POPPY
A adrenalina de pensar que era a feiticeira atrás de nós começou a cessar depois de alguns minutos de conversa com o senhor a nossa frente
— Por que demoraram tanto para aparecer? — Ele pergunta direcionando seu olhar para cada um de nós
— Nos desculpe, pensávamos que se tratava da feiticeira — Pedro diz e nós concordamos com a cabeça
— Em minha defesa eu uso esse meio de transporte a mais tempo do que a feiticeira branca — Eu e Lúcia soltamos uma risada baixa e ele sorri para nós — Bom mas vamos ao que interessa, os presentes!
— Mas nem é natal — Susana diz se afastando um pouco
— Eu pensei que não pudesse ter natal aqui — Falo me lembrando do que o Sr. Tumnus nos contou quando eu vim com Lúcia. Ele deixa o saco de brinquedos de lado e olha para nós
— Realmente.. Não podia — Ele dá um sorriso parecendo se lembrar de algo — Mas vocês mudaram isso, agora que chegaram o poder da feiticeira está ficando mais fraco e ela já não tem tanta influencia sobre nárnia igual a antes — Diz e se vira novamente ao saco de presentes — Sr. e Sra. Castor o presente de vocês foi deixado em vossa casa e foi escolhido pelo próprio Aslam em agradecimento a ajuda que vocês estão lhe dando — Os castores sorriem e se abraçam agradecidos
— Isso é tão louco, logicamente isso tudo seria impossível — Susana sussurra próximo ao meu ouvido e eu solto uma risada leve concordando com ela. Nem sempre fui a pessoa mais racional do mundo mas se parar pra pensar muito isso tudo é uma grande loucura
— Susana, filha de Eva. Estes são para você! — Ele a entrega um arco, uma aljava cheia de flechas e uma trompa feita de marfim. Ambas com detalhes em vermelho e dourado, e com um leão visível. Isso com certeza havia sido proposital — Só o use em caso de grande risco, não quero que você tome parte ativa na luta. São raras as vezes em que falhará o alvo — Ele diz sobre o arco e flecha. Mas por que ela não entraria na luta? Ela é a rainha — Quanto a trompa tudo que precisa fazer é levá-la até os lábios e assoprar, o auxílio lhe virá de algum lugar!
A mesma apenas assentiu em um completo silencio, sorrindo enquanto admirava as coisas que ganhara
— Lúcia, filha de Eva — A mais nova da alguns passos em sua direção e ele se abaixa para ficar na mesma altura que ela. Estende para mesma um pequeno frasco de vidro e um punhal de tamanho médio, os dois na cor vermelha e com detalhes de leão nas pontas — Neste frasco contem um antidoto feito do suco de uma flor de fogo que cresce nas montanhas do sol, ele te ajudará a cuidar daqueles que necessitam da sua ajuda. O punhal é para usar somente em caso de extrema necessidade. Você também não deve entrar nesta batalha
— Por que não senhor? — Lucia pergunta curiosa, eu também estava e tenho certeza que minha feição transparecia isso — Acho que.. Não sei.. mas acredito ser capaz de não temer a luta — Então ela impõe o punhal e ele abaixa o mesmo lentamente sorrindo para ela
— Acredito muito que sim — Ele se levanta — Mas o problema não é esse, batalhas são lutas feias e ficam mais ainda quando as mulheres tomam parte delas
— Mas a Poppy irá lutar.. Não é perigoso para ela também? — Ela pergunta e eu olho para ele, e sinto que meus olhos agora transpareciam todo o pavor que eu estava sentindo no momento
— Será perigoso, mas ela não estará lá sozinha — Ele intercala seu olhar entre mim e Pedro e nós dois sorrimos um para o outro tentando passar algum tipo de segurança — E infelizmente nós não temos escolhas, ela é necessária nessa batalha, mas se eu pudesse também a impediria de participar
— Eu agradeço a sua preocupação senhor.. de verdade — Sorrio pra ele, sem mostrar os dentes e continuo — Mas acredito que poderei dar conta, não precisa se preocupar
