14. Meu parceiro é um anjo

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Fluke acordou sentindo uma terrível dor de cabeça e uma inexplicável dor de estômago. Ele estava se sentindo desequilibrado e tonto, quase como depois de um passeio de montanha-russa, mas sem a parte divertida, apenas uma sensação terrível vindo de dentro para fora. Demorou muito, mas ele conseguiu abrir os olhos. Mas não ajudou.

Ele estava em um quarto completamente escuro, sem nenhuma fonte de luz natural ou artificial. Mesmo assim, ele era capaz de verificar seu corpo e parecia estar bem, com roupas novas e tudo mais. O que era no mínimo estranho, já que ele claramente se lembrava de ter sido espancado várias vezes por S. Ele ouviu um gemido baixo vindo de sua direita.

Fluke estreitou os olhos e lentamente a figura ao seu lado tornou-se mais do que uma silhueta difusa. Era Ohm. Seu Ohm.

"Você está vivo! Não acredito que funcionou! Estou tão feliz!", o pequeno demônio pulou no colo de seu amado mundano, cobrindo-o de beijos e nunca afrouxando seu abraço apertado, que foi correspondido sem esforço.

"Ei, amor! Fico feliz em ver que você também está bem!", Ohm disse, beijando sua testa, com a voz um pouco trêmula. Ele estava com medo de piscar e perceber que tudo era apenas um sonho. Ele tinha visto o corpo sem vida de Fluke diante de seus olhos alguns minutos atrás... ou pelo menos ele pensou que foram apenas alguns minutos.

"O que diabos aconteceu, Fluke?! Onde estamos agora?!", ele perguntou, levantando-se e levando o parceiro consigo.

"Também não sei…", ia dizer o outro, quando ambos se assustaram com uma mudança repentina na sala.

Imagens estranhas começaram a aparecer nas paredes do lugar em que estavam. Pareciam o trailer de um filme, mas não conseguiam ouvir nenhum som proveniente dos vídeos em exibição ininterrupta.

Um deles chamou a atenção de Fluke. Estava mostrando um estudante universitário conversando com outro, provavelmente um veterano e um calouro, a julgar pela aparência. Mas quando ele olhou de perto, ficou claro que seus rostos estavam trocados nos corpos daqueles estranhos. Ele não se lembrava de ter vivido aquela situação, mas podia ver Ohm e ele conversando e a curiosidade o fez alcançar a imagem com a mão.

Para sua surpresa, quando Fluke tocou a bochecha de Ohm na imagem da parede, de repente ele foi capaz de ouvir a conversa dos alunos.

"Nong Pharm, como vai? Já tomou o café da manhã?", o choque trazido pela novidade de tão marcante experiência o fez retirar a mão. Ele estava completamente desorientado, o mais alto tinha acabado de chamar aquele que ele pensava ser ele de "Pharm" e isso tornava tudo mais confuso. Ele tocou o vídeo novamente, determinado a reunir o máximo de informações possível.

"Sim, P'Dean! E você?", perguntou o que se chamava Pharm com um sorriso brilhante e bochechas coradas.

Eles eram iguais, mas diferentes ao mesmo tempo. Sua mente simplesmente não conseguia conectar os pontos e Ohm estava prestes a entrar em combustão de preocupação assistindo a tudo isso. O detetive então tocou a imagem na parede e ouviu os jovens rindo baixinho.

"Fluke, o que é isso?", ele sussurrou, com muito medo da resposta.

"Querem saber como isso é possível?", uma voz chamou atrás deles.

A repentina percepção de que o quarto escuro poderia ser ocupado por alguém além deles atingiu Fluke, pegando-o desprevenido. Ainda assim, ele foi rápido para recuperar a calma, mas nada poderia prepará-lo para enfrentar o que estava diante deles.

"Quem…?", ele se virou para perguntar, mas foi confrontado por um longo focinho de cervo. "Que diabos?!", ele deu um pulo para trás assustado.

Havia dois cervos. Dois animais grandes com caudas pequenas, pernas delgadas, chifres e tudo mais. Ao mesmo tempo, pareciam cervos normais, eram completamente diferentes porque -- além do fato de um deles ter acabado de falar em linguagem humana --, seus olhos mostravam um indício de consciência.

Meu parceiro é um demônioOnde histórias criam vida. Descubra agora