Capítulo Três

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- Casar por amor? - Ian balançou a cabeça, sem poder acreditar, andando de um lado para o outro em frente à lareira da biblioteca do seu irmão. - Com toda a confusão em que ela se meteu e com apenas seis semanas para encontrar um marido, ela espera se casar por amor. Me diga: isso não é um absurdo?
- Absurdo, realmente. - Dylan Moore se recostou na poltrona e deu um gole no seu conhaque. - Não é nem um pouco razoável que uma jovem tenha essa expectativa.
O tom de ironia na voz do irmão não escapou a Ian, e ele olhou Dylan com impaciência, sem parar de andar de um lado para outro.
- É pouco razoável. Ela é filha de um príncipe e não filha de um pequeno comerciante. E a reputação dela está gravemente prejudicada. Será que ela não entende isso?
- Tenho certeza de que você explicou direitinho para ela.
- Como se tivesse adiantado alguma coisa! - Ian virou-se e começou a cruzar o tapete em frente à lareira mais uma vez. - Ela realmente pensa que o príncipe Cesare vai colocar as noções românticas dela acima da política internacional?
- A maioria das jovens não se importa nem um pouco com a polícia internacional. Desconcertante, eu sei, mas é assim que é.
- Levando em consideração o comportamento passado dela, suponho que eu não deveria ter esperado que ela considerasse essa questão com bom senso e juízo, mas ela está apenas prejudicando a si mesma ao ignorar sua posição e o seu lugar no mundo. Sendo ilegítima, ela não é uma princesa, mas ainda assim tem um dever para com a Casa de Bolgheri. O príncipe Cesare está determinado a casá-la. Ela não pode ter a menor esperança de desafiar os desejos do pai.
Dylan riu.
- Você fala como um homem que não tem filhas. Se a minha Isabel servir de referência, os desejos dos pais não importam muito.
Ian não conseguia achar graça como o irmão.
- Isso não vai ser fácil, meu caro. Nobres britânicos católicos são uma mercadoria rara.
- Mas também são raras as mulheres católicas adequadas para se casar com eles - Dylan contrapôs, demonstrando despreocupação pelas dificuldades enfrentadas por Ian.
- Aonde quer que essa moça vá, o escândalo vai atrás - continuou Ian. - E se a sua religião, a sua reputação maculada e a sua rebeldia não fossem causa suficiente para preocupação, existe ainda a questão da mãe dela.
Com essas palavras, ele sentiu que precisava de um trago. Caminhou a passos largos até o armário de bebidas.
- A Casa de Bolgheri é uma aliança de valor - disse ele, enchendo um copo de vinho do Porto para si. - E existe o fato de que ela traz consigo uma enorme renda. Diante disso, posso convencer um nobre católico adequado e com riqueza própria a se casar com Miss Valenti, apesar das imprudências cometidas por ela, mas a questão da mãe torna tudo muito mais difícil. Ela teria que romper todo contato com a mulher, algo que se recusa veementemente a fazer. Na verdade, ela exige que o seu futuro marido concorde em aceitar Francesca como parte da sua família. Aceitar uma notória cortesã na família? Meu Deus, que idéia!
- Deixaria as coisas diabolicamente difíceis de manejar nas reuniões de família - concordou Dylan. - Você, que sabe tudo sobre o protocolo correto, me responda: um lorde deve convidar a sua sogra de má reputação moral para os batizados dos seus filhos?
Ian não estava nem um pouco inclinado a entrar no clima de gracinhas sarcásticas do irmão.
- Com os diabos, Dylan, você não pode levar alguma coisa a sério uma vez na vida? - Ele voltou a se dirigir à lareira e recomeçou a andar de um lado para outro, pesando em voz alta. - Depois que ela estiver casada, o marido que cuide dela e da questão da mãe como achar melhor. Mas até lá, a relação dela com Francesca é problema meu. Eu não quero separar a moça da mãe pela força, mas parece que serei obrigado a fazê-lo.
- Não é a coisa mais diplomática a fazer.
- Não, mas diante da rebeldia dela, talvez eu não tenha opção. Cada momento que ela continua vivendo com a mãe a prejudica ainda mais e torna a minha tarefa mais difícil. Se eu quiser comprar o meu dever, tenho primeiro que providenciar que ela seja aceita na sociedade, e isso significa que ela não pode ficar na casa de Francesca.
- Então, o que você vai fazer com ela?
