Capítulo 22

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Jungkook

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Jungkook

Eu sempre fiz tudo o que os meus pais queriam, pois segundo eles, seria o melhor para mim como um diretor no futuro, abdiquei minhas vontades para fazer as deles acreditando que era o caminho certo. E eu acreditei em tudo cegamente, afinal, eu tinha nove anos quando decidi que queria ser o sucessor do vovô, o homem que eu mais admirava de toda a família. Que sempre batia de frente com os problemas e enfrentava tudo de cabeça erguida.

Eu queria ser como ele.

Então, eu fiz o possível para adiantar meus estudos. Aprendi novos idiomas e acompanhei meu pai em suas diversas reuniões com pessoas admiráveis de paletó e gravata. Meu avô sempre ficava na ponta da mesa, meu pai do seu lado direito e eu, mesmo criança, ficava do seu lado esquerdo. Xeretando tudo e observando a maneira que eles se portavam.

Como meu avô não tinha muito tempo para mim, além daquele que ele dava na sala de reuniões. Eu era manipulado por meus pais para me tornar uma máquina de dinheiro ao fazer negócios de sucesso. Era assim que eu conquistaria meu avô, eles diziam. Eu não precisava descansar, nem ter amigos, muito menos acompanhamento de um psicólogo que auxiliasse na minha saúde mental.

Dessa forma, me tornei uma marionete sem defeitos, sem tempo para sentimentos ou para diversão. Nada existia além de uma mesa abarrotada de documentos para analisar, exercícios para estudar e reuniões para assistir, mesmo que eu ainda não tivesse um cargo na empresa. Meus estudos e comportamentos foram regulados de por meus pais.

Eu precisava ser o melhor.

Assim que acabei o primeiro ano do ensino médio, meus pais me chamaram para conversar, eles tiveram uma decisão incrível para mim. Um intercâmbio fora do país para ampliar meus horizontes. Isso foi incrível saindo da boca deles, e um terror para os meus ouvidos. Eu não sabia nada sobre o mundo real e mesmo assim, no dia seguinte eu já estava em um avião em direção a Europa.

Foi difícil me adaptar aos horários, à cultura, a me conectar com pessoas que não fossem executivos. Mas eu consegui ainda que de maneira lenta, acima de tudo, eu era um Jeon. E um jeon precisa sair na frente de todos.

Até que… Eu não estava conseguindo mais. O bullying, o segundo lugar e a mente inundada de preocupações, muitas coisas para fazer com pouco tempo. Contatos, festas, estudos, reuniões.

Eu não sabia fazer as coisas mínimas como cozinhar um café da manhã, e o dinheiro que meus pais mandavam era apenas para bancar meus estudos e comprar algumas coisas. Nada de empregados ou mordomos.

Quando minhas notas começaram a baixar, o diretor resolveu falar comigo e me sugeriu acompanhamento psicológico, e foi aí que eu abri os olhos. Ainda não era tarde para recomeçar e foi isso que eu fiz.

A visita a psicóloga acontecia duas vezes por semana. Foi difícil falar sobre mim, assim como mudar meus hábitos, mas não foi impossível.

Se os meus pais achavam que ir para longe deles faria de mim uma pessoa melhor, eles estavam completamente certos, pois eu me livrei das amarras deles e agora caminho com os meus próprios pés e faço aquilo que eu quero e acho certo. O mundo é grande, no fim das contas.

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