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╰•★★ ʂıƙıʑų ★★•╯

Cores, tão complicadas e extremas. Talvez não para todos, mas para o garoto era.

Onde estaria aquela pessoa? Um alguém. Como explicar isso aos desentendidos? Estava privado das cores, até que um ser adorável lhe adorasse, o amasse e lhe mostrasse cada cor do mundo.

Cada passo desde a sua infância o fez perder a alegria, perder as cores da vida. Elas ainda estavam ali, mas tão fracas e sem alegria que sequer seus amigos conseguiram trazer o brilho de volta para o rosto pálido e fofo.

Depois de descer do ônibus, lá estava ele, na escola novamente, encarando o gigante prédio com aquela estética antiga e o ar de mofo entrando pelos pulmões. Mas isso não importava, aliás, esta é a melhor escola de ensino básico de todo o país. Por que um simples ranger das madeiras do chão importariam?

Ao chegar na sala se deparou com a própria zona do zoológico por ali. E, é claro, que seus amigos estavam envolvidos naquele fuzuê.

Primeiro dia, o melhor e o pior. Como sempre.

Sentou-se ao lado das gralhas animadinhas que eram seus amigos.

– Qual é, Felix. Cadê o bom dia? – Han reclamou, roubando a mesa e depositando os glúteos bem ali, mas logo fazendo um carinho nos cabelos do outro.

– Bom dia, animais – zoou, ignorando-os parcialmente enquanto focava em algo aleatório no telefone celular.

– Falou o passarinho amarelo que taca lenha na fogueira – Seungmin rebateu, cruzando os braços na cadeira de trás enquanto sorria pela chegada do amigo.

– Cachorrinho emburrado, eu ein – Han reclamou mostrando a língua para a carranca sorridente do outro.

– E você é o esquilo de circo, só pode – o antes calado rebateu, desviando o olhar do aparelho eletrônico e dando uma risada gostosa de se ouvir.

– Idiotas – os outros dois falaram ao mesmo tempo.

Felix suspirou antes de arregalar os olhos, vendo um babado incrível no site de notícias do colégio.

– Ei, ei! Vocês viram isso aqui? – estendeu o celular, vendo o esquilo arregalar os olhos e Seungmin acenar a cabeça como um sim.

– Um trio de gatos 'tá se mudando 'pra cá. Já sabemos disso desde o ano passado quando a Nancy surtou que queria sair do colégio porquê o ex ia se mudar para cá.

Como as incríveis marias fifis que eles eram, os dois escutavam atentamente Seungmin explicar os detalhes da fofoca já meio apagada.

– Já tinha até esquecido desse babado! – Jisung exclamou com a mão na boca. Agora ele já estava sentado numa cadeira que puxou de um colega que não estava ali.

– Acabei de lembrar – o loirinho chamou batendo no braço dos dois colegas – Lembrar não, mas na real acabei de ver aqui que eles são da nossa sala!

A porta bateu. As mentes fanfiqueira e dorameira dos três já imaginavam três caras bombados entrando por aquela porta, arrasando corações.

Mas, para a desgraça de suas mentes, era apenas Jeongin, o pestinha de todos os pestinhas, que encarava a porta agora com a marca da sola de seu sapato marcado num dos lados da porta.

– Ih rapaz! FUDEU – pegou o álcool em gel da mesinha de canto da sala e espirrou na porta depois esfregando com a manga de seu casaco.

– Esse aí tem problema, só-

Seungmin foi interrompido.

– JEONGIN! PARA DE BOSTA E VAI SENTAR – Chan berrou com o mais novo.

Jeongin apenas apoiou a destra na cintura e o encarou de cima a baixo.

– Já não basta em casa, aqui também?

– Claro, né! Se tu se encrenca depois eu que levo bronca da mãe, e-

– Já chega vocês aí, sentem que o sinal já tocou – a inspetora parou na porta os colocando para dentro da sala, fazendo a conversa cessar entre todos.

– Bom dia gente! – um professor aleatório surgiu do além. Bem, nem tão aleatório assim.

