Obliviate

Capítulo 2

7 anos depois da guerra

2 de Maio de 2005

Olhando o vestido pousado em cima da cama, minha mente foi preenchida pela expressão de Malfoy quando entreguei o convite de casamento. Sua expressão não demonstrava nada, e seus olhos pareciam tão opacos que se tornara difícil de se olhar e não pensar que estava morto em vida. Faziam seis meses e desde aquele dia, aquele momento vem me incomodando, meus instintos gritavam, mas eu não conseguia entender o que queriam dizer.

Harry soltara num sussurro sem a intenção que eu ouvisse "Isso não é coisa que se faça", a tristeza em sua voz era evidente, parecia se ressentir do meu gesto por Malfoy. Mas, o que havia de errado? Aquele não era um símbolo de paz entre a gente? Quando contei a Gina o ocorrido, seu rosto pareceu ficar pesado. Triste. Até me perguntou se eu não sentia nada ao fazer aquilo, chegou até perguntar se não tinha sentido uma dor na cabeça e tido visões estranhas. Por um momento achei que ela estava louca, contudo, depois do sonho que tive comecei a questionar se Harry e Gina não saberiam sobre algo e escondiam de mim.

Lembro da sensação, não pude ver seu rosto, mas a sensação ficou cravada em minha pele como se fizesse parte dela. Seus lábios contra minha pele, seus dedos longos alternando o aperto entre minha cintura e seio, os carinhos preguiçosos que fazia contra minha pele. Lembro do brilho da lua contra seus fios pálidos, seus ombros largos, seu corpo magro e ainda sim forte. Minhas bochechas esquentaram ao lembrar do atrito entre nossas intimidades. Só de lembrar aquela sensação sinto o meio entre minhas pernas formigarem.

Aquele sonho parecia ser uma droga injetada em minha veia, parecia um desejo inconsciente. Um que eu nem tinha consciência. Lembro-me de lutar para ver seu rosto, porém, tudo o que conseguia fazer com as mãos era agarrar seu cabelo e puxá-lo mais para perto. Meu corpo não parecia corresponder às minhas vontades, agia junto ao desejo crescente, tanto que em algum momento perdi total controle sobre meus pensamentos me entregando ao momento.

O vestido laranja pastel me lembrou de Rony, a culpa veio como um balde de água fria, ainda assim não parecia o suficiente para afastar as lembranças e sensações do sonho. Suspirei. Desviei da cama indo mais uma vez ao guarda-roupa. Peguei uma calça jeans preta justa, uma blusa folgada cinza e uma lingerie verde.

Ao terminar de vestir a calça me virei para o espelho. Imediatamente vi que, se não eram as mesmas, eram iguais a do sonho. A mesma cor de lingerie cheia de babado, a calça preta com os botões abertos se encontrava igual a quando o vi tirar minhas roupas. Olhei para blusa jogada na cama, poderia ter visto por apenas alguns segundos quando ela foi jogada em algum lugar, mas ainda era a mesma. Um arrepio correu pelo meu corpo. Como? Como eu poderia ter as mesmas roupas? Será que era um desejo do meu subconsciente aquele sonho? Será que eu desejava alguém tão desesperadamente ao ponto de não lembrar e ainda assim o desejar?

Não. Claro que não. Senão, não teria ficado com Rony, ainda mais aceitado seu pedido de casamento. Não é mesmo? Um estalo soou em minha mente. Eu não havia perdido a virgindade com Rony e se não foi com ele... com quem havia sido? Forço minha memória a trabalhar, contudo, não consigo lembrar de ter dormido com ninguém além do Rony. Seguro minha cabeça ao sentir uma pontada dolorosa. Curvo um pouco para frente sem fôlego.

O toque da campainha reverbera pela casa. Mesmo que eu quisesse trocar de roupa, não daria tempo, Gina havia chegado para irmos juntas comprar meu vestido. Visto a blusa de uma vez. Pego minha bolsa e desço as escadas, descendo-as que percebo, a dor passou. No instante que parei de tentar me lembrar, ela se foi. Abro a porta, ver Gina com aquele vestido azul-pastel que ficava duas palmas acima do joelho me fez lembrar dos tempos da escola, de quando íamos todos juntos ao Três Vassouras. Ela procurava sempre usar esse mesmo vestido com um casaco pesado por cima.