar preso no meio de uma briga de lobisomem era a última maneira que eu planejava passar o dia. Especialmente desde que eu era a razão pela qual eles estavam no pescoço um do outro.

— Eu deveria ... ir — eu disse sem jeito, avançando em direção à porta.

— Fique onde está — ordenou Estebán. — Isso diz respeito a você.

Vítor disse — Ele não faz parte da matilha.

— Ele é meu consorte. Isso faz dele uma posição mais alta do que a sua, especialmente se você não parar com essa atitude — advertiu Estebán. Eu nunca o tinha visto tão bravo quanto ele estava agora, especialmente desde que ele tinha estado nas alturas do prazer apenas alguns minutos antes. O que quer que Vítor tenha feito para irritá-lo, eu não o invejei. — Se eu ouvir mais uma palavra questionando minhas decisões, você será rebaixado para o nível em que começou. Eu fui claro?

As palavras do Alfa pareciam atingi-lo com força, e quase me senti mal por ele. Até que ele me lançou um último olhar imundo antes de resmungar, — Sim, pai.

Estebán deve ter me pegado olhando, porque ele fez uma careta para mim. — O que foi?

— Nada, eu só ... nada. — Entrei no meu quarto para colocar roupas e ficar mais apresentável. Obviamente, nós tínhamos visões de como um pai deve agir drasticamente diferentes, e mesmo com todas as aulas de Leon eu não tinha a menor ideia do que era necessário para dirigir uma matilha de lobos.

Quando estava pronto segui as vozes até a cozinha, Estebán sentou-se e serviu-se de outra bebida. Quando eu saí da casa da minha mãe passei um período bêbado, até Maurício me levar nos AA e eu passar pelos 12 passos e tal. Ver como Estebán bebia muito me dava umas viagens por memórias não muito agradáveis. Mesmo que o álcool não afetasse humanos e lobisomens da mesma maneira.

— Nosso acasalamento foi anunciado. — disse Estebán, como se estivesse apenas continuando de onde todos nós paramos. — Não será oficialmente reconhecido até que tenhamos uma cerimônia de reconhecimento, é claro, mas desde que seja feito em algum momento no próximo mês, a Corte não terá escolha senão reconhecê-lo e a nossa petição de custódia de qualquer forma.

Nossa petição. Parecia íntimo, quase como se fôssemos casados, mesmo que isso estivesse longe da verdade.

— Isso significa que Zeca pode voltar para casa? — Eu perguntei, com medo de soar tão esperançoso quanto eu estava na frente de Vítor. Estebán já conhecia minha fraqueza.

— Sim — disse Estebán, assentindo. — A matilha Stevenko não terá escolha a não ser devolvê-lo pela duração do julgamento, mas depende de que a cerimônia saia como planejada.

Algo em seu tom me deixou no limite. Tinha que haver uma pegadinha. Sempre existiu com ele. — Qual é a cerimônia?

O último evento da família dos lobos que eu tinha ido era nada menos do que horrível, então eu não tinha grandes esperanças de que os costumes do acasalamento deles fossem aconchegantes também.

Morda-me (Lobos de São Paulo #01)Onde histórias criam vida. Descubra agora