07. (Não é) Sobre ketchup

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"... e um hambúrguer com queijo extra, por favor! Ah e muito ketchup também!", Fluke repassou o pedido para a garçonete que os aguardava.

"Mas você não gosta de ketchup!", Ohm comentou do nada.

Não era sua intenção expressar seus pensamentos, apenas fluiu para sua garganta e saiu de sua boca sem permissão. Eles não se conheciam há muito tempo, mas uma longa discussão sobre como é ultrajante colocar ketchup na pizza fez Ohm presumir que Fluke não gostava do molho.

"Não, tá tudo bem! Eu gosto com hambúrguer e batatas fritas!", Fluke explicou como se não fosse grande coisa.

E não deveria ser, certo? E se ele gosta de comer ketchup com hambúrguer e despreza na pizza? Era apenas mais uma coisa a acrescentar à longa lista de coisas que o mundano não sabia sobre o demônio. Aparentemente, ele nunca entenderia aquela criatura. A propósito, ele deveria tentar fazer isso? Muitas perguntas estavam tornando difícil para o mundano respirar.

Ohm deixou escapar um suspiro.

"Tá tudo bem?", Fluke perguntou com a testa franzida ao perceber que o detetive parecia um pouco irritado.

Enquanto os dois homens se afogam em completo silêncio, um olhando para a vista da janela e o outro olhando para o primeiro tentando descobrir as respostas para seu comportamento estranho, a garçonete pigarreou e disse:

"Ok, anotado! Mais alguma coisa?", a garota perguntou rapidamente olhando para a página do caderno cheia de nomes de alimentos e de volta para os clientes que não pareciam capazes de comer tudo de uma só vez e ficar bem, mas eles insistiram que não era um pedido para levar, eles comeriam lá na lanchonete mesmo.

"Vou embora primeiro. Fique o quanto quiser.", Ohm disse simplesmente se levantando e saindo da lanchonete sem esperar pela resposta de Fluke.

O demônio rapidamente mudou seu pedido para um simples café e rosquinha para que pudesse seguir o detetive. Ele não entendia muito bem o que diabos tinha acontecido lá atrás, mas estava claro que o mundano estava mal humorado e ele o conhecia muito bem para saber que não seria bom para ele adicionar mais combustível nisso.

Como o detetive não estava andando muito rápido, meio perdido em seus próprios pensamentos, não foi difícil para o demônio alcançá-lo. Era só atravessar a rua e então... uma buzina alta foi ouvida, um motorista gritando para o pedestre prestar atenção em seu caminho e várias testemunhas ofegando ruidosamente no local.

A comoção fez Ohm saltar de sua terra de devaneios e ele se virou para ver o que havia acontecido. Não para sua surpresa, um carro quase atropelou Fluke quando ele tentou atravessar a rua distraído enquanto mastigava sua comida.

"O que diabos você está fazendo?", ele perguntou preocupado após fechar a grande distância entre eles com apenas alguns passos.

"Eu só estava…", Fluke tentou dizer, mas foi interrompido pelo motorista que gritava e xingava.

"Sinto muito, senhor! Tenha um bom dia!", Ohm deu um sorriso falso para o homem e então agarrou o café de Fluke com uma das mãos e segurou a mão dele com a outra.

Eles caminharam algumas ruas antes que Fluke tivesse coragem suficiente para dizer qualquer coisa, porque ele podia ver claramente o vapor saindo da cabeça do mundano.

"Estou bem, pode me soltar agora…", ele sussurrou, meio que torcendo para que o homem não o escutasse. Para sua surpresa, até seu tom baixo foi capturado pelos ouvidos do outro.

"Não é problema meu!", Ohm disse e só então percebeu que eles estavam de mãos dadas, quebrando o contato.

"O que diabos aconteceu com você hoje?! Você tá agindo estranho!", Fluke acusou.

Meu parceiro é um demônioOnde histórias criam vida. Descubra agora