Novos Tempos, Novos Lugares, Novas Pessoas.

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Dois anos depois:

Os passos rápidos atravessaram a rua quase correndo, os saltos altos atrapalhavam um pouco, mas ao olhar no relógio dourado no pulso esquerdo, percebeu que se não corresse, se atrasaria. Ela pegou o celular e atendeu apressada:

— Sim, já estou quase no museu, não se preocupe, estarei aí em 5 minutos para a reunião. — Seu francês era bom apesar do sotaque carregado, mesmo dois anos depois ainda era difícil pronunciar aquele idioma cheio de biquinhos e "erres" fortes demais para os falantes do português.

Era mês de agosto, o dia estava um pouco encoberto, mas tinha sol. Sakura aproveitava o verão para usar seus vestidos, já que no inverno era impossível. Ela estava com um tubinho clássico azul claro, alças grossas, tecido liso e firme, um pouco acima dos joelhos. Depois que seu curso de artes terminou há um ano, ela começara trabalhar no museu de Belas Artes, no centro de Bruxelas. O lugar era excelente, pois ficava relativamente perto do seu apartamento e tinha muitos restaurantes, cafés e todo o movimento de que ela precisava para se manter ocupada, principalmente nos dias de folga. Tinha sido uma benção aquele trabalho de curadora na parte do museu que abrangia a coleção de arte flamenga, ela amava arte antiga e a amiga de sua mãe a ajudou desde quando ela chegou ao país, facilitando muito as coisas. Encontrou moradia para ela, apresentou pessoas e lugares, até essa oportunidade de trabalho foi a amiga da mãe, que agora era sua amiga também, quem conseguiu, e que ela agarrou com unhas e dentes.

Haveria uma nova exposição de artes dentro de alguns dias, e ela, como curadora, estava trabalhando bastante desde o início do mês.

Ao sair da reunião já era hora do almoço, Sakura passou por dentro do museu para dar uma olhada nas obras, nunca era demais para uma admiradora como ela. Poderia ter saído pela lateral, mas não resistiu aos minutos extras que tinha.

Seus pés caminharam em direção à sua tela preferida, o museu estava bem vazio, então o som do salto batendo devagar no chão era bem audível.

Sakura parou em frente à obra de Vincent Van Gogh, aquela tela mexia profundamente com ela, quando ela olhava para o rosto daquele homem, era como se sentisse o que ele sentia. Ele estava sério, tinha um ar compenetrado, mas tranquilo. Ela, com seus fones de ouvido, relaxou ouvindo uma das músicas francesas que aprendera a gostar e olhava para aquela pintura a óleo.

"Head of a Young peasant in a peaked cap" — falou um homem alto que parou ao seu lado. Apesar de estar de fones, ela pode ouvir, pois a música estava baixa. Ela retirou o fone por educação ao ver que só eles dois estavam ali.

— Ah sim — disse olhando para ele, que mantinha os olhos presos à tela —, uma bela obra, não acha?

O homem se manteve em silêncio por alguns instantes e depois respondeu:

— Sim. — Ele pronunciou com uma voz baixa e confiante, olhando para ela em seguida. Sakura não pode deixar de notar como era bonito aquele homem, estava de terno, camisa com os primeiros botões abertos, sem gravata, os cabelos eram lisos, grossos e estavam espetados como os de um jovem despojado, mas se via que ele era maduro, provavelmente mais velho do que ela pelo menos uns 10 anos.

Sakura sorriu simpática, estendendo a mão ao cavalheiro.

— Muito prazer, sou Sakura, uma das curadoras aqui do museu. — Ele fez uma expressão de surpresa pelo gesto e tirou a mão do bolso, movendo-a de encontro com a dela.

— Ah, muito prazer! — Ele apertou firmemente a mão de Sakura, tinha as mãos grandes e quentes, um pouco ásperas. — Hatake, Kakashi Hatake — ele sorriu. O aperto de mão se desfez e ele colocou novamente a mão no bolso.

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