Isso é a Verdade.

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Sakura olhou no relógio pela décima vez, Sasuke estava atrasado. Pensou na terrível possibilidade do ex-marido desistir de encontrá-la.

Será que levaria um cano?

Sua cabeça estava a mil, os pensamentos velozes a faziam tremelicar um pouco enquanto bebericava a segunda xícara de café. Olhava para os lados e, temerosa, pensava em como falaria com ele o que havia se proposto a falar: a verdade.

Começou a sentir uma tontura estranha, era sem dúvida nervosismo.

Sakura havia se preparado para esse momento como um réu que se prepara para uma sessão no tribunal, onde os advogados e juiz darão sua sentença, condenando-a ou absolvendo-a.

Ela tinha certeza de que Sasuke a condenaria, iria odiá-la para sempre e, por isso, ela havia escolhido um lugar público para conversarem, pois assim se sentiria segura no momento em que o homem começasse a surtar.

— Que droga, Sakura — murmurou, pensando no quanto não confiava nele. Somente caiu em si nesse momento, como ela poderia conjecturar ainda ter algum sentimento por ele se, no fundo, o achava o mesmo de antes?

Seu celular recebeu uma notificação, ela viu o momento em que a mensagem entrou.

Desconhecido: "Estou chegando".

Sorriu.

Ao saber que ele estava chegando seu coração acelerou, sentiu, mesmo sentada, que suas pernas falsearam.

Não demorou para Sasuke entrar na cafeteria. Sakura o viu aparecer em seus trajes escuros, sempre tão elegante, os cabelos caíam sobre um dos olhos, ele andou em sua direção, tão perfeito, tão confiante e decidido. Ele também sorria, charmoso.

— Oi, Sakura. Obrigado por sua paciência em me esperar, tive um pequeno imprevisto.

— Imagina, tudo bem — disse, com os olhos brilhantes ao observá-lo.

— Você vai mesmo embora hoje? — perguntou enquanto puxava uma cadeira para sentar.

— Sim, vou.

— Eu... Eu fico feliz que você tenha se importado em me ver antes de ir — disse ele. Num movimento sutil, segurou as mãos de Sakura que estavam sobre a mesa. — Eu poderia pedir para você não ir, mas sei que isso é um despropósito.

— Sasuke.

— Escute, Sakura, não quero perder tempo, preciso que me ouça. — Sakura sentiu o quanto ele apertava suas mãos de forma ansiosa.

Era nítido que Sasuke se irritava e torturava a si próprio, queria falar para ela tudo o que estava preso em sua garganta, todas as antigas e dolorosas questões que lhe torturavam o coração.

— Eu estou aqui, Sasuke.

— Eu sei, eu sei... Sakura, eu imagino como seja difícil, eu sei que ninguém confia em mim, os seus amigos, eles não são meus amigos, eu até os encontrei algumas vezes esporadicamente no tempo em que você estava no exterior, mas não são meus amigos. A Temari, o Shikamaru, eles são gente boa, mas não confiam em mim.

— Sasuke, se eu estou aqui é porque—

— Não! — de súbito, interrompeu ele, frenético. — Sei que devo aceitar o meu destino, esquecer você de uma vez por todas e abafar tudo dentro de mim, rejeitar toda a minha esperança de um dia ainda poder viver e amar! — disse, com o coração dilacerado.

Sakura ficou assustada, espantada. Olhou rápido ao redor para ver se alguém prestava atenção àquela conversa, mas ninguém se importava, todos mantinham suas atenções focadas em seus próprios assuntos, à tv ou ao celular.

Isso é Amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora