▶ C H A R L E E — M A N S F I E L D ◀
Minha vida estava uma bagunça e isso era certo. Eu acabei me tornando um prostituto fixo de Yves. Bem, é claro que ele mexia comigo, mas um homem como ele jamais namoraria um prostituto. E certamente, era assim que ele continuava me vendo. Havia ido morar com ele e minha mãe aparentemente estava dando sinais de melhora com o novo tratamento.
E isso... Isso não tinha preço.
— É surpreendente. Sua mãe está apresentando um quadro de melhora muito rápido. — O doutor falou, quando fui visitá-la. Meus olhos se encheram de lágrimas, mas lágrimas de felicidade, de alívio. Tudo que fiz e ainda faço é unicamente por ela e pelos meus irmãos. Minha mãe é uma mulher guerreira, que lutou até o último segundo para cuidar de mim, me proteger das agressões do meu pai, daquele homem asqueroso que agora eu felizmente aprendi a me defender de suas imposições.
As maiores cicatrizes quem carrega é a minha mãe, que se colocava em minha frente sempre que ele queria me bater. Chorávamos juntos e eu cresci enxergando a força daquela mulher, de como ela permanecia firme e forte para cuidar de mim e dos meus irmãos. Infelizmente, ela não teve tanta força para lutar contra o câncer. Ou melhor, ela tem. Ela quer viver e irá viver. Eu a amo tanto que seria capaz de dá minha vida pela dela se fosse possível.
— Ela ficará bem... Anime-se. — Yves me tranquilizou, me abraçando por trás e beijando o topo da minha cabeça. Sorri em meio às lágrimas, assentindo, a observando pelo painel de vidro, deitada, adormecida, mas recebendo seu devido tratamento.
— Obrigado por vir até aqui comigo... Não precisava. — Falo, me virando de frente para ele. Yves balançou a cabeça, me entregando um copo com café, no qual aceitei prontamente.
— Não seja bobo. Não iria deixar você vir sozinho hoje. — Falou, e eu sorri levemente, caminhando ao seu lado para fora do hospital.
Não sei explicar... Mas o clima entre nós parecia estranho.
Não tínhamos brigado nem nada, mas estava estranho, desconfortável, como se ambos quisessem dizer algo, mas não havia coragem para isso. Bom, eu sei tudo que queria dizer, mas não diria. Sei qual é o meu devido lugar nessa história e não quero criar falsas esperanças. No entanto, eu não sabia o que se passava na cabeça de Yves, não sabia o que ele pensava e se é que ele estava incomodado com algo ou era apenas coisa da minha cabeça. Bem, talvez seja o problema que estava rolando entre ele e seu irmão, talvez seja isso. Ele não reagiu bem com a aparição daquele homem.
— Charlee... Podemos conversar um minuto antes de retornarmos para casa? — Yves pediu, me fazendo olhá-lo.
— Claro... Sobre o quê? — Questiono, mas ele não responde de imediato. Ele suspira, desvia o olhar, e me encara novamente, parecendo calcular bem as suas próximas palavras.
— Eu não sei se é o momento mais adequado, e certamente não é o lugar mais propício para isso... Na verdade, eu não sei como... — Ele bufou, fechando os olhos, parecendo se enrolar nas palavras, algo que era definitivamente raro e intrigante vindo dele, que era sempre tão incicivo e decidido de suas atitudes. — Charlee, eu... Eu quero poder... Ah, merda...! — Resmungou, me fazendo sorri. Seguro sua mão, chamando sua atenção.
— Que tal a noite? — Sugiro, e ele engole em seco, concordando. Então entramos no carro e retornamos para casa.
Hoje eu não iria para a boate, onde agora eu apenas dançava. Alguns não gostaram muito dessa mudança, mas... fazer o quê, né? Ao que parece, Yves foi pessoalmente passar a ordem de que eu não atenderia mais nenhum cliente. Apesar da ousadia, eu agradeci internamente. Atender esse tipo de cliente não era fácil, e você lidava com todo tipo de gente, às vezes você tinha que bancar o professor, ensinando cada passo, outros traziam fetiches estranhos e a maioria não era nenhum pouco gentil.
Por ser protistuto, você ouve todo tipo de nome, dos piores possíveis, como se sua existência não tivesse valor algum. Bem, os casados te idolatram, as esposas desses homens, te odeiam e desejam tua morte – porém, continuam casadas com quem vai até a boate me procurar desesperadamente por uma noite.
É cansativo, afeta o psicológico, é perigoso, mas às vezes é a única oportunidade que te oferecem. Além disso... paga bem. Especialmente como dançarino principal.
Quando anoiteceu, Yves esperou que eu colocasse as crianças para dormir, e assistiu a todo momento. Aisha já estava se acostumando mais com a presença de Yves, não ficando tão temerosa. Ela ainda era muito nova, mas já havia presenciado a crueldade em que um homem é capaz de chegar com uma mulher. Meu pai só conseguiu bater nela uma vez, e quando eu vi aquela menina de 1 aninho apanhando de um bêbado asqueroso, eu enlouqueci. Ele podia gritar comigo o quanto quisesse, me bater o quanto quisesse, mas não nos meus irmãos. Então eu parti para cima dele, descontando todos os socos e chutes que minha mãe e meus irmãos receberam durante toda a vida. Deixei ele inconsciente e saí de casa, levando meus irmãos junto.
— O tio Yves pode me dá beijinho de boa noite também? — Elias questionou de repente, me pegando de surpresa. Olho para Yves, que estava na porta, petrificado.
— Amor, dorme... — Peço, mas quando percebi, Yves já estava próximo de nós, se inclinando sobre a cama e depositando um beijo na testa de Elias, que sorriu, se cobrindo e fechando os olhos, abraçando seu ursinho. Aisha o olhava desconfiada, com certo receio quando Yves se aproximou. Ela alternou seu olhar dele para mim, como se quisesse garantir que eu continuava aqui. Yves teve mais cuidado com ela, se aproximando devagar e a beijando no topo da cabeça, a cobrindo delicadamente em seguida. Ela sorriu timidamente, se ajeitando na cama e fechando os olhos.
— Você leva jeito com crianças... — Comento, sorrindo, enquanto caminhávamos em direção ao seu quarto.
— É... talvez. — Murmurou, mas não parecia dá tanta atenção ao meu comentário. Sua mente parecia em outro lugar.
— Bem, o que queria me dizer? — Questiono e ele para em frente a porta de seu quarto, me olhando por longos segundos em silêncio.
— Entra. — Pediu, abrindo a porta do quarto. Suspiro, adentrando o ambiente e ficando mais confuso ao ver ele fechar a porta sem entrar.
— Hey! — Exclamo, tentando abrir, mas ele não deixou.
— Me ouça! É mais fácil assim. Você me deixa nervoso. — Resmungou, o que me fez suspirar, revirando os olhos.
— É sério? Quantos anos você tem? 15? — Resmungo, mas não obtive resposta. — Tudo bem... fale. — Me rendo, ficando encostado na porta, esperando ele começar.
— Certo...
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Amores, vi alguns perguntando sobre a demora das atualizações, e sim, eu estou escrevendo muitos livros no off ao mesmo tempo, inclusive a série do Alto Escalão, a qual dou mais prioridade, além de algumas novidades que estou preparando cuidadosamente pra vocês. Então perdão pela demora, vou tentar atualizar com mais frequência!
Até logo!!!
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DONO DA MÁFIA, DONO DE MIM - Nova versão (Romance Gay)
Dragoste*REESCRITO* "Eu descobri nele, o que era realmente o prazer real. A beleza única" "Ele me mostrou, o prazer em viver no perigo. Eu vi nele, o que não vi em nenhum outro. Ele era singular" PLÁGIO É CRIME! CRIE, NÃO COPIE :3