— Eu acredito nisso! — Ele vai até o saco mais uma vez e tira de lá uma espada, com detalhes na bainha. O mesmo tom de vermelho que o arco da Susana e os mesmos detalhes de leão estavam desenhados nela. Havia também um punhal um pouco maior que o de Lúcia ao lado da espada na sua mão, ele continha os mesmos detalhes que a espada. Na outra mão uma caixinha pequena, ela era de madeira e suas laterais pintadas de vermelho também. O puxador da caixa era um leão dourado. — Por isso estou lhe entregando essa espada, pois na lamina dela estará o sangue daqueles que traíram Aslam e o destino daqueles que vivem nos bosques e em toda nárnia. Ela os protegerá até seu último dia — Me entrega a mesma e eu a puxo de sua bainha vislumbrando uma lamina também detalhada só que com escritas nela
— O que está escrito? — Pergunto curiosa e guardo-a de volta
— "Através desta lamina saberão que eu sou a sua guardiã e que serei fiel e os protegerei até os meus últimos dias" — Respiro fundo.. Era um cargo com um peso muito grande, receio não conseguir o cumprir e decepcionar aqueles que confiam em mim. Então ele me estende a pequena caixa de madeira, eu a seguro abrindo logo em seguida. Dentro dela havia um colar prata em formato de lua crescente, exatamente como estava no dia em que nasci, continha uns desenhos de espiral nela e no meio da lua tinha uma pedra branca presa em uma espécie de protetor. Era lindo! — Este colar contem o poder de lhe dizer quando algo está errado no bosque e também contem o sopro do imperador de além-mar. Ele sempre estará com você lhe auxiliando em cada caminhada sua — Faço uma careta confusa, nunca havia escutado sobre ele
— Obrigada! — Agradeço a ele e a Pedro que havia se disponibilizado para colocar o colar em meu pescoço. Sinto um arrepio novo ao seus dedos tocarem a parte de trás do meu pescoço e ele parece perceber pois se afasta envergonhado
— Agora, o último.. Grande Rei Pedro, filho de adão! — Pedro se aproxima dele e aquele momento parece muito com os livros que eu li, era tão emocionante que não consigo não sorrir com isso. O sr. Castor não estava muito diferente, e seu olhar parecia estar tão aliviado, como se depois de tanto tempo esperando ele finalmente teria paz junto à Sra. castor — Isso são ferramentas, não brinquedos. Talvez o dia de usá-las não esteja longe. Mas lembre-se: Com honra, sempre!
Ele lhe entregou uma espada e um escudo. O escudo era todo de prata, com linhas de ouro contornando-o, havia um leão vermelho rugindo no centro. Sua espada tinha um punho vermelho, com um leão dourado também. Assim como eu, ele havia recebido uma bainha para a espada, cinto e outras coisas essenciais para uma luta
— O exército de vocês os ensinarão tudo que precisam saber para usá-las — Ele diz se referindo as espadas e nós assentimos — Bem.. agora é a hora em que eu os deixo — Ele arruma o saco em seu trenó e logo entra no mesmo — Quando você some por centenas de anos o trabalho acumula, e eu ainda tenho muitos presentes para entregar antes que o gelo derreta de vez! Boa sorte! Nárnia conta com vocês — E então ele some no meio da neve nos deixando para trás
— Agora nós não temos escolha Pedro, você ouviu o que ele disse, nárnia toda esta contando com a gente — Ele não diz mais nada, apenas se cala. Tenho certeza de que ainda não havia tirado a ideia de ir embora da cabeça
— Espera um minuto.. — Susana chama a nossa atenção — Ele disse "antes que o gelo derreta de vez"?
E só então parecemos nos dar conta do que estava acontecendo... Nós ainda precisávamos atravessar a cachoeira até a mesa de Pedra
— Por Aslam! — Diz o Sr. Castor — Nós temos que correr se quisermos atravessar
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A Guardiã | As Crônicas De Nárnia
FantasíaDurante a segunda guerra mundial, Poppy é mandada para a casa de seu tio Digory por seus pais, pois pensaram que só assim ela ficaria mais segura e longe da guerra. Mas ao chegar lá ela conhece os irmãos Pevensie e reencontra Nárnia, a mesma Nárnia...