- Esse é o ponto crucial. Assumir o encargo de tomar conta de uma jovem é uma responsabilidade enorme. Dadas as atividades passadas da moça, vai ser preciso muita persuasão para que alguma senhora assuma essa responsabilidade. Se a moça se meter em alguma encrenca, a chaperon dela também será alvo de críticas.
- Você vai encontrar alguém, tenho certeza.
- Suponho que sim, mas não tenho muito tempo. E a moça não está com disposição de cooperar.
- E você pode culpá-la por isso?
- Eu esperava que ela enfrentasse os fatos e tivesse bom senso. Mas, pelo contrário, ela alternou impertinência, exigência é rebeldia. Não esperava nem um pouco que uma jovem de boa linhagem se comportasse daquele jeito.
- isso é realmente tão surpreendente, diante da forma autocrítica com que você tentou impor tudo isso a ela?
- Eu não sou autocrático. Nem tento impor nada. - Ian viu Dylan levantar uma sobrancelha, revelando suas dúvidas quanto a isso, mas prosseguiu: - Como eu lhe disse, o tempo e curto, e eu apresentei a ela sua verdadeira situação de maneira direta e franca. Em troca, não recebi nada que não fosse desaforo e ressentimento. Com vinte e dois anos, ela deveria ter resolvido um pouco de seriedade, mas nada disso. A moça sente um descaso inacreditável em relação à sua virtude, sua posição seu dever e seu futuro. - Ele andou de um lado para outro do tapete mais uma vez. - Por quê? - perguntou-se ele, resmungando. - Por que os italianos sempre têm que ser tão problemáticos?
- Não é porque ela é italiana - disse Dylan, e sua voz traia o seu divertimento com a situação. - É o fato de ela ser uma mulher que está irritando você.
Essas palavras fizeram Ian parar abruptamente a sua caminhada pelo tapete. A imagem do seu cartão sendo enfiado na fenda do corpete de Miss Valenti lhe ocorreu como um relâmpago. Ele tomou mais um gol e de vinho do Porto.
- Não sei o que você quer dizer. Não sei do que você está falando.
- Baseando-me no que você descreveu, você discutiu essa situação com ela nos seus termos. Relações internacionais, ramificações políticas, dever, honra.
- E daí?
- O que tudo isso importa a ela? Do ponto de vista dela, eis que surge do nada um homem que ela nunca viu e que, em nome do pai dela, despeja regras sobre a vida é o futuro dela, conversando como se ela fosse um problema inconveniente de que ele quer se desobrigar o mais rapidamente possível. Não admira que ela tenha ficado ressentida. Qualquer mulher ficaria.
Isso era a pura verdade, e Ian sabia disso. Ele olhou para o irmão mais novo, assumindo a sua postura mais digna.
- Parece que eu fiz um pequeno erro de cálculo diplomático.
- Para dizer o mínimo. O que você tinha na cabeça, o que estava pensando?
Ele não tinha pensado em nada a não ser em ficar livre daquele problema menor.
- Não vou repetir esse erro, garanto a você. Quando eu me encontrar novamente com a jovem, pretendo aplicar a primeira regra da diplomacia.
- Qual é?
- Conseguir o que você quer fazendo a pessoa pensar que está conseguindo o que ela quer.
- Perfeito. Apenas se lembre de que você não está negociando um acordo comercial com Portugal. - Dylan tomou um trago de conhaque. - Se você quer o meu conselho...
- Não quero.
- Nunca se esqueça de que ela é uma mulher.
A memória das curvas generosas de Lucia Valenti e de sua boca vermelha como cereja estava bem viva na cabeça de Ian. Esquecer que ela era uma mulher? Ele virou o resto do vinho do Porto. Nem um pouco provável.
Na manhã seguinte, Lucia não se surpreendeu ao receber uma nota de Sir Ian, dizendo que ele lhe faria uma visita naquela tarde, que detestaria lhe causar qualquer inconveniência, mas manifestando a fervente esperança, nas suas palavras, de que ela estaria disponível para recebê-lo. Uma nota muito diplomática, mas, no meio de todas as frases delicadas, ele mencionava casualmente o relatório que estava escrevendo para o pai dela sobre a situação.
Lucia ficou batendo a nota contra a palma da mão, pensando no quer iria fazer a seguir. Ela iria cooperar com os planos do pai, mas nos seus próprios termos, e isso significava encontrar um homem que a amasse. O amor não poderia ser forçado, de forma que a única opção dela era aceitar o Conselho da mãe, ficar com pessoas respeitáveis, ir a festas, encontrar-se com homens jovens e se divertir. Nesse ínterim, talvez o amor a encontrasse. Uma coisa que não faria do jeito nenhum era parar de ver a mãe. Ela pretendia visitar mamma sempre que quisesse. Isso significava encontrar uma chaperon que ela pudesse driblar. Sir Ian simplesmente teria que ver a situação do jeito dela.
