Suna havia aceitado o pedido de Kiyoomi para ir ao apartamento mas já estava completamente arrependido. Aquela havia sido mais uma das semanas mais difíceis de sua vida e ele estava no limite da paciência quando Kiyoomi acendeu duas velas e começou a explicar suas ideias malucas.
"A vela azul é sim, a vermelha é não." Ele acendeu ambas, a casa estava toda fechada. "Atsumu consegue manipular um pouco o ar e vai usar isso para responder as perguntas que tiver para ele, você pode escrevê-las neste caderno." Ele apontou para o caderno e lápis que estavam perto das velas em cima do que restou da mesa de centro da sala. "Você, claro, não vai me mostrar. Sugiro testar isso um pouco e quando se der por satisfeito, pode me fazer qualquer pergunta elaborada que apenas ele saiba responder."
Suna queria rir. "Então o Tsumu está aqui, agora?"
Kiyoomi meneou a cabeça em afirmação completamente sério. "Sim, ele está sentado no encosto do sofá atrás de você."
Parecia uma grande lorota mas bem, ele havia pedido por provas de que um fantasma existia. Não sabia o que esperar que fosse diferente disso. Ele coçou os olhos e preferiu começar pelas perguntas detalhadas.
"Quero que me conte qual foi o prato que o Tsumu fez aqui, nessa cozinha e que explodiu criando aquela mancha na parede."
Atsu começou a rir e soprou a resposta para Kiyoomi.
"Foi tonkatsu. Ele errou o ponto do óleo, deixou ferver demais e jogou a carne ainda congelada. Ele tem uma cicatriz no cotovelo esquerdo por causa disso."
O sorriso convencido de Suna morreu e ele sentiu um calafrio. Aquilo era muito específico e uma das coisas das quais Atsumu mais tinha vergonha na vida. Ele usou uma faixa no braço por dias para que ninguém visse a queimadura e o fizesse explicar o quanto era desastrado na cozinha.
Mesmo assim ele não estava totalmente satisfeito. Pegou o caderno e escreveu, perguntando se Atsumu conseguia ver e se comunicar com Osamu. Quando a vela vermelha apagou ele segurou o ar e suspirou, seu coração errando uma batida. "Ok, quero que me explique essa última pergunta."
Atsu não sabia se tinha entendido direito, então tentou explicar e Kiyoomi repetiu cada palavra.
"Ele não consegue ver ou falar com Osamu provavelmente porque estão em planos diferentes. Mas ele não sabe explicar. Não há um guia, luz ou qualquer coisa que o ajude com essas dúvidas." Kiyoomi terminou a frase e reacendeu a vela vermelha.
Ainda era difícil acreditar. "Qual foi o nome do animal de estimação mais estranho que você e o Osamu tiveram? E que bicho era?"
Kiyoomi respondeu tentando segurar uma risada. "O nome era Xuxu, foi um pato da asa quebrada que vivia arrumando briga com as galinhas. Eles tinham uns 6 anos."
O queixo de Suna caiu. Ele testou mais algumas perguntas e estava em pânico. A ideia de que Atsumu estava ali se comunicando com ele era igualmente assustadora, inacreditável e de alguma maneira, uma sorte imensa. Ele não queria começar a chorar de novo e felizmente as respostas eram sempre acompanhadas do tom dele, aquele jeito bobo de falar inconfundível que de alguma maneira, Sakusa Kiyoomi conseguia reproduzir.
"Ok, estou convencido." Ele jogou as mãos para o alto. "Eu não sei como ou porque você é capaz de vê-lo, Sakusa mas eu não... eu não tenho mais argumentos lógicos para duvidar."
Kiyoomi adoraria sorrir convencido para ele mas não era um bom momento. Haviam coisas muito sérias que precisavam ser discutidas. Atsu meneou a cabeça em afirmação para ele.
"Durante a tarde, Atsumu me pediu para ajudá-lo a escrever algo para você." Ele entregou a carta. "Tem a assinatura dele no final. Ele consegue manipular em algum nível correntes elétricas, então é... eu enfiei a mão molhada em um fio de amperagem baixa e ele usou a eletricidade conduzida para manipular a minha mão." Tinha sido um plano horrível que deu errado inúmeras vezes. Eles tentaram eletrizar apenas a caneta diversas vezes sem sucesso e os dedos de Kiyoomi ainda estavam queimados. Atsu era péssimo quando se tratava de provar que estava vivo ou assombrar algo mais do que velas.
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[SakuAtsu] Euforia de Primavera
Fiksi Penggemar[COMPLETA] Havia um fantasma em sua cozinha e isso não o assustava mais. Ele convivia com esse incômodo por meses e já havia aprendido que exorcismo, reza, simpatias e até mesmo terapia não poderiam livrá-lo da assombração que rondava o apartamento...