Presente:
O que você está fazendo aqui?!
Era o que Lucius queria dizer na cara de seu pai ao encontrá-lo bem ali atrás da mesa do que parecia ser seu escritório.
Maldição! Como ele podia estar ali? Por que ele estava ali?!
Quando decidiu que viria a Black Marriage, Killian deixou claro que estaria longe - não que o garoto houvesse explicitamente pedido isso a ele - por ao menos um ano e meio. Dissera que o Escaleno precisava dele, que Carlos o tinha chamado.
Achava que ao menos teria tempo para se preparar pra vê-lo, imaginar a convivência com ele de novo. Planejá-la, burlá-la.
Não conseguiu se conter e virou violentamente de onde estava para Vladimir.
O vampiro apoiado pelo batente da porta mantinha a cabeça baixa e os olhos fixos como que interessado nas próprias mãos, sem ousar qualquer explicação imediata.
- Você sabia, não sabia? - Gritou Lucius - Por que não me...
- Pare com esse drama Lucius! - Killian bateu uma das mãos na mesa, não forte o suficiente para que assustasse os filhos, mas audível para que entendessem o recado - Eu mandei seu irmão não dizer nada, sabia ia dar desculpas ou fazer seu teatro.
- Você mentiu pra mim, pai. Sabia que eu não queria vir pra cá.
- Nem eu - Vladimir adicionou de onde estava.
- Você ainda está me devendo muito mais do que imagina. - Killian acusou olhando para Vladimir, depois se voltou para o filho mais novo - E você Lucius sabe que eu ia chama-lo mais cedo ou mais tarde, fiz o favor de arrancar o curativo. Até porque... Se lembra? Você mesmo me escreveu dizendo que havia se cansado de Londres. Seu único destino possível era a Aca...
- VOCÊ ME DISSE QUE NÃO ESTARIA AQUI! - Bateu os punhos na mesa de Killian, o som reverberando profundo, de modo que todos por perto conseguiram ouvir.
Mas assim que aquilo deixou sua boca, nunca antes de uma maneira tão clara, ele quis jamais tê-la aberto ao entrar ali. Uma vergonha conhecida e ardente subiu por sua face, sentiu os membros travarem. A língua ficou seca como sua garganta sedenta.
Era sempre assim, sempre.
Killian mentia, o manipulava, manipulava seu irmão. Tinha o queria ter sem importar o custo, ele acabava perdendo o controle com o pai e sempre terminava envergonhado por se expôr. Doía gritar para ele como tudo o que fazia abria um buraco de estaca em seu peito, em especial porque ele não se importava.
Deixara claro há muito tempo que não se importava a mínima se o estava ferindo ou não.
Num lampejo suas memórias o levaram de volta aquele início de noite. Dois anos atrás, mas lembrava tão bem de tudo, as sensações podendo novamente tomar seu corpo com tanta exatidão que poderia ter sido há apenas um dia.
Ele, prostrado na cama de Killian porque havia quebrado o caixão. Poucas horas da coisa abjeta que mudara sua vida.
Antes havia se sentido eufórico, a sede tornando-o um assassino descontrolado que matou a primeira coisa em seu caminho. Mas agora, horas depois da refeição parecia que seu corpo estava tendo dificuldade em processar a cavalar quantidade de sangue.
Era a dor mais estranha que já tivera, sentindo como se uma enorme criatura estivesse devorando os restos em seu estômago e recusando-se a jogar fora. O acúmulo era insuportável.
Prontamente imaginou que todas as vezes que se alimentasse seria daquele jeito, afinal vampiros não...
Porém até mesmo pensar exigia esforço, a única sensação tolerável era a da cama suportando seu peso. Odiou como devia estar parecendo sua mãe há muitos anos atrás. (Seria, junto a Vládimir, os únicos vampiros do mundo a ter esse comparativo?)
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After Algea
عشوائيTudo que Lucius Vangel menos queria era compartilhar o mesmo teto que seu pai, Killian, após uma tediosa e massante temporada em Londres. No entanto ao ser "convidado" por ele á comparecer a Black Marriage, a nova academia para vampiros recém nasci...