comfort

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╰•★★ ʂıƙıʑų ★★•╯

Não importava quantos dias tivessem se passado, ou quantas vezes já tivessem dito, mas os pais de Felix insistiam tanto que o loirinho tinha pesadelos todas as noites.

Eram sonhos terríveis, e alguns eram apenas... lembranças. Tudo o que via enquanto dormia não o permitia descansar ou sequer ficar bem.

Seu corpinho estava fraco de tão pouco descansar e a mente turbulenta e farta do barulho dos celulares tocando a todo momento.

Vendo a situação do pequeno, todos mantiveram seus celulares no modo silencioso para evitar o desconforto dele. E de fato ajudava, mas não resolvia.

A tormenta continuava, a cabeça latejava em desespero e não aguentava mais não conseguir regressar e finalmente se sentir seguro. Ele não conseguia, ele apenas não conseguia deixar seu lado vulnerável aparecer.

Mas a momentos em que não se pode evitar o inevitável. Era preciso que acontecesse. E assim se veio a ocorrer.

O choro preenchia o quarto ao se ver sozinho naquela manhã, e a dor em seu coraçãozinho fazia sua mente repetir que não o amavam mais e tinham partido.

As bochechas rubras brilhavam com as lágrimas que ainda rolavam, mas o barulho do choro cessou com a chupeta contra os lábios e um abraço que o trouxe para a segurança, longe de tudo que poderia o machucar.

– Calma, eu estou aqui... – Changbin sussurrou, balançando o garotinho em seus braços.

Com a voz calma de quem amava tanto, permitiu-se respirar fundo, fechar os olhinhos encharcados e esconder o rosto no tecido quentinho de lã que envolvia o rapaz que o segurava.

O conforto era tanto que sua mente pode desligar por uns instantes, esquecendo-se de tudo. E agora as únicas coisas que sabia era que queria continuar ali, no colo, ter uma mamadeira em sua boca e cheirinhos reconfortantes enquanto ficava abraçado com seu amado.

Mas estava tão neném... que sequer pode descrever em palavras.

Apenas se aquietou, aproveitando o momento e esquecendo-se do que queria. Já era mais que perfeito de estar sendo ninado, junto a alguns de seus ursinhos que o mesmo agarrou em si.

Os minutos se passaram e o pequeno voltou a dormir, acolhido no mundo dos sonhos...

Mesmo vendo os olhos fechados, o rostinho rosado e o corpo relaxado, Chang não quis deixá-lo ali. Continuou segurando o pequeno nos braços enquanto pensava no quanto amava aquele menino.

Lembrava-se de quando o conheceu. De amarrar seu cadarço e o ver com as bochechas rubras depois de beijar Hyunjin.

Lembrou de quando seu pequenino pulou em seus braços pedindo por colo.

Ele não sabia como dizer aquilo mas... ele o amava. Amava tão intensamente quanto amava Hyunjin.

E o mais alto também não saia dessa linha de pensamento.

Hyunjin olhava para as costas largas de Changbin na cama, com as pernas cruzadas e o garotinho nos braços, balançando o mesmo sabendo que já dormia.

E ao olhar para aquela cena, decidiu algo que simplesmente já estava decidido desde muito cedo.

Ele faria qualquer coisa por aqueles dois. Viajaria o mundo para encontrá-los e entregaria sua vida para salvá-los.

Ele apenas os amava mais que a si próprio.

Dizem que não se pode amar alguém sem antes amar a si mesmo... mas amar os dois só o fez perceber o quanto era especial por tê-los, e assim ele aprendia a se amar cada vez mais conforme os dias se passavam.

A caminhada era cansativa. Mas valia a pena.

Eles valiam a pena.

E os três fariam de tudo para nunca mais estarem longe um do outro novamente.

° ° °

As lembranças da infância sempre vem da forma mais inesperada, incompreensível e incrível possível.

Felix enxergava com os próprios olhos da mente aquele garotinho magrinho e indefeso.

