MIZPÁ

PERFÍDIA

Naquela época, o Imperador Jun Wu estimava muito Xie Lian e Hong Hua, como parte de sua própria família. O reino grande e próspero, um general excelente, um dragão poderoso e uma bênção do deus da guerra, era algo que muitos governantes do passado e no futuro invejariam e isso de fato o deixava muito orgulhoso. 

Comumente dos dois citados, Xie Lian era o que passava mais tempo em seu palácio. Tomado até mesmo como um dos principais conselheiros, Jun Wu prezava por sua opinião mais do que qualquer outra, e ambos passavam realmente muito tempo juntos. 

Após a volta de Hong Hua e seu exército, depois de seis meses, Xie Shu desceu de sua morada para vê-los, Xie Lian recebeu seu tio como um dos senhores da casa e o levou para encontrar Jun Wu. Nesse dia, com Hong'er também presente, eles conversaram sobre assuntos militares e entre outros por quase uma noite inteira, um encontro animado e com muitas garrafas de vinho. Xie Lian foi o primeiro a se recolher. 

Não muito depois, Hong Hua também optou por ir descansar, entretanto, na metade do caminho, ele se deu conta de que esqueceu uma de suas espadas que seu tio desejou ver e voltou. 

Há essa hora tudo já estava quieto e meio escuro nos corredores, não havia pessoas circulando e apenas o vento causava leves ruídos. Hong Hua parou em frente a porta pronto para abri-la, mas sua mão travou.

– O imperador da dinastia Wu com certeza é sábio e poderoso, será lembrado por muitos anos se continuar trabalhando bem, o nome mais famoso sobre a terra. – Xie Shu se levantou, seu porte era alto e os passos pesados, caminhando até atrás da poltrona de Jun Wu que estava sentado enquanto levava um xícara até os lábios. – Mas há algo que me intriga muito nesses últimos meses, torço para que possa me esclarecer. 

– O que estiver ao meu alcance. – respondeu despreocupado. –O que seria? 

– Eu estou acima do mundo, tenho olhos e ouvidos por todos os lados, principalmente aqui onde estamos. – proferiu, sua expressão outrora suave agora estava séria. – Então, me responda Jun Wu, por que, ultimamente, estuda tanto sobre os meios para alcançar a imortalidade? 

O sorriso de Jun Wu desapareceu, recebendo o olhar de Xie Shu que estava endurecido e queimava em suas costas. Do lado de fora, Hong Hua deu um passo à frente, completamente silencioso e focado. 

– Como deseja que eu responda tal pergunta se está tão desconfiado? – disse ele, se recuperando da pergunta repentina. – Não me entenda mal senhor, mas nenhuma resposta que eu lhe dê será útil para apaziguar sua mente. 

– O pequeno Wu sabe bem como falar, não me entenda mal também, isso não é um julgamento. – voltou para frente do imperador, alcançando a garrafa de vinho. – Apenas me  preocupo com até onde a ambição humana pode chegar. Os meios são difíceis, mas quando há uma possibilidade que se abriga sob seu teto e está ao alcance de suas mãos, bem, isso pode corromper até o homem mais leal. Não acha? 

As mãos de Hong Hua gelaram, ele entendia o que seu tio estava tentando insinuar. Além de seu sangue que o salvou uma vez e que poderia aumentar a expectativa de vida por muito tempo, Xie Lian uma vez o disse sobre como o coração de um dragão poderia conceder a imortalidade, se o que seu tio estava dizendo fosse verdade, talvez o imperador não fosse mais alguém em quem podiam confiar. 

Sua bênção não poderia ser retirada e para matar um imperador agraciado seria muito difícil para eles que dividiam laços com um deus. Difícil, mas não impossível. 

– Peço que não alimente suas suspeitas Xie Shu, o que eu poderia fazer contra Xie Lian quando seu tio que é tão poderoso e meu general o protegem tanto? – ele se levantou ficando de frente para o maior. – Sem contar que, a força de um dragão é inalcançável para mim. Apenas não pense demais sobre isso e aproveite a estadia.