PARTE 1 — IMORTALIDADE
|Corações partidos deixam pessoas quebradas;
CABELOS RUIVOS, olhos verdes. Coisas que chamam a atenção quando se tem uma família onde ninguém possui os mesmos traços. E eu até poderia dizer que isso são coisas que me fazem única, mas não gosto muito de clichês, e isso de fato seria um.
No meu mundo não existe tantos clichês, ou contos de fadas onde eu seria facilmente salva por um príncipe em um cavalo branco, pelo contrário. Eu até sonhava com isso quando mais nova, mas quando se cresce você acaba percebendo que a única pessoa que vai te salvar dos seus demônios é você mesma.
Eu me lembro de cada detalhe desde que nasci, coisa que uma pessoa normal não se lembraria. Me lembro da primeira vez que abri os olhos, do rosto da minha mãe ao me ver e o sorriso bobo do meu pai ao me segurar pela primeira vez. Meus primeiros passos ou até mesmo a primeira vez que toquei piano sozinha. Tudo.
Isso até pode parecer complicado para alguns, o que realmente é, mas para mim é muito fácil, tão fácil quanto respirar. É algo normal em meu mundo e quando se tem uma mãe metade Vampira e um pai que se transforma em Lobo, esses pequenos detalhes que tornam você basicamente indestrutível se tornam irrelevantes.
Do meu pai herdei um pouco do jeito, o senso de liderança — eles dizem — mas não me transformo em Lobo. Carlisle me disse que existem possibilidades mas são milhões de fatores que tem que ser inclusos para isso. Já da minha mãe herdei o sorriso cativante que toda a minha família é apaixonada, e a temperatura corporal, somos bem mais frias que meu pai.
Meu lado Vampiro transpareceu mais desde dias de vida, a pele um pouco mais gélida do que a de uma criança normal, a sede por sangue. Mas somente isso apareceu assim que nasci, além de meu dom, a ilusão.
13 anos atrás...
— Winter, volta aqui agora. — meu pai grita ao me ver correr sem blusa pela casa. Os longos cabelos ruivos grudados em meu corpo pelo recente banho.
— Papai, você não me pega! — grito em meio a correria. Gargalhadas saltando de meus lábios a cada passo eu dava para longe de sua feição séria.
— Winter você pode pegar um resfriado. Pare de correr! — um sorriso lhe escapa sem querer enquanto ele corre de maneira desajeitada atrás de mim com medo de me derrubar. — Renésmee para a sua filha!
Meu pai grita para minha mãe que ria da cozinha preparando nosso jantar. Olho para ele rindo de suas caretas para tentar me pegar, e então estou no chão, joelhos ralados e lágrimas nos olhos.
— Eu falei para não correr, floquinho! — meu pai repreende ao me pegar no colo.
Minha mãe aparece na sala preocupada, seu olhar gentil logo me encontra me fazendo chorar ainda mais.
— Jake. — ela murmura para meu pai que me entrega a ela. — Filha, já lhe disse para obedecer seu pai se não essas coisas acontecem, querida. — limpa minhas lágrimas com o polegar e beija minhas bochechas. — Agora vista a blusa e vai lavar as mãos para jantarmos.
Minha mãe me desce de seu colo e me coloca a blusa prendendo meu cabelo úmido em uma trança. Sorrio logo indo para o banheiro lavar as mãos e os joelhos que agora ardiam quase que minimamente. Enquanto abro a torneira com certa dificuldade pela altura, escuto meus pais conversando no andar de baixo.
— Ela é teimosa igual você quando criança. — meu pai diz e minha mãe ri em seguida.
Os dois presos em seu próprio mundo perfeito.
— Não começa, Jacob Black. — ela o responde com um sussurro. Um sussurro que escuto nitidamente daqui.
Volto saltitando para a cozinha, feliz pelo meu novo poder e sorrio para meus pais. Me sento a mesa observando minha mãe servir meu jantar como em todas as noites.
— Eu tenho um novo segredo. — sussurro como se fosse um segredo.
— Tem? — meu pai indaga. As sobrancelhas escuras franzidas ao levar um pouco do puré de batatas a boca. — Conta pro' papai.
Sorrio entusiasmada.
— Eu sou uma bruxa, eu tenho poderes!
Minha mãe para de servir as vagens deixando a colher cair e me olha lívida. Meu pai por outro lado apenas arregala os olhos.
— Tem? — pergunta com cautela. — Que poderes, meu amor?— Eu escutei o que o papai te falou. — expliquei inocente. — Ele me comparou a você.
