Segunda opção

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Mais um dia começou e esse seria o nosso último na casa de campo da Sheilla. Foi difícil acordar cedo, mas eu não queria perder a oportunidade de curtir mais um pouquinho de sol antes da hora de ir embora, já que o dia anterior choveu e ficamos bem distantes da piscina. Hoje Caroline não se ofereceu para passar protetor em mim, eu sabia que a boa vontade dela duraria pouco. 

Sheilla precisava pegar as tutucas a tarde com o pai, então ficamos na piscina apenas até o finalzinho da manhã e depois organizamos tudo para sair. A primeira a ir embora foi Brait, que tinha vindo no seu próprio carro. Nos despedimos dela e já deixamos encaminhado um jantar após nosso confronto na Superliga. O resto de nós partiu logo em seguida.

— Gente, é sexta-feira, vamos fazer alguma coisa! — Tentei agitá-las, eu estava disposta a fazer alguma coisa hoje, a saudade das noites do Brasil era enorme. Sheilla negou porque queria passar um tempo com as tutucas e Thaisa já tinha um aniversário para ir.

— Sobramos nós... — Virei para Carol e Nai com um grande sorriso a fim de convencê-las.

— Você esqueceu que tá morando no meu apartamento? Eu não tenho muita escolha, mas até que me parece uma boa ideia! — Nai respondeu.

— Se a psicóloga não tiver disponível pra me ver eu posso encontrar com vocês — Carol falou sem tirar os olhos do celular e eu revirei os olhos descaradamente.

— Nem precisa se dar o trabalho Caroline, nós não queremos ser segunda opção! — Respondi com toda minha grosseria. Ela não me via desde o ano passado e estava priorizando uma mulher sem graça que podia encontrar a qualquer momento, isso não faz o menor sentido.

— Não começa, Rosa. Passei dias com vocês e agora tô com saudade dela. O mundo não gira em torno de você não, sabe? 

— Me poupe! Tá com saudade dela mas todas nesse carro sabem que daqui a duas semanas tu já vai ter enjoado da mulher e aí vai procurar a gente querendo sair. Pois saiba que estarei prontinha pra negar o convite bem na sua cara.

— Pisa nesse acelerador aí, Sheilla. Quero chegar logo em casa, eu não aguento ficar no meio dessas duas brigando não — Nai pediu e Sheilla deu uma risadinha. Eu fechei meus olhos e tentei tirar um cochilo, enquanto Carol colocou os fones de ouvido e virou a cabeça para a janela.

Sheilla deixou eu e Naiane no apartamento, eu me despedi de todas no carro mas fiz questão de nem olhar na cara da Caroline. No momento que pisamos em casa Nai já veio me dar um sermão.

— Amiga, você precisa parar de se irritar sempre que a Carol não faz algo que você quer. Todo mundo ficou super sem graça no carro! Antes que diga que eu tô tomando um lado, eu sei que ela não é nenhuma santa e também começa as discussões às vezes, mas vocês precisam parar com isso, daqui a pouco essas brigas passam pra dentro de quadra e aí vai ter um monte de gente plantando crise no Minas.

— Vai me dizer que tu acha certo ela trocar a nossa companhia pela psicóloga sem graça? Ela se acha super requisitada, como se sair com a gente fosse um favor na agenda conturbada dela! 

— Por que você tá chamando a mulher que nem conhece de sem graça? — Nai balançou a cabeça em reprovação — Quer saber a verdade? Acho que você tá com ciúmes dela só porque ela ficou muito tempo distraída no celular. Se não fosse essa psicóloga podia ser qualquer outra mulher e você implicaria também. 

— Ciúme do quê, Naiane? Pelo amor de Deus! Eu só estava gostando dos nossos dias juntas e queria prolongar isso um pouquinho — Respondi e fiquei realmente ofendida. A Carol já tinha lançado uma indireta e agora Nai veio com essa. É impressão minha ou todo mundo surtou?

TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora