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POV ROSAMARIA

Nas últimas semanas Carol tem me tratado bem de um jeito que nunca fez antes, e desde que voltei para o Brasil esse é o tempo recorde que estamos conseguindo manter uma relação saudável sem brigas. Eu não sei se como capitã ela tem alguma influência na divisão de quartos, mas é claro que não me surpreendi quando soube que nós ficaríamos juntas essa temporada. Chegamos no Rio de Janeiro um dia antes do jogo contra o Sesc-Flamengo pela estreia na Superliga. 

— Amanhã depois do jogo nós podemos comemorar nossa vitória ou chorar nossa derrota naquele bar colorido famoso que tem por aqui, né? As meninas do Praia vieram uma vez e eu fiquei morrendo de inveja! — Naiane comentou enquanto estávamos entediadas no saguão do hotel esperando toda a equipe fazer check-in para enfim subirmos juntas para os quartos.

— É Boleia o nome. A Carolana contou que tinha muita mulher bonita. Vamos, vamos! — Carol foi a primeira a se empolgar.

— Se preserva, mulher. Às vezes você parece um adolescente que acabou de entrar na puberdade — Todas riram quando coloquei a mão no ombro de Carol e falei isso. É aquele tipo de comentário que todo mundo pensa mas ninguém tem coragem de falar.

— Tá com ciúme, meu amor? Eu não tenho como te esperar pra sempre! — Carol passou a mão no meu rosto.

— Ciúme de ti? Só se for nos seus sonhos — Afastei sua mão e debochei enviando um beijo no ar.

— Porra, se engulam logo, cara! — Thaisa falou e eu arregalei os olhos. Não sei porque ainda me surpreendo com a falta de limites dela, mas eu entendo que deve ser bem cansativo para quem vê eu e Caroline de fora, porque muitas vezes nos fechamos no nosso mundinho mesmo com várias pessoas ao redor, seja brigando ou provocando.

— Até eu vou ter que concordar com a Thaisa dessa vez — Macris riu.

— Se a vegana falou tá falado. Cê vai negar um pedido dela? Isso dá cadeia em vários países — Carol, que estava de pé ao meu lado, em um movimento rápido sentou no meu colo e colocou os braços ao redor do meu pescoço, fazendo um bico com os lábios como se fosse me beijar — Vem cá, Rosa! Vamos fazer a vegana feliz!

— Saaaaaiii!!! — Comecei a dar tapinhas nela e a gargalhar com sua falta de noção de fazer isso em público. 

— Vai dar casamento essa porra — Thaisa disse olhando para Macris, que acenou positivamente com a cabeça.

— Que nada, a Rosamaria já me disse que não acredita em casamento — Carol saiu do meu colo e virou seu olhar para Thaisa. 

— Eu sou aberta a mudar de ideia, cabe a você me fazer acreditar! — Falei brincando e percebi que talvez tenha sido um pouco além do que o esperado. Macris, Nai e Thaisa soltaram risadinhas e me olharam como se não acreditassem no que eu havia falado, enquanto Carol ficou com as bochechas vermelhas igual tomate e não conseguiu formar uma frase para me responder. Ela foi salva por Sheilla, que chegou até onde estávamos para avisar que já poderíamos subir para os quartos.

Após o check-in feito, deixamos nossas coisas no quarto do hotel e fomos direto para a academia fazer musculação. Não tivemos treino com bola, o técnico preferiu usar o resto da tarde para assistirmos vídeos do Sesc-Flamengo para que pudéssemos discutir sobre alguns pontos críticos. Fomos liberadas no início da noite e ficamos no hotel mesmo para descansar, já que o jogo seria na tarde seguinte.

— Carol? — Perguntei enquanto ela estava distraída procurando o pijama na bagunça que é sua mala.

— Oi? — Em sua mão havia um par de meias e na outra uma camisa de treino, ela não tirou os olhos da mala ao responder.

TentaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora