Capítulo 4

34 1 1
                                    

Após terminar com Beatriz, eu imaginava o que seria da minha vida, queria focar nos estudos, meu plano de ser um físico renomado, embora sem ter uma veterinária ao meu lado, não seria concluído sem estudo. Então eu me dediquei, e a cada ano que passava no ensino médio, eu ainda não havia encontrado uma garota sequer com as mesmas características de Julia, e nem tinha como, para mim, ela era algo incomparável, e agora, impossível de se alcançar.

Em um certo dia, nos últimos meses do terceiro ano, eu conheci uma garota, que iria mudar o meu pensamento de certo e errado. a princípio ela era uma garota que eu tinha apenas como "amiga da internet". O tempo passou, e eu conheci melhor ela, o nome dela era Laura, ela morava a cem quilômetros de distância, algo que, para pessoas independentes, é pouco, mas para alguém que vive com os pais, e depende deles, é um longo caminho. Ela era aquele tipo de garota sem frescura, fazia graça de tudo, e era muito boa amiga.

Durante o pouco tempo que fui conhecendo ela melhor, minha vida mudou drasticamente. Eu parecia ter esquecido a Julia, a Beatriz e toda aquela história que me assombrava.

A medida que fui esquecendo a história do meu passado, me aproximava de Laura. E meus planos, talvez tivessem mudado um pouco, ser um físico renomado casado com uma pintora não seria tão ruim.

O tempo foi passando e a cada dia, a gente se aproximava mais. Nossa confiança um no outro era tanta que ela me contara sobre o seu passado, sobre o último relacionamento, ou toda coisa de errado que já tinha feito até então, como fumar maconha, ficar bêbada e coisas do tipo. Aos poucos eu me apaixonava novamente, e o que eu achava impossível, estava acontecendo novamente. O que me restava, era saber se isso iria durar, o fato de me envolver com outra pessoa novamente me assustava, eu tinha medo de fazer Laura sofrer, e acabar sofrendo também.

A vida nos prega peças, e a minha foi talvez pesada de mais. Não passei na faculdade de física que tanto desejava. Uma música do Oasis diz "talvez, eu não serei todas as coisas que quero ser, mas agora não é hora de chorar, agora é hora de descobrir por quê", e essa música foi um dos fatores que me ajudaram a não desistir e desabar. Um deles também foram minha família e a Laura, claro, ela continuava a me apoiar, por mais cabisbaixo que eu estivera.

Quando enfim consegui ir para uma faculdade, embora não de física, eu estava cursando administração de empresas. Isso era uma espécie de adaptação ao que a vida havia me oferecido. Eu falava inglês, alemão, espanhol, e estava aprendendo o mandarim. Nada mais justo do que mexer com empresas.

Durante o tempo que estive cursando a faculdade, estava me relacionando com Laura, embora meus pais não aprovassem tanto assim. Nossa relação era ótima, acima de tudo, éramos amigos, o que facilitava o convívio.

Quando ainda era moço, lembro de ter visto uma matéria na internet, que dizia que, as pessoas com 16 anos, já poderiam ter encontrado o parceiro que no futuro iria se casar. Na hora achei interessante e bizarro ao mesmo tempo, fiquei me questionando, se havia alguma possibilidade de voltar com Beatriz, porque com a Julia, com certeza não havia, e pior, é que isso não era uma escolha que teria de partir de mim. Como já havia dito, a vida é complicada, ela nos prega peças, parece que gosta de nos judiar. No quarto ano da faculdade, o último aliás, (se tudo desse certo) eu reencontrei Julia, e por mais incrível que pareça, ela parecia não guardar nenhum tipo de rancor do que havia acontecido. A gente trocou nossos contatos, que havíamos perdidos a anos, e nossa conversa se desenvolveu como se nunca tivéssemos deixado de nos falar, nossa intimida parecia a mesma, e após alguns anos de experiência, eu não era mais tão tímido, quanto o garotinho que deixou a mulher da vida dele por covardia.

Após nos atualizarmos sobre a vida de cada um, descobri que Julia namorava a 5 anos, um garoto que havia feito o ensino médio inteiro com ela. A ideia que me veio foi que, após eu ter magoado ela, no seu momento frágil, seu amigo se aproveitou e se declarou para ela. Aquilo me deixou feliz, eles eram quase noivos, eu pensei que, por eu ter feito o que fiz, ela conseguiu finalmente ser feliz, ou estava conseguindo.

Escárnio do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora