Eu ando pra dentro do vestiário, com meus passos lentos, estava mais adiantada do que outras meninas do time. Aqui dentro do vestiário as coisas podiam ser mais perigosas do que pareciam, mesmo que elas não fossem homens, elas eram tão baixas quanto eles.
Abro meu armário do vestiário e deixo minha bolsa de ombro ali. Tiro minha camiseta branca e a saia pregueada da cor cinza, esse era o uniforme feminino daqui. Eu não ouso olhar pras outras meninas, mas sinto que todas aos meu redor colocam suas roupas e se cobrem o mais rápido possível depois que eu entrei aqui.
Eu entrei nesse colégio no primeiro ano do ensino médio, mas não tinha esses problemas, então resolvi entrar no time de futebol e ganhei junto lesbofobia e bullying.
Por um lado bom, as meninas ganharam uma reforma em toda a parte dos chuveiros criando cabines ainda mais privadas.Foi então que percebi que não estava na minha terra, não estava no meu lado, e aqui o poder da minha família não valia de nada. Eu não era uma Pan Ku, eu era até mesmo proibida de usar minha bandana aqui, como se ela fosse algum símbolo de nazista.
Mas eu não daria esse gostinho para elas, eu não tomava banho na escola, eu só me vestia aqui pois eram as regras do colégio.
Nos meus fones de ouvido Billie Eilsh tocava, e eu repito uma frase da música, tentando agir alheia aos olhos em mim prontos para gritar e correr para avisar a diretora Lim que estou desejando seus corpos como a pervertida lésbica que sou.
Pra ser sincera, eu não queria jogar com essas meninas, eu as odiava. Mas quando vi que isso fazia total diferença no meu "currículo" como estudante, e que isso reduziu minha mensalidade a 75% quando ganhei a bolsa. Fiquei aliviada.
Minho é meu irmão mais velho, é ele quem paga minhas contas, ele tem uma pequena oficina ao nosso lado, mas a maioria das pessoas o contratam. Nós somos sete em minha família, meus irmãos faziam tudo que podiam pra conseguir o dinheiro do fim do mês.
E sim, nós eramos a gangue que todos falavam. E talvez Baekhyun até vendesse drogas escondido de Minho, aqui no Japão, todas as coisas são vistas como erradas, e isso vai de eu ser Twaianesa até as tatuagens do meu corpo. Aqui eu não era aceita e eu sabia disso, meu tom de pele era mais escuro que os das outras meninas, eu era pobre, eu era do lado Sul, integrante de uma gangue e pra fechar com chave de ouro, lésbica.
-Hey! — Escuto alguém me cumprimentar ao meu lado. Era Jihyo. — Quer?
Ela lança um pacote de salgadinho em minha direção e eu o pego antes de cair ao chão. Eu a olho.
— Que belo café da manhã! — Estendo o salgadinho pra ela. — Obrigada, não posso comer isso na semana.
Minha barriga ronca de fome, mas não posso ter a primeira refeição do dia sendo um salgadinho. Eu bebo a água da garrafa, água era de graça.
— Hum... Então esse é o segredo pra ser a melhor do time? — Eu sorrio e reviro meus olhos. — Vou descobrir seus segredos e contar para todos.
Eu fecho meu armário.
— Vamos, já deve ter começado o treino.
A treinadora não está ali, mas sua assistente está, ela conversa com algumas das meninas. Hoje era sexta, então nosso treinamento se resumia em, aquecimento de chutes e depois um jogo de meia hora. A nossa capitã já estava lá, com aquele rabo de cabelo balançando toda vez que ela corria.
Jihyo segue para o lado esquerdo enquanto eu ia até a fila de chutes. Nossa amizade era assim, somos o tipo de amiga que ficamos juntas e conversamos quando suas amigas não estão por perto.
Nós não nos falamos todos os dias, nem trocamos mensagens ou algo do tipo, mas sou feliz por ela ser minha amiga, isso torna essa escola um pouco mais suportável, Jihyo é uma das pessoas ricas, mas ela não é nada como Minatozaki Sana e seus amigos.
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other§ide
FanfictionEm uma pequena cidade ao sudoeste do Japão, tudo que os jovens do lado Norte querem é aproveitar os últimos momentos frequentando aos clubes mais cobiçados da cidade, viajando e gastando o dinheiro de seus pais com coisas supérfluas. Já o lado Sul b...