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Babi on|🦌

Depois de 14 horas de voo, o Brasil finalmente apareceu pela janela do avião. Minhas pernas estavam dormentes, e minha cabeça girava com a ansiedade que tentava esconder. Eu nunca pensei que um dia estaria aqui, em um país tão distante, muito menos para viver no morro com o meu irmão. Mas agora, era a única escolha.

Ao sair do aeroporto, peguei um táxi, rezando para que eu estivesse tomando a decisão certa. Quando o táxi parou ao pé do morro, o motorista se virou para mim com uma expressão indecifrável.

— Daqui pra frente eu não posso ir, moça — ele disse, a voz carregada de receio.

Olhei para a subida íngreme que se estendia à minha frente. O morro era diferente de tudo o que eu já havia visto. Cresci cercada de luxo, mesmo que fosse uma prisão disfarçada. Agora, estava prestes a começar uma nova vida em um lugar que só tinha ouvido histórias.

— Tudo bem. Obrigada. — Tentei sorrir, embora o medo estivesse ali, à espreita.

Saí do carro com minha bagagem. Meu coração batia descompassado. Respirei fundo, ajeitei a postura e comecei a caminhar na direção dos homens armados que estavam em uma barreira logo à frente. Eles eram intimidadores, mas eu não podia deixar isso me afetar.

— Vamos lá, Bárbara, você consegue — murmurei para mim mesma, forçando uma confiança que eu não sentia.

Um dos homens, claramente o líder ali, me olhou de cima a baixo, com uma expressão que misturava desconfiança e curiosidade.

— O que a patricinha quer aqui? — Ele perguntou, a voz carregada de desdém.

Engoli em seco, mas mantive o tom firme.

— Vim morar com meu irmão, o Menor — disse, esperando que o nome do meu irmão fosse suficiente para não me expulsarem.

Ele me olhou como se eu estivesse mentindo.

— Não recebi nada sobre isso. Vou chamar o chefe no rádio, espera aqui. — Ele apontou para um ponto de sombra, longe do calor sufocante.

— Obrigada — murmurei, tentando manter a calma. O calor era insuportável, e o suor escorria pela minha testa, mas aquilo parecia o menor dos meus problemas.

Ele passou o rádio, trocando algumas palavras rápidas. Não demorou muito até que eu ouvisse passos pesados se aproximando. Olhei para o lado e o vi. Era um homem alto, pele morena, cheio de tatuagens, e com olhos cor de mel que, apesar da aparência ameaçadora, tinham algo de introspectivo. Havia uma intensidade nele, algo que me fez desviar o olhar por um momento.

— Você é a irmã do Menor, certo? — Sua voz era grave, mas controlada, como se já tivesse lidado com tudo o que esse mundo tem de pior.

— Sim. Pode me chamar de Babi — respondi, sentindo o olhar dele pesar sobre mim.

Ele assentiu levemente, como se processasse as informações.

— Seu irmão teve que sair. Eu te levo até a casa. — Sem oferecer mais detalhes, ele se virou em direção ao carro, esperando que eu o seguisse.

— Obrigada — murmurei, enquanto entrava no carro.

O caminho até a casa foi marcado por um silêncio quase palpável. Eu não sabia se deveria falar algo, então apenas olhei pela janela, observando o morro passar lentamente. Era um cenário que eu nunca imaginaria para a minha vida. Tão diferente da opulência sufocante de onde eu vinha.

Ela ta no meu nomeOnde histórias criam vida. Descubra agora