- Dove e Luke podem se declarar seres totalmente diferentes. Os dois cresceram em cortes, lares e culturas distintos, mas desde quando acompanharam seus pais em uma reunião oficial dos Grão-Senhores, e os olhares se cruzaram... deuses, eles sabiam q...
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Dove Gwenyth
Meu nome é Dove Gwenyth, e eu odeio o frio.
Ok, eu sei, eu moro na Corte Invernal, estou ciente disso desde o dia que me entendo por gente, ou melhor, por Grã-feérica. Mas isso não é pré-requisito para me dizer que eu deveria amar a estranha sensação de não sentir a ponta do nariz.
Da mesma forma que só porque uma vez, quando criança e muito imatura, eu disse ao meu pai que queria aprender a lutar com uma espada para ser uma grande guerreira igual as das histórias que a minha mãe me contava antes de colocar para dormir, que isso significaria que eu desejaria estar a uma distância considerável de minha cama, com o corpo inteiro dolorido, e com o vento frio me causando arrepios às cinco horas da manhã.
Eu não sinto os meus dedos dos pés a uns longos e preocupantes minutos.
Eu acordei de repente nessa madrugada quando senti um peso sendo jogado em cima de mim. O que depois de piscar várias vezes para ajustar a visão, eu percebi que alguém, ou melhor, o meu pai, havia despejado em minha cama roupas de treinamento, uma espada, um escudo e algumas adagas.
Já fazia horas desde que meu pai tinha me arrastado do calor reconfortante do meu querido e amado quarto até uma das varias trilhas que possuía do lado de fora do castelo, onde não havia conforto ou calor algum, me arrastando para uma corrida que parecia não ter fim.
Me amaldiçoei pela decima vez do dia quando derrapei na fina e maldosa camada de gelo do caminho. Usando as minhas mãos para impedir dar de cara com o chão, diminui o impacto da queda, inalei uma dolorosa quantidade de ar, me ergui novamente e disparei por entre a estrada.
Eu não deveria, de maneira alguma, ter inventado inúmeras desculpas durante meses de treinamento, sempre procurando ocupações o suficiente para me livrar de momentos como esse, principalmente quando o inverno tinha chegado com força em minhas terras e devia a décadas de existência, eu sabia muito bem como o papai adorava aproveitar esse clima para intensificar os treinamentos, que eu particularmente, apelidei de "Sessões de tortura do Kallias".
Sabia que estava enferrujada, mas não tanto assim, pois foi preciso apenas alguns minutos tentando acompanhar o ritmo do macho para que eu estivesse ofegando e resmungando de dor, principalmente nas pernas e na coluna. Precisei de mais tempo do que gostaria de admitir para recuperar o ritmo e poder se igualar com o nível de meu pai.
Meu pai diminuiu a velocidade enquanto nos aproximávamos da abertura irregular das árvores e reconheci o lugar no mesmo instante. Era um ringue, um que ficava no extremo lado oeste do castelo, e que era usado apenas pela família do Grão-Senhor.
Quando finalmente alcançou o pequeno e elevado espaço, ele retirou a pesada e assustadora espada das costas, com um sorriso nada confortável, afastando os pés e se posicionando. Meu coração deu um pulo fora de ritmo, e mais um maldição foi formada em minha mente.
