Isso São Aparências?

241 11 2
                                    


Sakura Haruno, uma bela e jovem mulher, agora com quase trinta anos de idade, havia deixado sua carreira de arquitetura logo após o casamento com Sasuke. Ele não permitiu que sua senhora, agora Uchiha, continuasse tendo independência financeira depois do enlace matrimonial.

Naquela noite, como em tantas outras, eles estavam sentados em cadeiras confortáveis em um dos restaurantes mais caros da cidade. Era corriqueiro ver o casal abastado circulando por lugares badalados de São Paulo ostentando sua riqueza e mantendo ótimas aparências no casamento de 8 anos.

— Sasuke, não estou me sentindo bem, será que podemos ir? — pediu ela, com voz baixa.

— Claro que não. Está muito agradável aqui, vamos ficar mais — disse, rispidamente.

Sakura levantou discretamente a mão e chamou o maitre pedindo por mais uma garrafa de vinho.

— Você vai tomar essa garrafa sozinha, sua bêbada — disse Sasuke em tom de crítica à mulher, ao vê-la querendo beber mais. — Eu não vou mais beber. Para mim, duas taças são mais do que suficientes.

Quem olhava para o casal e via a cena de um homem elegante e sua mulher, discreta e refinada, sentados à mesa e conversando baixinho, imaginava ser um casal normal, mas por trás daquela normalidade havia uma mulher acuada, humilhada e dependente.

Sasuke pegou seu celular e telefonou para alguém:

— Oi — disse seco —, amanhã preciso estar cedo no escritório, deixa preparado pra mim aquele memorando. Ah, e desmarca a reunião das dez.

Enquanto ele conversava por um bom tempo com a pessoa do outro lado da linha sobre negócios, Sakura engoliu o vinho como quem engole um amargo fel. Seu coração doía ao perceber o quanto era infeliz e o quanto sua vida era vazia.

Ela se sentiu tonta, estava realmente embriagada. Beber um pouco além da conta tinha sido a maneira que havia encontrado para suportar passar algumas horas na companhia de Sasuke, que não parecia mais o mesmo homem por quem se apaixonara um dia. Queria ir embora e não podia, não tinha nem ao menos o direito de ir e vir, um direito básico.

Ela ficou observando sua taça de vinho, a cor púrpura e transparente a fez se desconectar da realidade, os olhos embaçaram um pouco e então ela levantou o olhar para o homem à sua frente. Como ela podia amar semelhante criatura que a fazia tão mal?

— Está bem! Não aguento mais essa sua cara mal-humorada — disse pra ela ao desligar o telefone. — Vamos embora.

Ele levantou bruscamente sem esperar pela mulher e partiu para a saída, parando somente para pagar pelo serviço. Sakura se ajeitou rapidamente, passando a mão pela saia reta, que ia até a altura dos joelhos e foi atrás, meio atordoada, quase correndo para alcançar o homem de passos largos.

O clima era tenso, como sempre. Eles mal conversavam. O manobrista trouxe o carro, eles entraram e Sasuke partiu acelerando.

As ruas iluminadas da cidade grande eram o que Sakura tentava olhar, apesar de que em sua cabeça, outros pensamentos a dominavam. Estava cada vez mais descontente e densamente comprimida por sentimentos angustiantes.

Quebrando o silêncio incômodo, Sasuke disse, enfurecido: — Toda a vez que a gente sai você fica com essa tromba! Qual o seu problema, Sakura? — O tom de voz saiu elevado.

— Não precisa gritar comigo — disse Sakura, quase sussurrando. Ela sempre se anulava na tentativa de não irritá-lo ainda mais.

— EU NÃO TÔ GRITANDO PORRA! — Bateu a mão no volante com fúria e aumentou a velocidade do carro.

Isso é Amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora