- Dove e Luke podem se declarar seres totalmente diferentes. Os dois cresceram em cortes, lares e culturas distintos, mas desde quando acompanharam seus pais em uma reunião oficial dos Grão-Senhores, e os olhares se cruzaram... deuses, eles sabiam q...
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Dove Gwenyth
Já estava escuro quando finalmente conseguir terminar o relatório e decidir fazer uma pausa, ir até o meu quarto e pedir uma massagem nas costas para uma das curandeiras da corte.
Eu amava esses pequenos luxos do meu dia. Os vestidos feitos sob medida, sobremesas exóticas só porque hoje era sexta-feira, um lindo e gigante armário de joias, as coleções e coleções de sapatos e coroas, além de um interminável suprimento de coisas caras que talvez eu nunca fosse usar na vida. Eu tinha privilégios, nunca neguei isso, e talvez eles eram a minha parte favorita do cargo.
A vista de meu quarto se abria para o imenso jardim do palácio, que estava coberto por infinitas camadas de neve e mais neve.
Me concentrei no calor do quarto e nos dedos mágicos da Grace, minha curandeira e melhor amiga.
— No fim... ele fez uma cara esquisita, como se estivesse lembrado de algo muito importante.
A forma como meus pais me dispensaram foi esquisita e inesperada de tal forma que perdi boa parte do meu dia tentando entender o que aconteceu.
— Acha que ele está doente? Ele parece bem cansado esses dias. Sua mãe me chamou duas vezes essa semana me pedindo algum tônico para dores de cabeça. — Grace disse quanto suas mãos massageavam meus ombros.
— Parece? — Perguntei. Não percebi nada de extremo em meu pai. Apenas o mesmo agir de sempre. — Acho que ele está estressado, mas papai sempre foi péssimo em demostrar o que estar sentido para mim. Não posso culpa-lo. Acho que se eu tivesse um filho também faria de tudo para não preocupa-lo com tudo o que está acontecendo.
— As vezes eu esqueço que um dia você estará na mesma posição que ele. — Ela comentou. Em sua voz havia preocupação ao mesmo tempo em que pude identificar um tipo de provocação brincalhona.
— Sabe o que isso significa? — Perguntei virando a cabeça para ela.
As sobrancelhas negras se ergueram no rosto angelical de Grace.
Sorri comigo mesma quando completei. — Significa que você terá que fazer massagens em dobro em mim.
— Não sei não. — Ela disse. — A morte por congelamento parece-me algo mais atraente.
Um arquejo sufocado escapou de mim e a risada escandalosa de Grace ecoou pelas paredes grossas do lugar.
Alguém bateu à porta e me aprecei em abri-la, principalmente porque tinha sentido o cheiro e já sabia quem eram as minhas visitas.
Minha mãe apareceu a porta sorridente com o meu pai logo atrás de si.
— Boa noite, mamãe. — Falei enquanto a abraçava.
Minha mãe colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e sorriu. — Adorei os brincos. — Ela tocou a pequena perola em minha orelha. — Aliás, fiquei sabendo que alguém ficou com ciúmes quando percebeu que não será a única mimada nesse palácio.
