Dançando na chuva.

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(...)

Alguns minutos depois, Macarena voltava da bilheteria, pulando, com a maior cara de sapeca.

- E aí, amor, comprou?

- Sim - dá uns pulinhos de alegria.

- E então? Pra onde nós vamos?

- Você pediu pra eu escolher, não foi?

- Foi.

- Então pare de perguntar! Aprecie sem saber nada o que irá acontecer.

- Tá legal - bufa.

15 minutos depois as duas já estavam se acomodando no vagão do trem.
Era um trem diferente, rústico. Que a loira amava. Após algum tempo nos trilhos, o local que passava rapidamente pela janela estava ficando cada vez mais familiar para a Zulema. Ela olhava pela janela, confusa e Macarena começava a ficar nervosa no banco, na expectativa.

- Ei, espera aí, Maca.

- Você tá... pensando no quê? - já achava que ela não tinha gostado da surpresa - Olha se você não quiser parar aqui a gente pode continuar no trem, vê se acha algum outro lugar para...

- Como é que você soube que aqui era o lugar onde eu morava?...

- Você me disse onde nasceu. E eu nunca conheci a sua familia...

- É. Eles... estavam meio ocupados.

- Eu quero muito ver onde você nasceu e cresceu, sabia? Quero conhecer a escola onde a pequena Zulema frequentou e onde se apaixonou por medicina. Eu quero muito saber de onde veio o amor da minha vida - ri, carinhosa - E se você tem alguma coisa a esconder não deveria ter dito pra eu escolher qualquer lugar que eu quisesse - brinca.

Zulema apenas ri, se sentindo afortunada por ter aquele anjo em sua vida.
Pega a mão da Macarena, começando a acariciar e beijar com toda a doçura do mundo. A amava. Como nunca amou ou amaria alguém. Após chegar no destino escolhido, Zulema a leva para conhecer a cidade onde nasceu, pequenos pontos turisticos, alguns lugares marcantes para ela; sua escola, bares que frequentava na adolescencia, algumas pessoas especiais que havia deixado para trás.... Macarena estava encantada em saber um pouco mais sobre a vida da namorada, era como se estivesse lendo o melhor dos livros. Vendo o melhor dos filmes.

- Vem Maca, quero que conheça a casa onde morei a minha infância inteira. Fica ali, bem em cima daquele morro, lá no alto.

- Sério? Que legal! Sempre quis morar em um lugar assim, que sortuda você hein? - ri, segurando o braço da mais alta e começando a andar juntas.

Zulema POV

O dia estava totalmente nublado e o céu estava mais cinza do que nunca. Nós estávamos na metade do caminho quando escutamos um trovão.

- Isso foi um trovão. É sinal de que vai chover e você sabia disso não é, Zulema? - me diz, tentando recuperar o fôlego.

- Ah, você está querendo fugir da caminhada né? Continue andando, você que pediu para vir até a minha cidade - brinco.

- Eu estou com fome, me alimente ou sofrerá as consequências.

- Sabia que aqui era bem mais ingrime quando eu era criança? Devem ter usado umas máquinas pesadas aqui para ficar tudo plano - Mudo de assunto para distraí-la.

- Ou talvez você apenas esteja ficando velha, Zule - me diz e acho tudo uma grande ofensa a minha pessoa.

- Eu? Sem chances! Subo isso aqui correndo sabia?

- Ha ha, duvido! - me desafia

- Só não faço agora porque está começando a chover e eu não quero me escorregar e me machucar aqui.

- Ah, tá. Sei, você está apenas fugindo do desafio.

- É serio, ande rápido, temos que chegar no topo logo.

- E o que é que tem no topo mágico da Zule?

- Ahn... nada. É apenas solidão. Longe de tudo e de todos. Eu ia pra lá para ler e pensar sempre. Me sentia segura.

Mal termino de falar e um trovão de barulho estrondoso surge no céu, seguido de uma forte chuva, nos pegando desprevenidas e nos molhando em segundos.

- Ah! Eu disse que iria chover! Corre Zulema, estamos se molhando - ela diz e corre, me deixando para trás, parada. Apenas a observo - Ei, porque você parou? - diz, voltando para perto de mim.

- Não sei, apenas senti vontade de parar. Não faz mal se molhar um pouquinho. Mas escuta, você não quer dançar comigo?

- Aqui? Na chuva e sem música? Sem chances - ela ri, achando que eu estava de brincadeira.

- E quem é que disse que não tem música? - ergui as sobrancelhas sugestivamente - Você não tem imaginação? Senti vontade de dançar com você aqui e agora.

- Mas-

- Nada de mas, Maca. Me concederia a sua mão, srta.? - brinco, estendendo a minha mão em posição de cavalheiro.

- Claro que sim, boba! - ri e me dá as suas duas mãos. As ponho em meu ombro enquanto ponho as minhas em sua cintura fina.

Começo a me mover lentamente e ela me acompanha, sem nunca tirarmos os olhos uma da outra. A giro, trazendo-a de volta para mim, fazendo nossos corpos se chocarem. Ela cora e apoia seu queixo em meu ombro, fugindo de meus olhos apaixonados que a observavam atentamente.

- (...) Dancing in the rain, i love dancing in the rain with my love... - Eu cantarolava baixinho.

Aquele lugar, que me trazia tantas memórias boas, testemunhava o nosso amor e o quanto eu era sortuda em estar sentindo tudo que aquela mulher a minha frente me transmitia.

(...)

Antes que o dia termine (Zurena)Onde histórias criam vida. Descubra agora