Capítulo 4

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"Bom dia, Katherine. Preciso que localize os contratos da Jeffords S.A. e da New Wave Society de 2016."

"Bom dia, senhor Norman. Tudo bem, levo em instantes."

"E onde está meu café?"

"O senhor sempre é muito pontual, então eu já estou deixando preparado na sua mesa, alguns minutos antes. Mas não se preocupe, ainda está bem quente."

Christopher nada respondeu. Era verdade que nos últimos tempos ele entrava em sua sala e seu café já estava em sua mesa, delicioso, forte, quente. Ele passou por Katherine e começou a trabalhar. Ultimamente, estava achando estranho alguns resultados de crescimento na Norman. A empresa não estava mais se desenvolvendo de acordo com as suas previsões e ele não conseguia identificar de onde vinha o "erro". Precisava de tempo para verificar tudo com muitos detalhes, nem que para isso virasse madrugadas trabalhando.

Katherine localizou os contratos e levou-os às sala do chefe:

"Com licença, senhor Norman. Os contratos que o senhor pediu estão aqui. Peguei também dos anos seguintes até agora, caso precise também para algum comparativo. Precisa de mais algo?"

"Não, srta. Andrews, pode se retirar. Qualquer ligação, avise para marcar horário. Estarei indisponível nessa sala até às 11h. Não quero ser interrompido em nenhuma hipótese."

"Tudo bem, senhor. Com licença."

Katherine retirou-se, tensa. Trabalhar para Christopher Norman era sempre assim. Ele não falava muito, nem compartilhava seus pensamentos com ela. Apenas pedia. Nunca agradecia. Ele não era mal educado, nem rude, mas era impessoal como uma porta. Apesar disso, era lindo também. Os olhos azuis esverdeados, a pele levemente bronzeada, o cabelo loiro escuro totalmente em ordem, a barba sempre aparada, o cheiro do perfume caro que ficava por onde ele passava... Ela imaginava o quão maravilhosa uma mulher teria que ser para chamar atenção de um homem como ele. Certamente não uma mulher como ela: simples, criada na fazenda, acostumada a roupas pretas e coques presos, que vivia para o trabalho.
De vez em quando, Katy via-se tentando agradar o chefe, de forma não intencional, mas desejando, talvez, no fundo, que ele lhe desse algum tipo de atenção, pelo menos um "obrigado" abertamente. Ela ainda não sabia porque fazia aquilo, entretanto, ser reconhecida talvez a deixasse mais segura no cargo que ocupava há aproximadamente 7 meses, desde que Marguerite Sinclair se aposentara.

Como aquela manhã estava tranquila, Katy teve a curiosidade de checar as informações financeiras da Norman, que eram seu ponto forte, afinal, ela tinha MBA em Finanças, apesar de não trabalhar diretamente na área. Fazia muito tempo, desde que se tornara assistente da presidência, que não encontrara tempo para analisar os dados de crescimento da empresa e saber como o senhor Gordon Lewis estava indo com o novo assistente.

Katy abriu seus relatórios salvos da época de assistente financeira e acessou as informações enviadas pela Diretoria Financeira dos últimos 7 meses. Depois de mais ou menos uma hora observando a tela do laptop, Katy estava com o coração acelerado, com as mãos suadas e sem saber o que fazer. Aqueles números eram completamente irreais!

**********

"Katy levantou-se, pois precisava beber algo para voltar às realidade. 'Cafeína. Preciso de cafeína.'

Tomou uma xícara de café em minutos e voltou para pegar mais uma. Sentou-se em sua cadeira e viu novamente todos os relatórios e planilhas enviados. Aquilo só poderia ser loucura! A pior parte era o que ela iria fazer com aquela informação e se o senhor Norman já sabia daquilo. Talvez não, porque Gordon Lewis é quem detinha o controle do recebimento dos contratos. O fato é que algumas empresas com contratos fechados com a Noman estavam declarando crescimento abaixo do esperado, quando Katy sabia que as mesmas empresas estavam sim crescendo. Ou seja, havia um repasse menor para a Norman do que elas haviam declarado, e Gordon Lewis SABIA disso, pois ele era quem tratava com essas empresas diretamente.

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