8. Noite agitada

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Surtei.
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Já se passaram algumas semanas desde o último dia que vi Chris, acontece que tanto eu quanto ele não conseguimos arranjar um tempo para curtir um dia já que sempre estamos atolados de trabalho, eu por exemplo daqui a um ou dois meses estarei viajando para África para conclusão de uma campanha muito especial que fazemos todo ano, o natal das crianças.

Consegui o número de Henry e eu diria que essa é uma conquista e tanto. Viramos bons amigos já que sempre conversamos na cafeteira do meu bairro, é surreal pensar que Henry passava por ali e eu como uma bela fã nunca havia notado, talvez eu esteja realmente ficado velha.

Estiquei minhas costas cansada, era uma semana agitada para os preparados da festa que anunciaria a campanha na África e eu como sou da equipe de marketing havia ficado até mais tarde naquela noite resolvendo as presenças vips, claro que Evans não faltaria naquele evento tão especial, havia se tornado um grande amigo de nossa ONG, em especial meu amigo.

Para melhorar minha situação, na fatídica manhã desse dia meu carro havia dado prego e eu tive que pagar o maior dinheiro para o guincho. Precisaria ir andando naquela noite e sinceramente preferiria dormir na sede do que voltar sozinha tão tarde da noite.

O relógio já marcava 23:30 e eu me preparava para ir embora quando meu celular vibrou com uma mensagem de Evans.

Capitão♡
Soso, está ocupada?

Acabei de ficar

Capitão ♡

Quer ir a um lugar? Finalmente consegui tempo livre e estou com saudades de te ver.

Não consegue viver sem mim não é mesmo?
Estou aqui na ONG.

Capitão♡

Como eu poderia? :p
Já estou chegando.

Era estranho pensar que me tornei amiga de um famoso mesmo trabalhando no meio de marketing, quando conclui minha faculdade nunca pensei que pudesse realmente me tornar algo nessa indústria, e agora sou diretora de marketing e co-fundadora de uma ONG popular e renomada dos Estados Unidos onde vários artistas renomados já contribuiram com a causa.

Terminei de fechar o escritório com muita preguiça, pelo menos amanhã não seria ela quem ficaria até mais tarde, Laura havia prometido que seguraria as pontas no dia seguinte.
A noite estava fria e agradecia pela sede da ONG ser em um bairro renomado pois se não fosse teria medo de estar na rua agora.
Abraçou seu próprio corpo em busca de calor enquanto cantarolava uma canção dos Beatles.

- O que faz sozinha nessa hora da noite senhorita? - Levou um pulo ao escutar uma voz tão próxima a ela.

Quando virou para ver quem era sem muita coragem, notou que era o seu Evans com uma roupa de esporte e suado, provavelmente estava correndo por aí, admirava a coragem por que noção não tinha.

- Quer me matar idiota?! - Colocou a mão no coração tentando recuperar o ar que havia perdido no processo - Juro que só não meto a mão na tua cara porque elas são delicadas demais para isso.

- Desculpe por isso minha linda Soso, não foi a intenção eu lhe prometo, apenas estava correndo quando avistei uma bela moça sozinha com frio na rua, quis prestar ajuda é claro. Parecia tão probrezinha...

Riu com a fala do loiro e pode lhe observar melhor, tinha uma camisa manga curta na cor escura que era colada e destacava seu abdômen malhado, não pude deixar de notar seus braços e olha... que braços! tinha uma bermuda cinza e um tênis de correr. Seus cabelos estavam bagunçados e molhados, o seu rosto estava vermelho, sua boca rosada e alguns pingos de suor insistiam em cair do cabelo. Era uma visão do céu que eu tinha ali exclusivamente para mim, seu peito subia e descia exausto.

Percebi que observava demais e limpei a garganta.

- Deveria pagar de incomodar moças jovens e indefesas na rua, sabia Evas?

- Mas você não é jovem né? - prendeu seu riso.

- Mais jovem do que você eu tenho certeza né amor? - Ele colocou a mão no coração e fez uma cara fingida de tristeza.

- Quando se tornou tão amarga querida? Não devia ter lhe dado intimidade - Choramingou fingido estar magoado.

- Mas deu e agora não vive sem mim né? Vem tarde da noite correndo só para me ver. - Comecei a caminhar em direção da minha casa que era a alguns quarteirões dali.

- Eu concordo, acho que perdi a camisa sabe Soso? Aliás, posso dormir na sua casa hoje? Não trouxe carro pois aproveitei a caminhada que estava fazendo, já esta tarde e fica chato de chamar táxi quando tenho uma amiga tão querida que mora perto, certo? - Caminhou ao meu lado, gesticulando como se contasse uma descoberta incrível, era admirável. - E me disseram que se sua amiga recusar que você passe a noite na sua casa tendo toda uma situação perigosa como essa pega muito mal, você sabia? - cochichou no meu ouvido como se fosse um segredo gigante.

- Tá bom, só por hoje por que eu também senti falta do meu grandalhão - lhe abraçou de lado sem se importar com seu suor e pode se sentir aquecida pelos seus braços naquela noite fria.

Depois de muita conversa o caminho de casa nunca pareceu tão curto quanto antes, quando estava com Evans realmente era mágico como o tempo passava rápido.

- Minha humilde residência para você, sua sorte é que eu tenho muitas camisas largas masculinas no meu guarda roupa e poderei lhe dar para dormir banhado sem estar fedido. - comentei fechando a porta quando o mesmo já havia entrado. Realmente meu apartamento era bem humilde, na verdade eu diria que era minimalista.

- Por que teria roupas masculinas no seu guarda roupa? - Me olhou confuso.

- São as roupas mais confortáveis e fresquinhas que tem, então vou pegar alguma que dê em você, provavelmente ainda sim ficarão apertadas mas é o jeito, quem mandou ser grande?

Disse e após isso lhe dei uma toalha e sinalize onde ficava o banheiro para visitas, enquanto Evans tomava banho busquei uma roupa que coubesse nele e achei uma velha calça larga que eu achei em um brecho e fiquei de ajustar numa costureira e uma camisola que serviria de camisa no meu loiro.

Peguei as roupas e lhe dei pela pequena abertura do banheiro de olhos fechados.

- Vai querer beber um pouco? vou pegar algumas cervejas. - Falei alto e só escutei um murmurio concordando.

Peguei algumas bebidas e uns peticos de carne seca, coloquei tudo em cima da mesa de centro que tinha na sala e liguei a TV, passava a reprise de um jogo de futebol americano que Evans gostava então deixei rolar.

Quando Evans chegou eu já estava me sentindo meio tonta e sinceramente nem liguei, continuamos ali bebendo e brincando, Evans reclamou que já tinha visto o jogo mas continuou assistindo e reclamando de certos jogadores.

Minhas memórias daquela noite se resumem a isso, somente a isso.

𝑪𝒂𝒎𝒑𝒂𝒏𝒉𝒂 𝑪𝒖𝒑𝒊𝒅𝒐    •𝖢𝗁𝗋𝗂𝗌 𝖤𝗏𝖺𝗇𝗌•Onde histórias criam vida. Descubra agora