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Babi on|🦌

Quando finalmente o Coringa me deixou em casa, minha cabeça estava a mil. Ainda era difícil acreditar que estava mesmo ali, no Brasil, no morro, depois de tudo o que tinha passado. Comecei a andar pela casa, tentando entender o novo ambiente. A casa era simples, mas aconchegante. Longe da extravagância que eu estava acostumada, mas... isso era um alívio.

A cozinha tinha o cheiro de café forte, e o som da tv tocava baixinho, como se a vida seguisse um ritmo diferente aqui. Subi para o quarto, meus passos ecoando pela escada. No quarto, decidi tomar um banho. Deixei a água quente escorrer pelo meu corpo, tentando limpar as marcas do passado. Uma tentativa, pelo menos.

Quando saí do banheiro, envolvida na toalha, deitei na cama, pronta para descansar. Meus olhos pesavam, e o silêncio ao redor me embalava. Só que então senti algo quente me abraçando pelas costas. Meu coração disparou.

– Quem tá aí?! – minha voz saiu tremida, e virei rapidamente, pronta para me defender.

Mas quando abri os olhos, vi o rosto que mais me trazia conforto no mundo: Pedro, meu irmão.

– Maninha! – ele sorriu, mas tinha lágrimas nos olhos.

– Pedro! – meus olhos se encheram de lágrimas no instante que vi o rosto dele. Não consegui dizer mais nada, apenas me joguei nos braços dele, sentindo o abraço apertado, como se ele tivesse medo de me perder de novo.

– Tá tudo bem agora, Babi... Eu tô aqui, você tá segura. Nunca mais você vai passar por aquilo, eu prometo – ele sussurrou, a voz embargada de emoção.

Eu só conseguia chorar, aliviada. As memórias de Las Vegas, das brigas, dos abusos, tudo isso parecia tão distante agora, mas ao mesmo tempo tão presente na minha mente. Pedro estava ali, meu irmão, o único que sempre me protegeu de verdade.

– Eu senti tanto a sua falta, Pedro... – minha voz falhou.

– Eu também, pequena. – Ele me apertou ainda mais. – Mas agora você tá comigo, e eu nunca mais vou deixar nada de ruim acontecer com você. Nunca mais.

Ficamos assim por um tempo, abraçados, até que ele, com aquele jeito de irmão mais velho, tentou aliviar o clima.

– Tá, chega de choro. Vamos almoçar? Tô morrendo de fome, e tem um lugar aqui que você vai adorar. O melhor restaurante do morro, da dona Elza. Ela faz a melhor comida caseira que você vai experimentar.

– Melhor que a comida de Las Vegas? Duvido! – eu brinquei, enxugando as lágrimas.

– Ah, pequena, você vai se surpreender.

Assim que Pedro parou a moto em frente ao restaurante, senti um nó no estômago. O lugar era bem simples, com cadeiras de plástico espalhadas do lado de fora e uma pequena varanda que abrigava algumas mesas. O cheiro de comida caseira pairava no ar, o que, por um lado, trazia um certo conforto. Mas, por outro, o ambiente era completamente novo para mim. Nunca tinha estado em um lugar como esse.

— Vamo, Babi. Tá esperando o quê? — Pedro já tinha descido da moto e me olhava com aquele sorriso de irmão mais velho que adora provocar.

Eu tirei o capacete e hesitei antes de descer. Minhas pernas ainda estavam um pouco bambas da viagem de moto, e a ideia de entrar em um restaurante lotado de gente que eu não conhecia só piorava minha ansiedade.

— Eu... tô indo — falei, tentando esconder o nervosismo.

Quando finalmente pisei no chão, senti a presença de várias pessoas me observando. Pedro colocou o braço em volta dos meus ombros, me puxando para perto enquanto entrávamos no restaurante.

Ela ta no meu nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora