arrogance | adrinette

10

Don't you worry dear
Dark clouds will soon clear
For you
— Sunset Chaser; Ragamuffs

2 meses depois...

Ouviu o celular chamar seis vezes no total — não que ele tenha contado de fato — até que a doce voz soou do outro lado, animada como sempre. Por sorte, não era tarde da noite e, por esse motivo, Adrien sentia que não iria a incomodar.

— Mari... ei... está em casa? Você... pode vir aqui embaixo? — perguntou, ainda receoso e sentindo o nó se formar em sua garganta, mas não permitiu que a garota o respondesse. — Por favor, pode abrir a porta?

— Você está aqui? — perguntou, de forma surpresa, e ele murmurou algo afirmativo. Aquilo pareceu bastar para ela compreender o que ocorria. — Estou descendo, Adrien. Fique bem aí. — pediu e ele ouviu a correria que ela estava tendo, procurando as chaves e ignorando as perguntas de sua mãe momentaneamente.

Ele acompanhou a curta bagunça com atenção, achando certa graça de Marinette resmungando sem parar a procura das chaves. Por fim, ouviu o clique da porta se fechando e ela voltou a se dirigir à ele:

— Desculpe. Ainda aqui, certo?

— Sim. — respondeu, não tendo coragem para desligar, já que apenas  ouvir a voz dela o fazia se sentir bem.

— Te vejo em um minuto. Ou menos. — disse e ele pode imaginar o sorriso dela, mesmo não sabendo se ela, de fato, sorria. Assim, ela desligou enquanto descia as escadas apressadamente, e ele guardou o celular no bolso, olhando para o chão por um momento.

Ele estava totalmente sem rumo há uma hora atrás, mas, quando percebeu, estava na frente daquela porta com o celular encostado na orelha e com o mesmo completando uma ligação. E foi assim que ele havia parado ali: de forma automática, como se aquele fosse o único lugar que ele poderia ir.

Por fim, quando a garota de olhos azuis abriu a porta, ela não o cumprimentou ou o chamou. Adrien apenas teve tempo de perceber que ela estava de pijama, antes que ela passasse os braços em seu pescoço e lhe desse um forte — e necessário — abraço. Sem ele dizer, Marinette sabia do que ele precisava.

E, como o loiro precisava daquilo assim como precisava de oxigênio, ele correspondeu ao abraço passando seus braços ao redor da cintura da garota e a apertou ali pelo tempo em que lhe era permitido.

Ficaram um tempo assim, em silêncio, até que o loiro a soltasse, já que era óbvio que Marinette não ia quebrar o abraço primeiro. Assim, ela encaixou sua mão no rosto dele e acariciou a região de leve com seu polegar.

— Oi. — foi tudo que disse, não perguntando nada primeiro. Era um alívio, na verdade, já que ele esperava um bombardeado de perguntas, mesmo sabendo que ele não estava preparado para isso. — Venha, vamos subir. Minha mãe está fazendo a janta.

Ela lhe deu um selinho rápido e sorriu de leve, ainda preocupada. Então, encaixou sua mão na dele e entrelaçou seus dedos, os apertando levemente.

— Obrigado. — murmurou, se dirigindo à tudo que ela havia feito em menos de cinco minutos, já que eram coisas que ele, definitivamente, precisava.

— Não precisa me agradecer, só preciso te tirar do frio e te dar algo para comer, viu? — respondeu ainda com o sorriso gentil nos lábios. Assim, o puxou de leve para dentro e fechou a porta, a trancando logo depois.

Marinette, como uma boa namorada, queria conversar, saber o que estava errado, mas não ousou dizer uma palavra sequer, já que não sabia dizer se Adrien estava pronto para aquela conversa.