7 de Maio de 2005
Ele precisava estar ali. Alguém precisava morar ali. Não conseguia avançar, tudo era complicado. Minha mente parecia completamente sobrecarregada de informações e meu corpo tremia e suava frio. O calor das memórias, dos momentos faziam falta. era disso que eu precisava naquele momento. Não daquela confusão. Ele se excluiu da minha vida. Cada segundo a partir do final da guerra foi mentira. As rosas toda manhã em meu escritório não era Ronald o comprador, mas sim Draco.
Nunca havia entendido seu significado. Eu ainda te amo, era exatamente o que elas queriam dizer. Como eu pude não notar meus próprios sentimentos? Como não notei o aceleramento do meu corpo, o modo como ele parecia querer sempre estar mais próximo do dele, como percebia sua presença num instante?
Eu era realmente a pior.
O magoei sem nem mesmo saber e apesar disso, apesar de que cada rosa eu ligava a Ronald, ele continuou mandando.
"Eu amo você e mesmo que eu me quebre em mil ou morra, garantirei que esteja viva."
Ele havia cumprido aquela maldita promessa. Ele se quebrou para que fosse feliz. Que raiva! Eu deveria também ter direito de opinar, mas por qual razão não conseguia sentir raiva dele? Não pensei. Chega de pensar. Pensar me levou a tudo isso. Naquela noite não vi seu desespero, não o entendi, ignorei cada sinal para evitar a dor de o ver enfrentar tudo sozinho e isso me custou tudo. Absolutamente tudo.
Segurei a barra do vestido e corri. Uma vez corri em sua direção na intenção de o impedir e em nem um momento vi nada que demonstrasse sentimentos ruins, na verdade, ele estava pronto para morrer por minhas mãos naquela sala precisa. No mesmo lugar onde fizemos nossa cerimônia de casamento não oficial.
Uma vez ele quem me buscou e juntou cada caco. Me levantou.
Agora era minha vez.
O barulho da grama contra meus pés não importava, os gritos de Harry e Gina não importava. Por favor, qualquer força, que ele ainda esteja aqui... por favor não o deixem ir... Eu sei, o conheço e sei que seria capaz de ir pro fim do mundo para não correr o risco de atrapalhar minha felicidade, mas por favor... por favor eu imploro que ele ainda não tenha ido. Que ainda esteja aqui esperando que eu me lembre.
Por favor...
Por que... Porque isso tinha que acontecer? Por que não notei que ele apenas queria conversar e não pedir minha interferência, por qual razão não notei que racionalmente isso traria mais problemas?
A vida só lhe dá uma chance do amor verdadeiro e se você a desperdiçar... talvez não consiga uma segunda.
Parei no primeiro degrau. A mulher esguia de cabelos negros e mechas brancas me olhava, de um jeito estranho. Orbitas arregaladas. Olhou meu ombro chamando minha atenção para ele. Duas cobras, uma branca e outra preta, se entrelaçam formando o símbolo do infinito. Voltei para Narcisa. Ela saberia onde Draco poderia estar, porém, ela já não estava mais lá. Apenas a velha porta de madeira escuro.
Naquela tarde, eu percebi a chance que a vida havia me dado e eu a desperdicei. Como uma tola idiota! Andei por toda a casa, ignorando qualquer aviso de meus amigos, precisava encontrar, pelo menos, alguém.
Alguém.
Apenas alguém e não uma casa vazia.
Um sinal.
Um que ele voltaria, porém, cada passo, cômodo e móvel deixava claro que ninguém mais apareceu ali.
Por que? POR QUE?
— Harry, por favor — agarrei seus ombros. Olhei em seus olhos verdes atrás das lentes redondas. — Por favor, você deve ter ouvido alguma coisa.... alguma coisa... qualquer coisa.
— Eu sinto muito, Mione — Segurou minhas mãos, não precisava daquilo. Precisava de notícias dele. O encontrar. Sentir novamente seu toque, saber que estava bem. — Desde sua demissão... ninguém mais soube dele.
— Não...! — Me afastei, era uma mentira. Tinha que ser.
Ele apenas estava dizendo isso para me impedir.
— É verdade, infelizmente. Ele desapareceu do mapa.
Não...
— Nem os aurores podem o encontrar, Mione.
Não... Harry me agarrou. Força faltava em minhas pernas. Seus braços me apertaram contra si e então pude ouvir, os soluços desenfreados, os gritos de dor e a dor em minhas unhas agarradas a seu terno. Precisava da minha mãe. Ela iria me contar a verdade. Ele não poderia desaparecer... Estamos falando de Draco Malfoy, não é mesmo?
Do garoto orgulhoso demais para fugir de uma briga de egos, que enfrentaria a morte para proteger quem ele ama. Mesmo sendo de si mesmo.
Draco Malfoy tinha que estar em algum lugar. Empurrei Harry. Tanto ele quanto Gina eram mentirosos. Eles queriam apenas me enganar. Aparatei para casa. Mamãe tava na varanda me esperando e assim que me viu correu em minha direção me acolhendo meu corpo trêmulo em seus braços.
— Oh, meu amor. Eu sinto muito, de verdade.
Não. Mamãe, não era isso que devia falar. Devia dizer que eles mentiam e que tudo ficaria bem. Eu havia ganhado uma segunda chance e poderia lutar por ela. Por que todos não poderiam apenas me dizer que ele ainda me esperava em algum lugar? Por que ninguém entendia que eu precisava dele? Por que todos diziam sinto muito? Por que ninguém me levava até ele?
Só precisava de seu abraço, saber que não o havia perdido, saber que ele estava bem e que poderíamos seguir em frente. Ninguém deveria deixar parecer que ele havia ido para sempre.
Isso não poderia acontecer. Eu tinha que achá-lo... eu precisava vê-lo de novo.

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Obliviate
FanfictionDRAMIONE Memórias são as coisas mais preciosas que temos. Elas nos tornam quem somos. Mas e se alguém apagasse sua memória e você se recordasse delas no pior momento possível? Ir ou não atrás para tirar satisfações ou recuperar o tempo p...