Mantive a cabeça baixa ao passar pela recepção e saí do hotel por uma porta lateral. Fiquei vermelha de vergonha ao me lembrar do gerente que cumprimentou Taehyung no elevador. Era capaz de imaginar o que ele pensava de mim. Ele devia saber para que servia aquele quarto. Eu não conseguia suportar a ideia de ser apenas mais uma de uma longa lista, mas foi exatamente isso o que me tornei quando pus os pés naquele hotel.
Teria dado muito trabalho parar na recepção e pedir um quarto que seria só nosso?
Saí andando sem direção e sem destino definido. Já havia escurecido, e a cidade
ganhava uma nova vida e se reenergizava depois de mais um dia de trabalho. Barraquinhas fumegantes de comida dominavam as calçadas, junto com vendedores ambulantes oferecendo quadros, camisetas ou até roteiros de filmes e episódios de seriados de TV.
A cada passo que eu dava, a adrenalina da fuga baixava um pouco mais. A imaginação maliciosamente excitada pela visão de Taehyung saindo do banheiro para encontrar o quarto vazio e a cama repleta de parafernálias sexuais foi perdendo o efeito. Comecei a me acalmar... e a refletir seriamente sobre o que tinha acontecido.
Teria sido uma coincidência Taehyung me convidar para ir a uma academia tão convenientemente próxima de seu abatedouro sexual?
Lembrei da conversa que tivemos no escritório na hora do almoço, e a dificuldade que ele sentiu para expressar seu desejo de ficar comigo. Ele estava tão confuso e dividido
quanto eu, e nessa situação o mais natural seria mesmo recorrer aos hábitos rotineiros. Afinal de contas, eu mesma não tinha acabado de fazer isso, apesar de ter investido tantos anos em terapia para aprender a não me fechar e fugir quando estivesse magoada?
Angustiada, parei em uma cantina e me sentei a uma mesa. Pedi um cálice de syrah e uma pizza margherita, esperando que o vinho e a comida acalmassem minha ansiedade para que eu pudesse voltar a pensar direito.
Quando o garçom voltou com meu vinho, virei metade da taça de uma vez sem nem sentir o gosto. Já estava com saudade de Taehyung, do bom humor que ele demonstrou antes de eu ir embora. Seu cheiro estava impregnado em mim — junto com o do sexo inacreditável que fizemos. Senti meus olhos arderem, e deixei algumas lágrimas caírem, apesar de estar em público, em um restaurante cheio de gente. A pizza chegou e eu provei um pedaço. Tinha gosto de papelão, e isso não tinha nada a ver com a qualidade dos ingredientes, do cozinheiro ou do lugar.
Puxei a cadeira em que havia deixado minha bolsa e peguei o celular novo, com a intenção de ligar para o dr. Travis e deixar um recado. Ele tinha proposto que continuássemos com as sessões à distância até que eu encontrasse um terapeuta em Nova York, e decidi aceitar a oferta. Foi quando vi as vinte e uma ligações perdidas de Taehyung e uma mensagem de texto: "Estraguei tudo de novo. Não me abandone. Fale comigo. Por favor."
As lágrimas voltaram a rolar. Apertei o telefone contra o peito, sentindo-me perdida. Não conseguia afastar da cabeça a imagem de Taehyung com outras mulheres. Não conseguia deixar de imaginá-lo trepando feito louco com outra mulher naquela mesma cama, usando aqueles brinquedinhos nela, levando-a à loucura, extraindo prazer do corpo dela...
Era um pensamento irracional e sem sentido, que fazia com que eu me sentisse mesquinha e patética, e se manifestava em uma dor física.
Levei um susto quando o telefone começou a vibrar, e quase o derrubei. Dominada pelo sofrimento, pensei em deixar tocar até cair na caixa postal, porque estava escrito na tela que era Taehyung — a única pessoa que tinha aquele número —, mas não fui capaz de ignorar, porque ele estava claramente histérico. Por mais que eu quisesse magoá-lo antes, naquele momento essa ideia era insuportável.
- Alô. - Estranhei minha própria voz, abafada pelas lágrimas e pela tristeza que sentia.
- Nelly! Graças a Deus. - Taehyung parecia ansiosíssimo. - Onde você está?
Olhei ao redor e não encontrei nada que me dissesse o nome do restaurante. - Não sei. Eu... sinto muito, Taehyung.
- Não, Nelly. A culpa foi minha. Preciso encontrar você. Pode descrever o lugar onde
está? Você foi andando?
- Sim, vim andando.
- Eu sei qual foi a saída que você usou. Pra que lado você foi? - Ele estava ofegante, e eu conseguia ouvir o barulho do trânsito e das buzinas ao redor.
- Pra esquerda.
- Você virou alguma esquina depois disso?
- Acho que não. Não sei. - Olhei em volta à procura de um garçom. - Estou em um restaurante. Italiano. Com lugares na calçada... e uma cerquinha de ferro. Portas vazadas...
Pelo amor de Deus, Taehyung, eu...
Ele apareceu, a princípio como um vulto na porta de entrada segurando um telefone contra a orelha. Eu o reconheci imediatamente, observei sua reação de paralisia quando me
viu sentada junto da parede dos fundos. Ele enfiou o telefone no bolso da calça jeans que
mantinha no hotel e passou direto pela hostess que o abordou antes de chegar até mim. Mal
tive tempo de me levantar e ele avançou contra mim e me abraçou bem forte.
- Pelo amor de Deus. - Ele estremeceu de leve e enterrou a cabeça no meu pescoço. - Nelly.
Retribuí o abraço. Ele cheirava como alguém recém-saído do chuveiro, o que me fez lembrar que estava precisando demais de um banho.
- Eu não poderia estar aqui - , ele disse asperamente, recuando um pouco para envolver meu rosto com suas mãos. - Não posso aparecer em público assim. Podemos ir para minha casa?
Alguma coisa no meu rosto deve ter denunciado minha preocupação, porque ele me deu um beijo na testa e sussurrou: - Não vai ser como no hotel, eu prometo. A única mulher
que já esteve na minha casa foi minha mãe, além da governanta e das empregadas.
- Isso é idiotice - , murmurei. - Estou sendo idiota.
- Não. - Ele afastou os cabelos do meu rosto e se inclinou para cochichar na minha orelha. - Se você tivesse me levado a um lugar reservado para trepar com outros homens, eu teria perdido a cabeça.
O garçom apareceu, e nós nos afastamos. - O senhor quer um cardápio?
- Não, obrigado. - Taehyung sacou a carteira do bolso e estendeu a mão com o cartão de crédito. - Já estamos de saída.
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EM REVISÃO - All Yours (Toda Sua) Livro 01 [K.T.]
Fiksi PenggemarNelly Butler tem 24 anos e acaba de conseguir um emprego em uma das maiores agências de publicidade dos Estados Unidos. Tudo parece correr de acordo com o plano, até que ela conhece o jovem bilionário Kim Taehyung, o homem mais sexy que ela - e pro...