MIZPÁ

HYYGE

Certamente, aquelas lanternas dos desejos atendiam aos pedidos mais rapidamente dependendo de quanta convicção era colocada em si, possuindo duas delas, Hua Cheng já poderia ser considerado sortudo. 

Primeiro, ele desejou que chovesse, Xie Lian gostava da chuva. Até mesmo seu título era ligado a ela, sendo assim, se ela caísse por toda a capital, a esperança de que ele pudesse se sentir em casa era cada vez maior. 

Com a segunda, ele pediu que o universo fosse generoso e trouxesse aquele que almejava, não era difícil e também não era impossível. Xie Lian estava bem ali, logo depois das montanhas, o rio que os banhava era como uma extensão dele próprio, então, que aquele meandro se tornasse um corpo sobre sua casa. Esses foram seus desejos. 

Mais cedo do que esperava, alguém acima pareceu realmente ouvi-lo, na manhã do terceiro dia de sua volta, estava chovendo, não era tão violenta, mas, sim, como uma garoa que batia na janela de seu quarto, isso fez com que despertasse e rapidamente fosse para o pátio frontal. Ele esperou, ainda que nada viesse, ele esperou por horas. Até que finalmente chegou. 

Acima do chão, entre as nuvens e a chuva, cortando o céu em um rugido, um enorme dragão branco se ondulava pelo ar tão graciosamente que sequer parecia perigoso. Todos na capital puderam ver, aqueles que temiam e aqueles que não acreditavam, o sentimento de fascínio e medo preencheu um por um. 

Imediatamente o sino foi tocado, um alerta de um possível ataque, e como um despertar, as pessoas correram para fora. O estranho era desconhecido, e o que era desconhecido, também era temido. Não restou ninguém na cidade além dos soldados no palácio e nas ruas, e o príncipe que carregava uma expressão de completa alegria. 

Xie Lian se aproximou do palácio, girando em espiral e afastando as nuvens, até que finalmente todo seu corpo voltasse a ser a linda pessoa que era, antes que tocasse o chão, o jovem Hua caminhou em sua direção rapidamente. Com a movimentação repentina, muitos dos homens também se moveram. 

A visão de vários guerreiros em posição de ataque era de certa forma cômica, contudo, a coragem daqueles que permaneceram ali era admirável. 

– Não ataquem! Abaixem as armas! Agora! – Hua Cheng ordenou, se segurando para não correr até lá e causar qualquer mal entendido. 

Xie Lian também não se movia para evitar qualquer comoção, sua atenção era voltada apenas para aquele que parecia tão radiante vindo até onde ele estava, enquanto seu coração se balançou ao vê-lo, sequer havia passado tantos dias, mas ele se sentia tão aliviado. 

–San Lan...-. – Xie Lian sequer terminou de falar, imediatamente braços fortes circularam sua cintura e o ergueram do chão, a face afundando em seu pescoço, assim como antes. Os guardas ao redor só puderam se encher de espanto, encarando uns aos outros com incredulidade. – San Lang, também me sinto muito feliz, mas há pessoas. 

– Me desculpe. – pediu, ainda que seu sorriso não transmitisse nenhum arrependimento, ele foi colocado no chão novamente, mesmo que sua cintura ainda fosse segurada, Xie Lian também não pode deixar de sorrir. – Aquelas lanternas eram realmente tão boas, meus dois pedidos foram atendidos tão depressa, devo presentear o vendedor com mil barras de ouro. 

– Eu prometi que invadiria a capital real se necessário, não acreditei que seria tão cedo. 

– Algo aconteceu? Você está bem? – perguntou ele, preocupação atingindo sua voz. 

– Estou bem. O problema é você, não está seguro aqui. – proferiu, se afastando um passo, não deixando que surgissem pontos cegos ao redor de ambos. – Seu pai esteve em minha casa com alguns homens, nada do que ele fez foi importante, mas ameaças foram feitas contra você, por isso estou aqui. San Lang, tenho que levá-lo embora.