Wildest Dreams

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Quando eu tinha seis anos quebrei meu braço após uma competição de balanço, no hospital minha mãe falava apressada ao telefone com a minha avó contando tudo que tinha acontecido, me lembro que no caminho até lá ela se dividia entre chorar de nervosismo e gritar de raiva, mas eu apenas mantive meus olhos no meu braço que latejava de modo incômodo.

Ao terminarem de colocar o gesso a enfermeira sorriu e me deu um pirulito por ter me comportado, o médico disse que estava impressionado porque não era natural uma criança ficar tão quieta em circunstâncias como aquela, mamãe apenas me olhava de lado, provavelmente a espera do momento em que eu começaria o meu "show" como ela mesma dizia, mas quando saímos dali em direção ao carro e ela me perguntou o que eu havia ganhado com tudo aquilo eu apenas sorri.

À princípio ela não entendeu, e eu não acho que alguém o fez, mas o braço engessado era apenas uma consequência da melhor sensação que eu já havia sentido em toda a minha pequena vida.

No momento em que eu senti meu corpo sendo arremessado para frente depois que Lucy, a irmã mais velha de Malcolm me empurrou no balanço, foi como se todo o peso e a dor da perda não existisse mais, eu estava voando, e eu com certeza cairia no chão, todos os meus amigos do parquinho estavam gritando, mas eu só conseguia ver o azul do céu e sentir a luz do sol queimando minha pele levemente salgada pelo suor, e naquele momento eu só conseguia pensar no quão injusto era não poder me sentir livre assim para sempre.

Abrir os olhos não foi a parte difícil, o difícil foi perceber que a mesma emoção que eu vinha esperando sentir desde os meus seis anos estava totalmente interligada a beijar Jacob Wood, olhar para ele e entender que em poucos segundos todo o meu mundo havia sido livre de toda dor e toda perda era o meu maior castigo, porque obviamente ter alguém como ele na minha vida era de longe uma das coisas mais impossíveis.

- Mantenha esse olhar apaixonado e até mesmo eu vou começar a acreditar no que estamos fazendo, Davis - ele diz sorrindo de leve, engulo em seco e dou um passo para trás, sinto sua mão em meu braço e percebo o quão quente ele pode me fazer sentir.

- O que está acontecendo aqui? - indaga Malcolm parando ao nosso lado, uma parte de mim quer olhá-lo e ver se ele se sentiu ao menos remotamente afetado por toda a cena que criei, mas quando Jacob olha para ele e me da a visão de seu perfil duro sob a luz da tarde eu não sei se quero olhar pra outro lugar que não seja ele.

- Eu não acho que entendi sua pergunta, Smith - Wood responde com ironia, respiro fundo e me afasto de Jacob, sua mão deixa o meu braço e sinto seus olhos verdes em mim, olho para Malcolm e vejo fúria em seus olhos.

- Eu te disse, ele me convidou para sair e eu disse sim - digo, e ganho a atenção dos dois homens mais improváveis da minha vida.

Malcolm abre a boca para me dizer algo, mas olha para Wood e muda de ideia, ele acena em concordância e se afasta indo em direção ao estacionamento.

- Isso foi intenso - diz Jacob ao meu lado, concordo com ele, mas mantenho meus olhos em Malcolm que caminha a passos largos até seu carro. - Eu te disse que ele viria atrás de você, só não pensei que seria tão rápido.

- Isso não pode ser só por sua causa - sussurro sentindo-me pequena, porque, se Jacob estivesse certo e a única razão pela qual Malcolm se sentisse enciumado ao me ver ao lado de Wood fosse algum tipo de competição louça que ele havia entrado, então eu nunca fui importante para ele.

Sinto os olhos de Jacob em mim e sei que se o olhar irei ver o que vejo nos olhos de todos: pena.

- Não me olhe como se eu fosse uma idiota - digo irritada, ele suspira e ajeita a bolsa em seu ombro.

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