– É aquele professor que ficava entrando na nossa sala e conversando sobre a vida dele no ano passado? – Seungmin questionou sussurrando para Lix enquanto o professor falava mais e mais sobre o início do ano letivo.

– É sim. Qual era o nome da filha dele mesmo? Mary? Maria?

– Marina.

– Ahh... sim, sim.

– Bom, galera – falou um tom mais alto, chamando a atenção de boa parte da turma entediada pelos discursos do professor – Como já dito e vocês já sabem, teremos três alunos novos esse ano. Que estão parados na porta... – todos olharam para a entrada da sala, esperando a aparição dos tão falados garotos – E estão me encarando como se eu fosse um pedaço de bacon... ENFIM – berrou de forma exagerada – Entrem antes que meu pescoço comece a doer de tanto olhar nessa direção.

Então os três entraram. O mais alto e o mais baixinho pareciam emburrados e nem poupavam apresentações. Apenas disseram seus nomes e foram se sentar nas duas cadeiras vazias do fundo.

– Hyunjin – estendeu a mão no ar e se jogou na cadeira.

– Changbin – imitou Hyunjin.

A sala estava dividida entre olhar para os dois no fundo e o garoto com o sorrisinho maroto em frente ao quadro.

– Lee Minho, espero que possamos nos dar bem – anunciou a última parte olhando para um certo garoto de bochechas gordinhas.

– Sejam bem-vindos! Como Hyunjin e Changbin já se acomodaram, Minho pode se sentar ao lado do garoto ali – apontou para o esquilo. Eles se entreolharam.

Jisung tentou parecer emburrado, como se não ligasse nada para a informação e a ideia de que o garoto novo iria sentar ao seu lado.

Mas como tudo que é bom dura pouco, Jisung escorregou o queixo das mãos e quase bateu com a cara na mesa.

Para ele valeu a pena escutar a doce risada do cara novo.

Do outro lado da sala, Felix não sabia o que fazer. Nas cadeiras de trás estavam aqueles dois carrancudos lindos.

A cabeça do loirinho latejava de dor. Suas mãos na cabeça tentaram ajudar, mas era inútil.

Seungmin, que estava ao lado, percebeu o estado do amigo.

– Ei, Lix, está tudo bem? – colocou a mão esquerda no ombro do outro.

– E-eu não c-consigo respirar – falou baixinho tentando encontrar fôlego para dizer as poucas palavras necessárias – Água... pega a minha água – Seungmin atendeu seu pedido rapidamente, abrindo a garrafa e lhe entregando.

– Vai ficar tudo bem – acariciou as costas de Felix, dando-lhe um pouco de conforto.

Felix tomou dois goles, parou e tirou uma cartela de comprimidos de sua mochila e tomou um em outros dois goles de água.

Lá na frente o professor não deixava de falar nem por mínimo segundo, mas logo atrás, o garoto alto de cabelos escuros encarava a cena do menino apavorado com algo. Ele conhecia muito bem aquilo. O pânico sempre estava consigo, era onde seus ataques de raiva aconteciam, o pegava desprevenido. Ter aquelas crises era tão comum para si quanto um cão que está acostumado a voltar para o dono no fim do dia.

Queria confortá-lo e explicar como lidar, mesmo que não seja tão bom nisso às vezes.

Se sentir vulnerável é, e sempre será, a pior sensação que qualquer um poderia imaginar. Com esse sentimento, milhares de outros vem de brinde. Aquele brinde que ninguém quer, mesmo sendo de brinde.

Decidiu se aproximar. Colocou a mão no ombro do garoto na sua frente, o vendo se assustar e olhar para si.

– Está tudo bem?

(づ。‿。)づѕтααα

𝐫𝐚𝐢𝐧𝐛𝐨𝐰𝐬 ♥ 𝐜𝐡𝐚𝐧𝐠𝐡𝐲𝐮𝐧𝐥𝐢𝐱Onde histórias criam vida. Descubra agora