Capítulo 29

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Capítulo 29

A festa não era tão formal quanto eu temia, mas tive a sensação de que era mais pelo bem do Zeca do que 'porque Leonard queria assim'. Ele me informou que era meu dever como companheiro do Alfa ficar na porta e cumprimentar todos os convidados quando eles chegassem, e quando a festa estava em pleno andamento, eu estava mais do que pronto para ir embora.

Pelo menos Zeca parecia estar se encaixando. A maioria da matilha prontamente o aceitou, e aqueles que não, eram espertos o suficiente para manter a boca fechada sobre isso. Até Alessandro parecia estar se divertindo. Ele tolerou o minúsculo smoking só para me fazer feliz, mas o pequeno diabinho não pôde evitar arrancar sua gravata borboleta e roubar todos os ovos cozidos.

Estebán estava ocupado conversando com a esposa do alfa bando vizinho. Ele convidou mais de alguns novos aliados para compensar o que perdemos nas matilhas Macaster e Stevenko. A traição de Alexey e Serena já havia sido relatada aos tribunais, junto com o pedido de investigação de leilão ilegal de ômegas no território da matilha Macaster, então os Stevenko não podiam se vingar sem iniciar outra guerra de matilha, mas isso não significava que estávamos em termos amigáveis. Outro desdobramento, que era desagradável e, em última análise, positivo, era que o bando de Stevenko enviara um representante como gesto de boa vontade. Kazis e Nika ainda se recusavam a aparecer, apesar de Estebán ter feito um convite em nome de Zeca, mas foi um começo.

— Parece que você está sendo torturado — observou Zeca, chegando perto de mim.

Eu olhei para a bebida em sua mão e estreitei meus olhos.

— É apenas suco de maçã espumante, Dan— disse ele. — Relaxe.

Eu bufei. — Boa. Só porque você é um Alfa não significa que você pode se safar com tudo.

Ele me deu um sorriso paciente. — Eu sei, eu sei. Pelo menos eu... — Zeca parou de falar e seu rosto ficou vazio quando ela se fixou em um ponto do outro lado da sala. Segui seu olhar para onde Leonard estava, rindo e provocando um dos outros filhos dos Alfas. — Quem é aquele?

— Mario Padovano, eu acho.

—Ele não. Aquele.

— Oh. Esse é Leonard. Ainda não tive a oportunidade de te apresentar, — eu disse, acenando para Leon já que ele parecia ter cansado de seu parceiro de conversa.

Zeca ficou branco como um fantasma e agarrou o copo com as duas mãos como se estivesse tentando se esconder atrás dele. Leonard se aproximou, sorrindo agradavelmente para nós dois. — Você está elegante, mon cher — ele disse, tocando meu braço antes de voltar sua atenção para Zeca. — E aqui está o convidado de honra. Espero que você esteja curtindo a festa.

— A festa é ótima — disse Zeca rigidamente, olhando para o beta como se ele estivesse olhando para um lobo real que estava prestes a morder. — Obrigado por fazer isso. Planejamento, quero dizer. Eu gosto da sua roupa.

Leonard deu uma risada estranha e eu quase ri também. Eu nunca vi Zeca tão tenso e eu estava sem palavras. — Sem problemas, eu vivo para esse tipo de coisa. E obrigado — disse ele, passando as mãos pelo tecido macio. — Eu fiz isso sozinho.

— Leonard é o melhor alfaiate de lobisomens de São Paulo — eu disse quando ficou claro que Zeca realmente havia esquecido como falar. Que diabos?

Se Leonard notou, ele não deixou transparecer. — Você deveria vir ao meu ateliê em algum momento — disse ele para Zeca. — Eu adoraria criar algo para você.

— Ok — Zeca guinchou.

— Bem... eu deveria me certificar de que os outros convidados estão se divertindo. Foi bom ver você, Danilo, e prazer em conhecê-lo, Zeca — disse Leonard, dando-nos um sorriso caloroso antes de nos deixar.

Morda-me (Lobos de São Paulo #01)Onde histórias criam vida. Descubra agora