#5 Que se foda essa merda

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Dois anos atrás, depois do acidente

Min Yoongi demorou uns meses para se recuperar e receber a alta do tratamento. Ele foi bem cuidado pelos amigos da fraternidade, fez todas as fisioterapias e exercícios. Simplesmente fez de tudo para evitar ter que voltar para o hospital. E enquanto tudo isso acontecia, Park Jimin assumiu seu lugar de líder na república do lado. Yoongi sabia que tinha uma dívida com Jimin, mas não foi cobrado por ela. No dia do acidente, quando despertou dos procedimentos médicos, Hoseok estava lá e o hospital informou que as contas tinham sido pagas.

Ao se ver livre da tipoia no braço, Yoongi retornou às aulas e viu Jimin de longe no campus. Agora eles eram rivais. A ordem natural das coisas sempre foi essa. Ele queria agradecer e dizer que estava realmente grato, se não fosse por Jimin nem sabia o que seria do seu braço, mas o orgulho dele o sufocava. Enquanto observava Park se transformar na imagem de líder da fraternidade do lado, um garoto que veio do interior e que, com certeza, não conhecia as malícias de Seul.

Foi assim que ele viu o cara legal que o ajudou naquele dia se transformar em um grande babaca e otário. Jimin se envolveu com as pessoas erradas interessadas no dinheiro dele e não soube blindar sua fraternidade como Yoongi fez. E o resultado foi essa briga sem fim. Há tradições a se seguir, Yoongi sabia disso, mas esperava que Jimin fosse o cara disposto a mudá-las, o que não aconteceu.

O problema é que o coração de Min Yoongi sempre foi muito mole. Fraco demais.

Naquele primeiro ano, uma noite depois de uma festa, chegou bêbado com os amigos em casa e descobriu que a fraternidade estava sem luz e água quente por conta de uma brincadeira sem graça do rival. Então, resolveu enfrentá-lo e marcou com o idiota em um prédio abandonado do campus para tirar satisfações.

Era tarde, mas Park Jimin tinha recebido o recado e estava lá. Sozinho no segundo andar da obra inacabada, observando o campus lá de cima, sentindo a brisa noturna com sua jaqueta de couro. Ele não era o mesmo rapaz de olhos inocentes e sorriso bonito que levou Yoon para o hospital. E é difícil de confessar, mas o coração do estudante de música criou mais uma rachadura. Pensar que um dia imaginou que eles poderiam ser... Amigos?

Yoongi caminhou na direção dele e Jimin se virou de frente ao ouvir seus passos. Ele estava com um pirulito na boca e deu um sorriso de canto.

– O que você quer, Min?

O outro ficou em silêncio analisando o rosto dele através das sombras. Ele ainda estava alterado com as bebidas alcóolicas que ingeriu na festa, mas estava sóbrio o suficiente para conversar com aquele imbecil.

– Que porra você fez? - Yoongi retrucou.

– Nada. - ele tirou o pirulito de cereja da boca e deu de ombros de forma debochada.

– Se você não resolver essa merda, eu juro que...

Jimin deu risada e cruzou os braços.

– Vai me bater, Yoongi?

– Além de um cuzão, é um desrespeitoso... - o músico sibilou e Jimin perdeu a risada.

Hyung. - ele provocou o mais velho e Yoongi sentiu o sangue ferver mais rápido, culpando a bebida e não a atração sexual que sentia por Jimin desde o dia um. - Hyung. É assim que quer que te chame?

Jimin passou a língua pelos lábios e o mais velho deu uma risada. Park não podia negar que sentia algo toda vez que aquele sorriso gengival aparecia na frente dele e o Yoongi bêbado era especialmente atraente. Algo no jeito que a bebida o deixava mais desinibido e menos tenso. Ele tinha vontade de tocar todas as tatuagens do braço dele e desenhá-las com as pontas dos dedos. Tirar aquela camiseta preta larga e marcar sua pele, puxar aquele cabelo escuro e bagunçá-lo com suas mãos. Porém, o destino dos dois eram lados opostos de um muro invisível e do muro real que separavam as duas fraternidades.

Love to hate it | yoonminOnde histórias criam vida. Descubra agora