Silêncio.
— Temos que levar ela até o Carlisle. — meu pai começa a dizer, e então se vira para mim sorrindo tentando sutilmente mudar de assunto. — Vamos visitar o vovô e a vovó, então come tudo!
Dias atuais...
Naquele dia eu descobri que minha parte Vampira estava sendo mais forte e tomando mais partes do meu corpo. O que fez surgir mais “características” da raça em mim. — audição, velocidade e força. — Carlisle fez alguns “testes" e descobriu coisas que não sabíamos e isso foi uma delas: Eu estava mais forte que Bella e Emmett juntos.
Com o passar do tempo fui aprendendo a real história, a controlar meu dom e meu corpo. Mas uma parte de mim sempre teria dúvidas. Dúvidas sobre o que eu realmente era e o que eu poderia fazer.
— Winter. — Jacob chama minha atenção. Os olhos chocolate me encarando, a frieza de um chefe liquidada neles.
— Sim? — o encaro.
Faz tempo que ele não janta em casa, sempre está ocupado na reserva sendo o novo líder da matilha desde que Sam saiu para dar mais atenção a mulher e ao filho recém nascido.
— Amanhã iremos na reserva. Tem tempo que você não vê seu avô e ele está reclamando.
Apenas assenti. Odiava não conseguir impor que estou chateada com ele, e que ele me fazia falta. Sempre acabo cedendo minhas opiniões internas assim que o vejo, tenho medo de magoa-lo, ele é meu herói. Ou apenas era. Então forço um sorriso que não chega ao olhos. Eu sentia falta de Billy, da matilha e da minha vida de antes.
Olho de soslaio para minha mãe que sorria, sei que foi idéia basicamente dela. Depois que meu pai virou o Alfa, ficou mais sério, e tem pouco tempo para mim, inclusive nem pensaria na possibilidade de eu ir lá. Como só posso ir na reserva com a autorização dele acabo vendo pouco o vovô Billy.
— Não sei porquê você sempre tem a mesma reação quando digo que vamos a reserva.
— Você sabe que gosto de lá e que se pudesse frequentaria mais. — rebato. Meu tom saindo mais grosso que o esperado.
Logo me arrependo de ter aberto a boca ao ver minha mãe abaixar os talheres e arregalar os olhos. Droga. Ela estava sempre tentando amenizar os choques entre meu pai e eu.
— Contou a ela sobre o novo integrante da alcateia? — Renésmee pergunta ao meu pai para amenizar a situação.
Ele por outro lado apenas me encara por um tempo antes de começar a falar:
— Tem um novo integrante na alcateia e ele ainda está meio perdido, qualquer cheiro diferente ele se transforma. — murmura sério. — Quero que tenha cuidado e que não saia do meu lado.
Como se ele fosse me proteger.
— Ele é da reserva?
— Não, na verdade não sabemos o porquê dele ter se transformado. Como você já sabe, precisa do gene e esse gene passa a partir das gerações.
Quando completei uma certa idade e comecei a entender as coisas melhor, e comecei a pesquisar sobre meus lados. Meus genes mais precisamente. E como me interessei resolvi me aprofundar estudando muito mais além. Tempo era o que não me faltava.
— Isso é curioso. Carlisle sabe disso?
— Sim. — fica alguns instantes em silêncio pensando em algo mas sem tirar os olhos de mim. — Por que tanta curiosidade por um garoto desconhecido?
Talvez pelo tédio dos dias monótonos de Forks?
— Não sei. — respondo simples. — Acho interessante essas coisas de genes, você sabe.
— É, eu sei. — balbuceia sem o mínimo humor na voz. — Tem certeza?
Por que de uma hora para outra essa conversa ficou mais estranha?
— Sim pai, eu tenho certeza. — faço careta sem querer prolongar o assunto. Eu queria ir para o meu quarto. — Por que não teria certeza, hm?
— Tudo bem! Chega desse assunto. — minha mãe se mete me fazendo suspirar aliviada. — Contou ao seu pai que prendeu Emmett por quatro horas em uma ilusão?
Como se ele quisesse saber algo sobre mim...
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𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝𝐦𝐨𝐨𝐧
General Fiction"O que adianta ter a imortalidade e não ver sentido em viver?" Como dizem: O amor pode curar tudo. Mas será que é realmente verdade? Nunca sabemos quem realmente as pessoas são, muito menos o que carregam no peito. O que realmente sabemos é que o ó...