- Dove e Luke podem se declarar seres totalmente diferentes. Os dois cresceram em cortes, lares e culturas distintos, mas desde quando acompanharam seus pais em uma reunião oficial dos Grão-Senhores, e os olhares se cruzaram... deuses, eles sabiam q...
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Luke Archeron
Desde o quando eu me entendo por gente, eu comecei a amar a minha família, o meu lar, a minha casa e a minha corte. Principalmente o meu povo, aqueles a quem eu deveria proteger, não só por obrigação como filho do Grão-Senhor e segundo na sucessão do trono, mas simplesmente pelo fato deles serem meus, e de eu pertencer a eles.
Velaris, o lugar onde eu cresci e vivi. O lugar onde eu sempre encontrei refúgio e amor. O lugar onde o meu coração sempre esteve e onde ele sempre estará.
Esse é o meu lar.
Apesar de todos os problemas, de todas as confusões, discursões e brigas em que eu me meti durante toda minha conturbada e festeira juventude, esse ainda continua sendo o meu lar, o meu refúgio favorito entre tantos outros.
O meu dia começou como todas as manhãs da minha vida, sempre entediante e sem graça. Os pesadelos que me atormentavam me retiraram de algum possível sono antes mesmo do sol nascer e então eu esperei. Deitado na cama, esperei e esperei até que a casa acordasse, até que a cidade acordasse, e eu esperei mais um pouco.
Somente quando ouvi o som dos passos se arrastando no corredor, das portas se abrindo e se fechando e das risadas que vinham da parte de baixo da casa eu me levantei, tomei um longo e demorado banho, respirei fundo e sai do meu quarto, para mais um dia da minha eterna eternidade.
A porta do salão de refeição apareceu em minha frente e eu repensei muito bem se seria uma boa opção entrar naquele cômodo. Ontem a noite... foi o aniversário da Trix, e ela decidiu, como aniversário de 19 anos, que seria uma ótima ideia encher uma taverna cheio de feéricos que não conhecia, beber junto com Adam praticamente todo o estoque de bebida do local e também beijar qualquer um que aparecesse em sua frente, mais bocas do que ela seria capaz de contar.
As lembranças da noite passada ainda estavam frescas na minha mente e por isso eu sabia muito bem que se entrasse por aquela porta seria queimado pelo olhar do general, principalmente depois de aparecer bêbado na porta da casa dele, durante a madrugada, e dizer que tinha derrubado a sua caçula no rio Sidra.
Ok, foi sem querer.
Eu e Mia estávamos apenas tentando nos equilibrar no muro da ponte. Eu estava levemente alcoolizado, e aconteceu alguma coisa que eu não me recordo muito bem quando ela caiu, e o desespero foi tão grande que eu sai correndo pelas ruas atrás de alguém para ajudar ao invés de ter tentado, simplesmente, tira-la de lá.
O medo ou o juízo começou a me consumir, e a ideia de fugir tomou conta totalmente da minha mente. Talvez... seu eu desviasse o caminho e fosse para o ringue da casa, e treinasse até desmaiar no chão, não precisasse...
Empurrei a gigante e pesada porta de carvalho com o ombro enquanto entrava na sala. Não podia fugir dele para sempre, então era melhor enfrentar isso logo. E talvez com testemunhas presentes, Cassian pensasse duas vezes antes de me matar.
