Capítulo 23

33 2 2
                                    

Katherine nunca viu Christopher tão atencioso como naquele dia. Foram para a beira de um lago onde as pessoas costumavam se reunir aos fins de semana, compraram várias guloseimas, um encosto bastante confortável para Alice, jogo de tabuleiro...

A menina ria tanto que não conseguia controlar as gargalhadas. Katy flutuava ao vê-la tão feliz. Christopher parecia tão leve e despreocupado, como se a imagem daquele homem irônico, sempre na defensiva tivesse sumido por aquelas horas. Ela desejou que aquele dia durasse um pouco mais.

Depois de tirarem algumas fotos e comerem mais um pouco, Alice já dava sinais de cansaço. Christopher a colocou de volta no carro novamente com cuidado e, quando fechou a porta, Katy o encarava.

"Ela está segura, não se preocupe." Ele sorriu para ela.

"Eu sei que sim." Katy não sorriu, apenas o olhou profundamente agradecida.

Christopher sabia que se continuasse ali, fitando aqueles olhos verdes que ele tanto adorava, ia acabar tomando Katherine para si e não era o momento. Também não sabia como estava a relação dos dois a ponto de fazer o que quisesse com ela. Não era justo com os sentimentos de Katy. Ele mesmo havia dito que não queria nada duradouro.

Deixaram Alice em casa, que já chegou dormindo. Era por volta das 4 da tarde e voltaram para a fazenda. Em breve precisariam voltar para Dallas, pois na segunda-feira trabalhavam.

"Não acredito que você já precisa ir, hija..." Camellia falou, meio chorosa.

"La niña necesita trabajar, por Dios, Camellia!" Sra. Álvarez falou em espanhol, sentada em sua cadeira de balanço.

"Abuelita tem razão, mami. Preciso trabalhar. Mas o casamento está perto, logo estaremos juntos."

"Se quiser vir antes, sabe que estaremos aqui por você, não sabe?" A Sra. Andrews a abraçou longamente.

"Mãe... Eu sei. Anos que moro em Dallas e é sempre a mesma coisa." Katherine riu.

"Não esqueça seu namorado também da próxima vez. Ele é um bom homem. Um pouco pavão, mas um bom homem." A avó de Katy retrucou.

"Abuela, ele não é meu..."

"Ah, é sim."

**********
"Sua família é muito incrível, sério, Katherine. Seu tio Marvin é uma figura." Christopher dirigia sua SUV rumo a Dallas, com Katy ao seu lado.

"O melhor é que você os viu sóbrios e bêbados. A diferença nem foi tão grande." Ela gargalhou.

"Seus pais são muito acolhedores. Sua casa parece realmente uma casa. Fotos de familia, lembranças boas, não me admira você ser extremamente do jeito que você é."

"Exatamente como?"

"Forte. Inteligente. Doce e gentil. Eu não sei explicar. Seus valores são sólidos, mas você não precisa machucar ninguém para se fazer ser ouvida." Ele tentou dizer isso sem olhar para ela, ainda bem que estava dirigindo.

"Mas, em compensação, isso abre as portas para as pessoas pisarem nos meus sentimentos por me acharem compreensiva demais." Katy retrucou, rindo ironicamente.

"Daí você só precisa colocar na sua cabeça que a questão não é sobre você, é canalhice de quem te machucou. Inclusive já fiz isso com você e assumo minha culpa." Ele também riu.

"Por favor, Christopher, pare de me tratar como a 'mulher perfeita'! Você me deu um fora e eu quis te queimar vivo sem ser presa."

"Aaaaaaaaaah, então se algo acontecer comigo, já tenho uma suspeita!!!!" Ele gargalhou alto.

"Palhaço!" Ela riu de volta.

Nesse momento, com a estrada escura, eles não viram que um cavalo tentava atravessar. Em um rápido movimento, Christopher puxou o volante para a direita, invadindo um campo cheio de árvores. Ele desviou dos obstáculos e o carro parou em um barranco, ficando atolado em uma poça de lama.

"QUE MEEEEERDAAAA!" Christopher estava extremamente irritado. Olhou para Katy, que olhava fixamente para frente, sem reação.

"Katherine! Katherine, responda! Você está bem?" Ele tocou suas mãos, que estavam geladas.

"E... Eu.. eu... Acho, acho que sim." Ela respondeu em voz baixa.

"Alguma parte do seu corpo doi? Não minta para mim, me diga a verdade, por favor." Ela conseguia sentir o pânico na voz dele.

"Está tudo bem, eu só me assustei. Meu corpo está bem."

"Fique aqui, eu resolvo, vai dar tudo certo, nós vamos sair daqui, ok? Olhe para mim..." Eles se encararam por instantes e ela o abraçou instintivamente. "Calma, minha violeta, vai dar tudo certo, eu não vou deixar você."

E dizendo isso, desceu do carro.

Mean(t) To Be Onde histórias criam vida. Descubra agora