1. pegue a galinha

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Yara:

6 anos depois

- PEGUE A GALINHA - meu irmão grita quando caí de cara na lama sem me aguentar caio no chão de tanto rir

- levante menina - minha vó fala indo atrás da pobre galinha

- onde será que esse diacho se meteu? - pergunta meu pai correndo mancando procurando a bendita galinha

- corre não pai, o sinhô tá machucado - o alerto

- oxente menina se Tú não querer comer puro é melhor levantar essa bunda desse chão e começar a caçar aquela peste daquela galinha - diz tirando ao palito da boca

- ELA ESTÁ ALI - meu irmão grita desesperado, olho paara trás e vejo a galinha parada em frente ao lago

- ok... Que vai pegar essa galinha? - pergunto

- num sei, só sei que hoje eu como uma galinha - diz meu pai saindo mancando

- cuidado Ernesto - minha vó fala preocupada

- será que ele vai conseguir? - pergunta meu irmão

- sei lá seja o que Deus quiser - fala minha vó, parados atrás de uma árvore esperamos meu pai se aproximar da galinha

De fininho ele vai chegando perto a galinha está comendo o milho, quando ele se joga com tudo para cima da galinha ela sai correndo fazendo com que meu pai caía de novo na lama

- ENERTO PESTE - minha vó saí correndo ao encontro dele, eu e meu irmão não aguentamos e caímos na gargalhada

- diacho de galinha, hoje eu como o caldo dela a se como - meu pai fala todo ensopado e foi isso que aconteceu

[...]

2 horas depois

- que galinha boa mãe - fala meu irmão saboreando a comida que acaba de ficar pronta

- está boa mesmo mainha - falo e ela sorri

- obrigada gente - diz tímida, minha mãe sempre foi assim tímida com qualquer pessoa - o filha deu certo com o serviço lá?

- ai mainha eu ainda tenho que ver com a Júlia - a alguns meses atrás eu decide me mudar para São Paulo, dizem que lá a cidade é grande e tudo mais, mas eu vou para lá é para trabalhar não ficar vagabundando

- espero que não dê certo - meu pai diz

- que é isso Ernesto? Vai da certo sim minha filha - mainha diz olhando para o meu pai com cara feia

- oxente Marina ela só tem 19 anos não sabe nada da vida, como ela vai para São Paulo uma cidade grande e perigosa daquela?

- pai eu já tenho 19 anos, é hora de eu caçar jeito de um trabalho - tento o converser

- nada disso estamos vivendo bem aqui, não precisa de menina minha sair para o mundo fazer seja lá o que Deus quiser

- o painho o sinhô é cego?

- COMO É QUE É YARA - tampo minha boca imediatamente quando me dou conta do que eu falei, eu e minha boca grande

- calma Ernesto - minha mãe tenta o acalmar

- como cala muie essa menina precisa de umas boas tacas para aprender a me respeitar - me olha furioso

- desculpa painho, eu só me expressei mal que queria dizer que somos amesassados todos os dias por aqueles homens mal, e que se eu arrumar um emprego na cidade grande eu possa ajudar vocês - todos ficam em silêncio até mesmo meu pai

- ela tem razão Ernesto - minha mãe quebra o silêncio

- que inferno - Resmunga terminamos de comer em silêncio, sempre que tocamos nesse assunto dos homens mal o ambiente fica pesado e desconfortável

Já se passaram 6 anos da morte do meu vô e sempre lembro dele, nunca esqueci do que ele me disse antes de partir

" você vai transformar o coração de pedra "

Eu não entendi muito bem o que ele queria dizer, mas guardei comigo o colar que sempre andava com ele

Nunca deixei alguém pegar ou tocar nele, pois para mim é um bem mais valioso e eu sei que esse colar vai fazer algum sentido no futuro

Aperto o colar na mão e me lembro das nossas brincadeiras e dos sermões que ele me dava, de repente ouço um baque lá fora e uma freada de carro bruscamente

Todos nós nos assustamos, já sabendo quem são meus pais manda entrar para dentro do quarto

- fiquem dentro do quarto e não saía - sem perder tempo eu e meu irmão e minha vó entramos para o quarto deixando minha mãe e meu pai na sala, através do buraco da porta podia ver os homens malvados chegando

- cadê meu dinheiro?



Fodidamente hipnotizanteOnde histórias criam vida. Descubra agora