Acidente.

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•••Quem é vivo sempre aparece••• rsrs
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Chovia forte lá fora. Talvez o céu estaria chorando por prever algo?

Elas não tinham levado guarda-chuva. Por isso, Zulema entrega o seu sobretudo para que Macarena não se molhe.

-Ah que ótimo, chuva! - bufa - você está pronta para se molhar, Zule? - Pergunta colocando o sobretudo da namorada, agora noiva, em sua cabeça.

-Escuta, você não quer andar? Ao invés de ir de táxi?

-Tá chovendo muito, sua boba! Iremos nos molhar toda. Vem! - sai em direção a rua e Zulema vai atrás, se molhando inteira, sem se importar.

- Que droga, Zulema! Um táxi acabou de passar e nós perdemos.

Zulema nada fala. O seu peito doía e ela sabia o maldito motivo. Sabia e se odiava muito por não ter conseguido mudar aquilo. Suas lágrimas começavam a descer, se misturando com a água da chuva que escorria pelo seu rosto.

-O que houve? - a loira pergunta preocupada.

- Eu te amo.

-Ah, eu também te amo!

-Mas eu quero que você saiba o motivo pelo qual eu te amo.

-Mas é que tá chovendo! Você tá sentindo? Ai, to me molhando toda.

-Eu sei. Mas eu preciso dizer e você precisa escutar. - respira fundo - Eu te amo desde que eu te conheci, à cinco anos atrás. Mas eu nunca me permiti sentir isso verdadeiramente até hoje, sabe?

Ao ouvir, Macarena desiste de se proteger contra a chuva, tirando o sobretudo de sua cabeça. Prestando atenção no que a namorada falava.

-Eu estava sempre um passo a frente. - continua- Tentando sempre tomar decisões para me livrar do medo que sentia. Mas hoje, pelo que aprendi com você hoje, cada escolha minha foi diferente e a minha vida ... mudou completamente. E eu aprendi que quando de faz isso, vive-se inteira e intensamente. E não importa se você tem cinco minutos ou cinquenta anos de vida. Macarena, se não fosse por hoje ou por você, eu nunca conheceria o amor. Então obrigada por ser a pessoa que me ensinou a amar. E ser amada completamente.

-Eu.. Eu não sei o que dizer, Zulema. - diz, emocionada.

-Você não precisa dizer nada. Eu só queria te dizer isso mesmo.

Macarena a abraça e a beija enquanto um táxi para e buzina atrás delas.

-Obrigada por hoje, amor - entra no carro rapidamente - Vamos para casa agora!

Zulema não entra de imediato, estava em estado de puro medo. Se ela entrasse iria acontecer, não iria? E se ela fugisse? Corresse dali para bem longe? E se talvez, dormisse na rua hoje? Ela fez de tudo e mesmo assim não conseguiu mudar algumas coisas. Por quê?

-Você não vai entrar, Zulema?- a chama de novo.

-É lógico. - desiste de tentar mudar o destino - Vamos.

-Olá Sr, Cornelia Street, por favor- Maca diz o endereço, entregando 20 euros a ele, que observa o anel em seu dedo.

Ele sorri.

Tinha feito a sua parte. O destino estava feliz com ele e ele, orgulhoso da zulema.

-É claro, senhora.

Zulema sabia. Sabia que era o mesmo motorista de sempre. Seu peito subia e descia rapidamente. Sua respiração começava a ficar falha. O motorista a observava pelo retrovisor, olhando dentro dos seus olhos com o mesmo olhar obscuro e misterioso de sempre.
Macarena apenas observava tudo sem entender aquela troca de olhares entre eles.
Zulema se vira, segurando em sua bochecha, deixando um beijo em sua boca e mesmo sem entender, Macarena retribui sem pensar duas vezes.

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Nota Importante:
O relógio do táxi marcava as 22:59. Os sinos da igreja ali perto, se preparavam para soar estridentes.
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Zulema interrompe o beijo e o relógio vira, marcando as 23h. Os sinos da igreja, pontuais como sempre, soavam e se misturavam com o barulho da chuva e da respiração alta de Zulema.

O motorista para no sinal, se virando e dando um pequeno sorriso para ela. E a voz dele vem em sua mente; "você não tem muito tempo, aprecie-a". "tudo é possível". Ela começava a ter um mini ataque de pânico. Respirava agora com muito mais dificuldade do que antes. Os flashsbacks do dia passeavam frequentemente pela sua cabeça. O sinal de transito fica verde e o motorista se preparava para dar partida, quando um carro surge do nada, indo em direção ao pequeno táxi. Zulema abraça a Macarena fortemente, tentando protegê-la do que viria.

Gritos.

E tudo escurece.

(...)

Macarena estava sentada em uma maca do hospital, com a cabeça baixa, observando o chão branco. Observar as rachaduras do piso era mais fácil do que ter que encarar a dura realidade.

Ela tinha apenas sofrido ferimentos leves. E Zulema...

Ela tentou. Mas ao abraçá-la para tentar protegê-la, o carro atingiu o seu corpo em cheio. E antes mesmo das ambulâncias chegarem, ela havia partido, olhando nos olhos da noiva.

Ia feliz por ter conseguido conhecer e valorizar o amor. Mas estava deixando ela.

Estava destroçando-a.

(...)

- Eu... eu sinto muito, Maca. - Kabila diz após algum tempo em silêncio vendo a amiga sofrer calada.

- Eu não acredito ainda, Rizos. Porque eu estou aqui e ela não?

- Nós não conseguimos ter o controle de tudo, Macarena...

- A Zulema... ela teve uma premonição, um sonho, sei lá o quê, ela sabia! Tentou me avisar diversas vezes mas eu não acreditei. Antes da gente entrar no táxi, ela me disse como eu ensinei ela a amar. Amar a Zulema foi tão fácil para mim, sabe? Ela até me pediu em casamento, Kabila! Porque isso tinha que acontecer agora? - caia em um choro compulsivo - Ela... Ela queria me dizer tudo! E eu não deixei...

- Eu sinto muito, amiga. De verdade mesmo. - a abraça - Ela era incrível.

(...)

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Olha,,,, eu to bem triste

Antes que o dia termine (Zurena)Onde histórias criam vida. Descubra agora