Minha decisão foi terminar o que jamais havia começado com Beatriz, não deu muito certo, eu fui covarde, não disse a verdade à ela, no fim acabei complicando mais as coisas, e o que era pra ser o fim de de tudo, acabou por ser não mais que o começo. Ela me pressionou, me colocou em uma situação que não poderia escapar, Julia havia falado tudo com a mãe dela, e ela concordou com tudo... era justamente o que eu menos queria que acontecesse.
Aquele fim de semana, foi provavelmente um dos piores que já passei. Eu não conseguia parar de pensar em como não magoar nenhuma das duas, e o melhor, ficar com aquela que me fazia feliz, meu coração falou mais forte no fim.
A única solução que encontrei foi esconder de Julia a situação, meu pensamento era que, cinco meses não eram tanto tempo, talvez, se tudo desse certo, eu esconderia dela, ela iria para a faculdade, conheceria uma pessoa legal como ela, e fosse feliz. Sim, eu abdiquei da minha felicidade com o que poderia ser a mulher da minha vida, para não magoar aquela, que fora a primeira a demonstrar sentimentos por mim. Embora Beatriz não fosse tudo aquilo que Julia claramente era, ela ainda sim era muito bonita, e meiga comigo. Estava decidido, o plano tinha tudo para dar certo. Mas o destino, ahh sim, aquele feito para desfrutar da desgraça alheia, fez o que fez, para que a minha não fosse diferente.
Em um dos almoços que tinha com Julia, algo simplesmente inesperado aconteceu. Após me levantar para levar o prato, ela me segurou pela mão, olhou pra mim, e cantou o devia ser uma frase de uma música que pra ela, era uma declaração de amor perfeita. Acontece que quando ela começou a cantar, minhas pernas ficaram bambas, o suor pelo meu corpo não cessava, e minha cabeça girava, como se eu estivesse em uma montanha russa, rodando a toda força. Quando dei por mim, estava na enfermaria com a cabeça enfaixada, acontece que com a tontura, acabei caindo e batendo contra uma das cadeiras atrás de mim. Sempre fico imaginando se devia ficar agradecido por isso ter acontecido, mas isso não evitaria o que viria acontecer mais tarde.
Quando toquei no assunto com a Julia, ela desconversou, talvez toda aquela força que ela havia pego dos lugares. mais remotos de seu corpo, para se declarar pra mim, haviam a abandonado, e eu não podia a condenar, e nem queria, naquele momento, eu só esperava que o tempo voasse direto para o ponto em que nada daquilo me preocupasse mais.
Passaram três meses, e meu plano havia sido executado de forma indiscutivelmente perfeita. Como seria bom se a história acabasse aí, mas ela só começa, passaram três meses de o que eu poderia chamar de aprendizado, muitos dizem que não, mas você amadurece sim quando está com uma pessoa, e mesmo com tudo que passamos, eu não conseguia gostar, admirar ela tanto quanto adimirava a Julia. Confesso que achava que seria fácil gostar de outra pessoa, pois, nesse momento da vida eu acreditava que o amar, assim como o gostar vinha da convivência, mas é difícil você querer por uma pessoa no lugar da outra, e esperar que o convívio mude o que você sente.
Meu plano, era passar alguns poucos meses com Beatriz, para poder terminar com aquilo tudo de uma vez só. mas o destino mais uma vez não estava ao meu lado. Durante um papo e outro, quando estava prestes a falar tudo pra ela, sobre querer terminar, ela me revelou que o pai adoecera de câncer. Mais uma vez, minha ética, ou bondade, fez com que pensasse de novo nela, antes de mim mesmo. Não conseguia parar de imaginar o que passaria pela cabeça dela, com todos os problemas, com o pai, e a mãe é claro, ainda ter de lidar com o coração partido. Eu me sentiria um lixo se o tivesse feito, e acima de tudo, nunca teria me desculpado.
Felizmente, não o fiz, não a abandonei, e durante todo o tempo em que o pai dela estivera doente, eu estive com ela. Quando ele veio a óbito, ela desmoronou, mas felizmente, o mais baixo que conseguiu chegar foi no pilar que formei de baixo de seus pés. No velório do meu sogro, ela praticamente me implorou para que passasse a noite com ela, e também, nem precisava, eu tomara a atitude por minha conta.
Dada a situação meu plano teria de ter uma sutil mudança, eu haveria de esperar mais um tempo para poder terminar o relacionamento, mais uma vez, minha ética havia vencido. O tempo estipulado para continuar meu plano foi de 4 meses. Nesse período de tempo, a Julia teria saído da escola já, e quem sabe chego na faculdade, encontrado novas pessoas, e quem sabe alguém a altura dela, que a merecesse.
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Escárnio do Destino
RomanceO livro conta a história de um jovem, que pensa ter decoberto a mulher de sua vida, mas mais do que isso, ele descobre aquela que iria mudar seu futuro.