CAPÍTULO - OITO

3.7K 436 10
                                    

▶  C H A R L E E — M A N S F I E L D ◀

No dia seguinte, acordei um pouco tarde, agradecendo internamente por ser domingo, caso contrário meu emprego estaria perdido. Olho em volta, não vendo Yves. Minhas roupas também não estavam na minha vista, então me forcei a levantar, seguindo para o banheiro e lavando meu rosto, escovando meus dentes com uma das escovas novas e embaladas que tinha na gaveta. Prendo meus cabelos em um coque, não tendo paciência para arrumá-los agora e busco algo para vestir. Minhas roupas haviam sumido de fato, então ousei pegar uma camisa branca social do Yves. Espero que ele não se importe.

Visto uma de suas calças moletons e saio do quarto, vendo os funcionários limpando a bagunça da festa. Tento seguir o caminho que eu pouco me lembrava de onde poderia ser a cozinha, e por obra do bom universo, encontro Yves tomando café.

— Bom dia... — Murmuro, chamando sua atenção. Ele já ia responder, mas acabou ficando boquiaberto, me olhando de cima abaixo. — Ah, eu não encontrei minha roupa, então tive que vestir algo para sair do quarto. Tem problema?

— Não, de nenhuma forma. Sente-se e tome café. — Falou, e eu sorri, me juntando à mesa. — Suas roupas foram colocadas para lavar. — Informou e eu apenas assenti, vendo uma funcionária começar a me servir antes mesmo que eu fizesse isso.

— De qualquer forma, eu preciso ir para casa logo. Minha amiga também tem a vida dela. — Falo, tomando um pouco de café.

— Eu te levo. Mas... antes preciso te falar uma coisa. — Apontou, chamando minha atenção.

— O quê?

— Eu não sei até onde você tem conhecimento sobre a máfia, mas basicamente, inimigos meus tentam me atingir usando pessoas ao meu redor. Aquele ataque que sofremos também envolveu você. Estamos saindo frequentemente, e os franceses acreditaram ser algo mais. — Comentou, me fazendo arregalar os olhos, não tendo reação para aquilo.

— E... e isso significa...?

— É possível que você esteja em perigo. — Falou, agora me deixando nervoso, não sabendo o que dizer.

— O que... o que eu faço agora? — Questiono, vendo Yves suspirar, pensativo.

— Você deveria ficar aqui. — Falou, chamando rapidamente minha atenção.

— Ficou maluco?! Eu não posso ficar aqui. Tenho meus irmãos para cuidar!

— Charlee, não se faça de besta. Já viu o tamanho dessa casa? Tem espaço de sobra para você e para seus irmãos, mas se insistir em seguir com sua vida normalmente, não irei me responsabilizar, porque, de fato, eu avisei. — Apontou, me fazendo engolir em seco.

— Até quando? — Questiono, em desistência.

— Até eu resolver essa merda toda. — Ditou, convicto. Apenas assenti, respirando fundo.

— Eu preciso ir logo até meus irmãos, saber se estão bem. — Falo, nervoso. Yves apenas concordou, entregando minha roupa limpa, e após vesti-la saímos para minha casa.

— Obrigado pela ajuda, Pantera. — Falo, risonho. Ela sorriu, me abraçando. Pantera também trabalhava na boate e era uma das poucas que eu tinha intimidade e confiança o suficiente para chamar de amiga.

— Por nada. Eu amo esses pequenos. E eles são muito comportados. — Falou, apertando a bochecha de Aisha, que fez careta. E logo sou recebido com a correria de Elias, que pulou em meus braços logo em seguida.

— Hey, pequeno. Cuidado! — Falo, rindo, o beijando na bochecha e me abaixando para beijar Aisha.

— Olá, sr. Ferronatto! Que surpresa! — Pantera falou, assim que Yves apareceu atrás de mim.

— Oi. — Falou, seco.

— Bom, eu vou indo. Até mais, Charlee. — Falou, beijando minha bochecha e se retirando.

— Quem é ele, Lee? — Elias questionou, olhando curioso para Yves. Aisha parecia estar com medo dele, se mantendo afastada. Depois do que passou com nosso pai, ela não confiava muito nas pessoas, especialmente em homens adultos. Apenas em mim, que era seu irmão e que daria a vida para protegê-la. De resto, ela sempre demonstra medo.

— É um amigo, Elias. Ele vai nos ajudar. — Falo, sorrindo fracamente.

— Charlee, melhor não demoramos muito aqui. — Yves avisou, olhando em volta, cauteloso. Apenas assenti, pondo Elias no chão.

— Certo, vou só pegar nossas coisas e já volto. — Aviso, subindo para o quarto e pegando duas malas, colocando as roupas dos meus irmãos em uma e as minhas em outra, pegando o essencial, pois eu não pretendia ficar lá para sempre. Abro o porta-joia, pegando a correntinha da minha mãe, que tinha um significado indescritível para mim. O pingente era um coração prateado, que se abria e revelava duas pequenas fotos. Da minha mãe com nós três. Elias e Aisha ainda eram bebês e eu uma criança. Eu segurava Elias, enquanto minha mãe segurava Aisha.

Bons tempos... éramos felizes juntos...

Prendo as lágrimas que ameaçam vir, beijando o pingente e o colocando em meu pescoço, decidindo que o local mais seguro seria mantê-lo comigo.

Após tudo pronto, retorno para a sala, vendo Elias mexendo no cabelo de Yves, que estava sentado no sofá e claramente pedindo socorro. Acabei rindo com a cena, me abaixando e pegando Aisha nos braços. Ela ainda estava assustada e rapidamente se agarrou em mim, escondendo o rosto em meu pescoço.

— Estou pronto. — Falo, vendo Yves rapidamente se levantar, passando as mãos nos cabelos, na tentativa de arrumar seus fios e pegando as malas.

— Bom, então vamos. — Ditou. Pego a mão de Elias e então saímos dali, trancando a casa e entrando no carro.

É incrível como sua vida pode mudar do dia para a noite... E não sei dizer se isso é uma coisa boa.

É, definitivamente não é.

DONO DA MÁFIA, DONO DE MIM - Nova versão (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora