Tentação

Quase definido

POV ROSAMARIA

— Como a gente faz pra saber quando quer namorar com alguém? — Perguntei e vi um sorriso se abrir no rosto da minha amiga.

— Quando a gente faz esse tipo de pergunta — Naiane apoiou o cotovelo na porta e permaneceu me olhando com um sorriso satisfatório apenas esperando que eu falasse alguma coisa. Eu a encarei desesperada. 

— Eu tô falando sério, me ajuda! Eu não sei o que eu quero, Nai.

— Você sabe sim, você só tá com medo porque nunca quis isso antes.

As palavras de Naiane me atingiram com uma força que eu não sei nem explicar. Eu estava tão desnorteada com aquilo tudo que nem entrei no quarto dela, nós conversamos no corredor mesmo e não durou muito tempo. Poucos minutos depois eu já estava de volta ao meu quarto e ao abrir a porta encontrei Caroline andando em direção a cama com pressa.

— Tu tava ouvindo pela porta? — Coloquei as mãos na cintura e levantei apenas uma sobrancelha.

— Claro que não — Franzi a testa e mantive meus olhos nela, que baixou os ombros e admitiu — Tá, eu tentei ouvir, mas não consegui. Desculpa, é que você saiu tão rápido e...

— Eu só fui perguntar uma coisa pra Naiane — A interrompi e andei até ela. Carol sentou na cama e abraçou minhas pernas, já que eu estava de pé. Fiz um carinho em seu cabelo e levantei seu rosto em minha direção, seu olhar era de medo. 

— Cê quer continuar a conversa que a gente tava tendo? — Ela encostou a cabeça em minha barriga e abraçou minhas pernas mais forte.

— Pra ser sincera, agora não — Dei um sorriso e beijei sua testa — Vamos ver o filme?

— A gente não escolheu um filme — Carol me olhou confusa.

— Pode escolher, eu vejo o que você quiser — E após falar isso percebi que talvez essa fosse a maior prova que eu realmente precisava definir algumas coisas na minha cabeça. Eu sempre fui chata para assistir o tipo de filme que Carol gosta, mas com ela, agora, eu queria.

— Preciso só te fazer uma pergunta — Ela me olhou desconfiada e fiz sinal pra que prosseguisse — Devo me preocupar? Com a gente e com essa fuga até a Naiane? Eu não sei se consigo lidar com algumas coisas de novo...

— Tu não precisa se preocupar nem um pouquinho. Nadinha de nada.

Caroline sorriu em paz e eu me aconcheguei em seu peito enquanto ela dava play em um filme que eu odiaria cada minuto, mas isso não importava para mim. Não voltamos a tocar no assunto durante as próximas horas, focamos no lado profissional e em concentrar para ter um bom desempenho no jogo. 

Apesar de tudo parecer bem, tenho certeza que Carol ainda achava que eu estava fugindo do diálogo. Eu conseguia sentir a sua insegurança por mais que ela tentasse disfarçar. Parece inocente, coisa que eu não sou e nunca fui, mas ela me faz sentir coisas que são muito novas pra mim e finalmente consigo sustentar isso. Eu não preciso entender tudo e nem ter todas as respostas em relação ao que espero de nós duas. 

No dia seguinte nosso vôo de volta a BH seria no fim da tarde então combinamos de ir a praia de manhã junto com algumas meninas do time. Acordei com beijos da Carol em minhas costas e me surpreendi ao ver que ela já estava pronta e tinha separado minha roupa também. Organizou tudo sozinha só para me deixar dormir mais um pouquinho, ela não sabe o quanto eu valorizo isso. Organização não era seu forte, mas me agradar sim.

— Eu preciso te contar uma coisa — Ela falou e o seu tom de voz diferente já me deixou alerta. Sentei na cama imediatamente e separei nossos corpos. O medo do que ela falaria já estava causando efeitos no meu corpo porque eu senti um frio na barriga enorme.  Naqueles poucos segundos após a frase eu já imaginei mil cenários horríveis do que podia ter acontecido, e em todos dava alguma merda entre a gente.