Ele podia ser ditatorial, arrogante e de coração frio, mas continuava a ser um homem. Doce como o mel, lembrou a si mesma naquela tarde, quando o nome dele foi anunciado e ele entrou na sala de visitas.
- Excelência - disse ela, cumprimentando-o com uma mesura muito respeitosa do que na última vez. Ela se sentou e indicou o lugar à sua frente para que ele se sentasse.
- Miss Valenti - disse ele ao se sentar na poltrona que lhe fora oferecida. - Temo que tenhamos tido um péssimo início ontem, e gostaria muito de remediar isso.
- Eu também. - Um pouco de adulação, pensou ela. Se agisse como uma moça ligeiramente desorientada, porém arrependida, e sutilmente o fizesse sentir-se importante, ela controlaria a situação. Lucia sorriu para ele. - Sir Ian, eu também sinto isso. Não sei o que deu em mim ontem. Sem dúvida o senhor é eu podemos encontrar formas de fazer concessões e chegar a um acordo.
- Estou certo de que sim. - Ele fez uma pausa e depois disse: - Talvez devamos começar com o discussão sobre onde a senhorita vai viver até o fim da temporada. A senhorita já pensou nisso?
Perfeito, pensou ela.
- Sim, sim. Refletindo melhor, sei que o senhor tinha razão em grande parte do que disse. Percebi que a casa da minha mãe não é o lugar apropriado para eu ficar. - Ela abriu as mãos em um gesto de quem pede por compreensão. - Eu amo a minha mãe, e tive pouca oportunidade de visitá-la nesses anos todos. Sinto uma forte resistência em deixá-la.
ele se inclinou para a frente, ansioso em aceitar o ponto de vista dela.
- Certamente, a sua afeição pela sua mãe e a sua relutância em se separar dela são compreensíveis. A senhorita é uma mulher de coração amoroso.
Lucia pôs a mão sobre aquele coração amoroso, bem consciente do que aquele gesto acentuava. Afinal de contas, para conseguir as coisas do seu jeito, uma mulher tinha que usar as armas de que dispunha da forma mais eficiente possível. Quando os cílios de Sir Ian abaixaram um pouquinho, ela se agarrou à esperança de que ele estivesse avaliando duas das suas melhores armas.
- Para mim, é difícil deixar mamma e passar a morar com estranhos - continuou ela -, mas percebo que tenho que fazer isso. O primeiro passo, então, é determinar com quem eu posso ficar. Tenho certeza de que o senhor frequenta os melhores círculos da sociedade. Qual é a sua opinião?
Ele voltou a olhar para o rosto dela.
- Há diversas possibilidades excelentes. No nosso espírito de concessões mútuas, talvez eu deva resumi-las para a senhorita, e a senhorita escolhe qual lhe parecer mais atraente. O que acha?
- O senhor é muito atencioso. - Ela lhe deu um olhar de gratidão. - Talvez o senhor possa começar com a sua própria preferência?
- É a sua preferência que importa, Miss Valenti.
Se eles continuassem por muito mais tempo com essa troca de consideração mútuas, os dois ficariam com náusea, pensou ela.
- O senhor é muito gentil, Sir Ian, mas me oriente, por favor.
- A condessa de Snowden é uma das possibilidades que a senhorita deve levar em consideração. O histórico dela é impecável, e qualquer jovem de quem ela for chaperon será aceita em qualquer lugar.
- Como é ela?
- Uma senhora extremamente amável e muito adequada. Ela fala devagar e é um pouco surda, mas, afinal de contas, tem quase setenta anos. Não frequenta muitos eventos à noite, mas se a senhorita gostar de jogar cartas, especialmente piquet, ela vai adorá-la. A casa dela fica a vários quilômetros de Londres, mas depois que eu escolher diversos jovens adequados para a senhorita encontrar, eles podem fazer visitas a Lady Snowden e à senhorita sem muito problema. Ela vive um pouco longe de qualquer divertimento, mas tem uma ótima carruagem de quatro rodas e ficaria contente em levá-la a passear uma ou duas vezes por semana. Eu teria absoluta confiança em deixar a senhorita nas mãos dela.
- Ela parece uma chaperon extremamente adequada - respondeu Lucia, pensando exatamente o oposto. A idade era uma coisa boa, mas a mulher morava fora da cidade e não haveria como sair e ver mamma sem correr um risco enorme. Não, Lucia não achava que ficaria com Lady Snowden.
