Capitulo 09 - Ultimos capítulos

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— Ele deve estar brincando! ― exclamou Kurenai Yuhi ao chegarem à
trilha onde o grupo da Vitalis as aguardava para seguirem rumo ao alojamento e serem informadas de que o restante do trajeto teria de ser feito a pé com cada uma carregando sua própria bagagem.

Seria trágico se não fosse cômico, pensou Sakura e várias outras
participantes a julgar pelos sorrisos mal-disfarçados. Todas haviam recebido
um folheto de orientação e solicitadas a levarem apenas o necessário em uma
mochila. Kurenai, porém, não fez caso e agora teria de fazer bonito para
carregar suas duas malas de grife.

— Fica muito longe? — perguntou alguém.
— Não muito — respondeu o monitor. — Cerca de três quilômetros.
— Três quilômetros? — repetiu Sakura, horrorizada. — Não dá para
carregar esse peso por três quilômetros!
— Não — o monitor concordou e passou a explicar que prosseguiriam em
pares com um membro designado do outro grupo e que cada dupla partiria
em intervalos de três minutos.
Kurenai virou-se para Sakuranaquele instante.

— Você terá de levar uma das malas.

Se ela tivesse pedido por favor ou ao menos usado um tom súplice, Sakura
talvez a tivesse ajudado. Mas além do modo abominável com que fora tratada
nas dependências da revista, a outra ainda tinha a petulância de lhe dar uma
ordem nas presentes circunstâncias?

— Sinto, mas só terei de levar o que é meu — Sakura retrucou.

Kurenai pestanejou como se não acreditasse em seus ouvidos.

— O quê?
— Você não leu as instruções? — Sakura continuou. — Não deveria ter
trazido tanta bagagem.

Kurenai protestou, vermelha de raiva, mas não conseguiu se estender no
assunto porque o nome de Sakura e de seu parceiro, Sasori Akuna, foram
chamados. Sasori trabalhava em posição semelhante à dela na revista Vitalis, o que a deixou bastante preocupada. Assim que começaram a caminhar, portanto, ela deixou claro que só estava trabalhando na revista havia uma semana.
Nos primeiros momentos, seu parceiro pareceu se alegrar com o fato, depois se tornou pensativo.

— Mais cedo ou mais tarde, todos nós seremos avaliados. Quem ficará e
quem será demitido? Difícil prever. — Ele encolheu os ombros. — Enfim, o dia
F não tarda.
— Dia F? — Sakura questionou.
— Dia da fusão.
— Então você já foi informado a respeito — Sakura afirmou, mais do que
perguntou.
— Não, mas você, obviamente, sim.
— Não — Sakura se apressou a negar. — Por enquanto, estamos apenas
especulando assim como vocês.

Seu parceiro não pareceu acreditar na explicação. Fechou-se a conversas e
seguiu em frente como se estivesse indo para um campo de concentração.
Se os outros estivessem se comportando da mesma maneira, o fim de
semana seria um convite ao estresse e à paranóia, Sakura pensou. E à produção
de um ótimo documentário. Por outro lado, seu senso de ética já estava se
manifestando e ela descobriu que não daria uma boa espiã. Seu consolo era o
fato de que grande parte das atividades seriam filmadas por funcionários do
alojamento e não por ela ou por pessoas de sua escolha.
Sakura não estava sentindo dificuldade com a caminhada. Suas aulas
semanais de aeróbica, squash e a prática eventual de windsurf eram as
responsáveis por sua disposição física. Richard, contudo, pediu para fazerem
uma parada para descanso ao término do primeiro quilômetro.

— São novas? — Sakura indagou, solícita, quando Sasori se sentou no
chão e se pôs a desamarrar as botas.
— Em folha — ele confessou. — Precisei comprá-las porque não tinha
nada no gênero. — Ele indicou as botas de Sakura que certamente já haviam sido bastante usadas. — Costuma fazer caminhadas?
— Às vezes. Há dois anos, viajei de férias para a região dos lagos e não fiz
outra coisa a não ser andar e admirar a vista.
— Eu sou um homem da cidade — Sasori contou e se preparou para
descalçar uma das botas.
— Eu não faria isso em seu lugar. Não conseguirá tornar a calçá-las por
causa do inchaço dos pés.
— Acho que você está certa. — Ele suspirou. — Talvez seja melhor
continuarmos. Você se importa de ir mais devagar?

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