Ele andava olhando para os pés, analisando os pequenos raminhos nascendo por entre os tijolinhos no chão.

O resto das crianças brincava nos brinquedos, os pais os esperavam no fim do escorregador e os empurravam no balanço.

E ele ali, mexendo nos ramos verdes e caçando pequenos insetos pelo parque inteiro, esperando o quanto pudesse para que fosse para casa.

Os braços chegavam a tremer ao olhar novamente para aquela porta sabendo que deveria entrar naquela casa.

Mas os lábios atuais sorriam ao perceber do que tinha se livrado.

Se livrou de uma vida triste, uma sem sentido, e escolheu para si a possibilidade de algo bom.

E agora, com os braços numa espessura mais saudável para seu corpinho, ele abraçava desesperadamente os dois mais velhos, na alegria de os ter ali.

Era realmente importante para si. Aqueles dois são e sempre serão...

— O que foi meu anjo? — Hyunjin riu, achando fofo o pequeno apertá-los com tanta força e carinho.

Demorou até que respondesse, mas as mãos carinhosas em seus cabelos o deixaram mais a vontade e alegrinho.

— Eu nunca gostei de ir no parquinho...

— Então por que quis vir aqui? — Chang perguntou, curioso e incerto.

— Porque antes significava que eu teria que esperar aqui para voltar para casa... mas agora eu vim por que minha casa são vocês — sorriu, envergonhado e animado.

As mãos dos três se enfim se entrelaçam de uma forma engraçada, realmente bagunçada. Mas perfeita para suas imperfeições.

— Vá brincar, passarinho — Bin falou — Estaremos aqui o tempo todo.

Os olhinhos se fecharam ao sorrir e os dentinhos levemente tortos brilhavam contra o sol de fim de dia.

— Me empurra no balanço? — os puxou.

Um o balançava, depois o outro ajudava a descer no escorregador, se pendurar nos lugares mais altos e até brincar na gangorra.

As risadas mal podiam ser ouvidas, mas eram muito apreciadas por eles mesmos.

O parque esvaziou quando a chuva começou a aparecer, os chuviscos vindo como aviso e as nuvens completando o cenário perfeito.

Aquele momento não poderia ser melhor.

Brincar na chuva era renovador.

As gotinhas pulavam, a terra virava lama enquanto um cheirinho divino vindo das folhas por conta da água atravessava os quarteirões e agradava todos os olfatos.

As roupas encharcadas mal ganharam tamanha importância quando os sorrisos contagiaram os ouvidos e vista dos meninos.

Depois de brincar até se acabar na chuva, os três corriam pelas ruas, andavam no meio-fio da rua e rodopiavam nas placas espalhadas.

O caminho para casa não podia ter fluido melhor. A calma nos corações trazia paz às mentes cansadas e amadoras.

Os três porquinhos juntaram-se na porta de casa, esquentando uns aos outros para enfim entrarem na casa de tijolos, onde estaria perfeitamente quentinho para seus corações.

Um banho quente serviu bem, permitindo que os três enchessem a banheira com água quente e bolhas para juntarem-se.

Sem malícias, sem outras intenções. Apenas um momento perfeito para ser lembrado.

O vapor quentinho os aquecendo, depois os suéteres fofos e grossos para os esquentar e os vários filmes assistidos naquela noite, junto a muito chocolate quente, fez com que os três se esquecessem de tudo, menos um do outro.

E por milésimos de segundos, um pensamento intrusivo passou deslizando pela mente de Hyunjin. Suas pálpebras piscam e sua mente tilinta enquanto sua boca se abria com rapidez.

— Que tal nos mudarmos?

(づ。‿。)づѕтααα

𝐫𝐚𝐢𝐧𝐛𝐨𝐰𝐬 ♥ 𝐜𝐡𝐚𝐧𝐠𝐡𝐲𝐮𝐧𝐥𝐢𝐱Onde histórias criam vida. Descubra agora