- Fale-me das outras que o senhor considerou - sugeriu. - Afinal de contas, eu tenho que fazer uma escolha judiciosa.
- Sem dúvida. Lady Deane é outra possibilidade. A baronesa é uma mulher extremamente entusiástica e revigorante. Ela tem uma constituição forte e acredita em longas caminhadas ao ar livre todas as manhãs, ao nascer do sol. O exercício é, segundo ela, extremamente benefício e salutar. Ela é uma líder inflexível, mas, na minha opinião, isso desenvolve o caráter de uma pessoa.
- Estou certa de que o meu caráter precisa de um pouco de fortalecimento - disse Lucia de cara limpa. - O meu comportamento passado, admito, foi um tanto... impulsivo.
- Com Lady Deane não haveria perigo de a senhorita dar passo social em falso, de forma que a senhorita não deve se preocupar com isso. Ela a manteria sob a sua vigilância com o maior cuidado.
- Não tenho nenhuma dúvida disso. E eu adoro acordar ao amanhecer. - Ela fez uma pausa, abriu bem os olhos e mordeu o lábio, na esperança de que sua aparência fosse de uma mulher frágil e indefesa. - Mas tenho dúvidas quanto a fazer exercícios. Afinal de contas, são os homens que devem ser fortes.
Ela inclinou a cabeça e deixou o seu olhar passear pelos ombros largos e o peito do homem sentado à sua frente, e não precisou simular que aprovava o físico dele. Por mais que detestasse admitir, o corpo dele era esplêndido.
- Os homens de força e poder - continuou ela com uma voz bajuladora -, homens como o senhor, Sir Ian, são muito atraentes para as mulheres, para o... coração feminino.
Ele abaixou os olhos novamente, mexeu-se na cadeira e olhou em outra direção. Lucia sorriu, sabendo que naquele momento o coração dela era a última coisa na qual estava pensando. Ela soltou um suspiro e balançou a cabeça como se estivesse saindo de um devaneio de admiração.
- Mas estou divagando. Perdão. O senhor tem alguma outra sugestão?
Ele também parecia estar saindo de um torpor e demorou um momento para responder.
- Há Lady Monforth, naturalmente. Seria uma situação perfeita para a senhorita. A marquesa é uma chaperon extremamente adequada, e a filha dela, Sarah, só tem alguns anos a mais do que a senhorita, de forma que a senhorita teria companhia. O endereço delas em Londres é no centro do bairro de Mayfair. Muito elegante. E provavelmente a uma distância pequena da casa de sua mãe. Lucia sentiu um vislumbre de alívio.
- Isso parece muito promissor. Como é a filha?
- Lady Sarah é a jovem mais encantadora que eu conheço - respondeu ele, a admiração masculina óbvia no calor súbito da sua voz. - Uma beldade estonteante. Cabelos dourados, olhos azuis profundos e uma compleição alva com o leite. A epítome das qualidades da mulher inglesa. Eu a admiro muito, mas isso não é de estranhar, porque acontece com a maioria dos homens.
Lucia reprimiu a vontade de fazer alguns sons de vômito.
- Ela está sempre cercada de admiradores - continuou Sir Ian. - Através dela, muitos jovens adequados teriam a oportunidade de conhecer a senhorita. Talvez ela não seja uma companhia das mais inteligentes - acrescentou ele, com um sorriso indulgente. - Mas estou certo de que ela é a senhorita conseguiriam encontrar coisas sobre as quais conversar. As jovens discutem todo tipo de coisas que nós, homens, não entendemos. A moda das mangas e das fitas de cabelo, e assim por diante.
Lucia começou a se perguntar como um homem tão obtuso tinha se tornado um diplomata tão respeitado. Ele realmente achava que ela poderia se tornar amiga de uma mulher que era, ao mesmo tempo, bela e burra? Elas desprezariam uma à outra.
- Há alguma outra opção?
- Acredito que não... - Ele franziu as sobrancelhas, pensando no assunto.
Lucia aguardou, na esperança que El falasse o nome de alguém, de qualquer pessoa que parecesse remotamente de acordo com as necessidades dela, de alegria e independência.
- Há o meu irmão, suponho - disse ele, em tom de dúvida. - Ele é a esposa vivem em Portman Square, bem no centro de tudo. E são muito amigos do duque e da duquesa de Tremore. Esse é um relacionamento de valor. Mas... melhor não. - Ele balançou a cabeça. - Eu não poderia nem mesmo pensar em deixar a senhorita fixar lá. Meu irmão é terrível, e a esposa dele... bem, é difícil pensar que ela seria uma chaperon apropriada. Ela mesma provocou um grande escândalo quando era solteira.
- Provocou? - O ânimo de Lucia começou a melhorar. - O que ela fez? Conte-me.
O rosto de Sir Ian adotou uma expressão de grave desaprovação.
- Ela fugiu para a Europa continental com um pintor francês quando tinha dezessete anos. Ela conhecera o homem havia uma semana. Uma semana, veja bem. E ele só casou com ela dois anos depois.
Para o modo de pensar de Lucia, essa parecia uma boa possibilidade.
- O que aconteceu?
- Depois da morte do marido, Grace voltou à Inglaterra, mas a reputação dela estava arruinada. Ela se tornou amante do meu irmão. Não é preciso dizer que isso não contribuiu para ela recuperar a responsabilidade. Meu irmão Dylan era um grande libertino na juventude, envergonho-me de admitir.
- Dylan? - Antônita, Lucia ficou olhando fixamente para Sir Ian, sem conseguir imaginar que esse homem tivesse um irmão com reputação de agir de forma pouco convencional. - O seu irmão é Dylan Moore, o compositor?
- Sim, temo que sim. Sei que a senhorita compreende que ficar com eles não seria a melhor opção.
Ah, seria sim. Ela gostava de pessoas pouco convencionais. E Grace Moore, tendo ela mesma estado envolvida em escândalos, sem dúvida seria uma chaperon permissiva. Lucia poderia ir para onde quisesse, fazer o que quisesse e visitar a mãe quando bem entendesse. Ela decidiu que estava na hora de mais um pouco de bajulação. Lucia se inclinou para a frente na poltrona, de olhos muito abertos e séria.
- Mas, Sir Ian, o senhor é um membro da família deles. Dada a sua reputação impecável e posição de influência, o seu irmão e a esposa dele devem ser considerados pessoas respeitáveis.
- Agora eles são. - Ele passou a mão na gravata, aparecendo contente consigo mesmo. - Depois que eu consegui salvar a reputação de Grace.
- O senhor conseguiu? - Ela lhe deu um olhar especial de admiração. - Então eu não sou a primeira jovem a ser salva pelo senhor? Não estou nem um pouco surpresa, dadas as suas habilidades diplomáticas.
- Nem tudo se deve a mim - respondeu ele, tentando parecer modesto. - A duquesa de Tremore e sua cunhada, Lady Hammond, foram muito úteis aos meus esforços. E, naturalmente, Dylan se acomodou muito bem à vida de casado. Mesmo assim... Ele hesitou, os olhos cinzentos apertados e a expressão muito séria. - Eu posso confiar na senhorita no sentido de exercer o máximo de moderação e reserva enquanto estiver na casa do meu irmão?
Lucia pôs as mãos unidas no colo, mansa como um carneirinho.
- Eu sei que cometi erros, mas estou certa de que, se eu tiver companhia interessante, terei que juízo.
- Suponho que seja possível, mas não tenho certeza de que as pessoas que a senhorita encontraria através dos conhecimentos do meu irmão seriam de bom caráter.
- Mas o senhor nunca escolheria um marido para mim que não fosse de bom caráter - disse ela, toda doce e agradável. - E se o seu irmão e a esposa dele são amigos de um duque, isso deve fornecer muitas oportunidades para eu encontrar pessoas da mais alta linhagem e adequação, fortalecendo assim a minha reputação. Eu gostaria muito de ficar com eles. Com a sua permissão, é claro.
Sir Ian se recostou na poltrona, cruzou os braços e pensou no assunto.
- Seria mais divertido para a senhorita ficar lá, suponho - disse ele com uma certa relutância. - E é verdade que eu disse que a senhorita poderia escolher. - Outra longa pausa, e então ele concordou com um gesto de cabeça. - Tudo bem, então; será Portman Square.
Ela deu um suspiro de alívio e satisfação.
- Obrigada, Sir Ian. Vai ser uma nova vida para mim, e é muito tranquilizador saber que posso confiar no senhor para me aconselhar.
Ele sorriu, parecendo tão lisonjeado quanto um homem pode ficar.
- Não precisa agradecer-me, Miss Valenti. É um prazer para mim orientá-la da melhor forma possível. Lucia retribuiu o sorriso, parecendo grata e sentindo-se feliz como um gato com um prato de leite. Talvez fosse um terrível defeito do seu caráter, mas ela simplesmente adorava conseguir as coisas do jeito dela.

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