Os Amantes - René Magritte

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As mãos dela suavam com o nervosismo, e seu coração parecia as batidas das asas de um beija-flor. Um ritmo em allegretto como os das músicas que seu pai quase não tocava nas festas porque eram aceleradas demais. Talvez não fosse uma boa ideia escapar com Jason de uma das festas grandiosas para dentro de seu quarto de hotel, mas.. não era como se fosse a primeira vez que tivessem feito aquilo, e contanto que ninguém os visse...

Trancou a porta assim que entraram, e o rapaz voltou a beijá-la contra a porta, fazendo tintilar o vestido rosé cheio de pedrinhas brilhantes que a deixava mais deslumbrante e reluzente do que as decorações milimetricamente escolhidas para o baile.

O beijo que dividiam era doce como ambrosia, ao mesmo tempo que quente como as fornalhas de Hefesto. Seus dedos em sua cintura a faziam ter pensamentos e ideias que envolviam coisas que nunca tinha experimentado, que pareciam douradas e brilhantes e pareciam ser perfeitas ao lado dele. Por isso se afastou da porta, embora não tenha se afastado dos lábios dele, e chutou os saltos ao deitar na cama com suavidade, puxando-o junto ao próprio corpo.

Não era a primeira vez ao sentir como era bom o peso do corpo masculino contra seu corpo, ou a primeira ocasião que teve a oportunidade de experimentar como seriam os toques de alguém em sua pele sob a roupa que vestia, mas era a primeira vez que parecia certo. Seu coração o tinha escolhido, e ela sabia. Também sabia que não podia ser como os livros de romance descreviam, porque nada era tão cor-de-rosa ou perfeito. Assim como os bailes pareciam mais interessantes de longe, a excitação parecia mais romântica quando não se estava sentindo.

Só queria saber como seria não ter nenhum tecido entre os dois, mas o garoto não podia ler seus pensamentos, se afastando dos lábios dela quando a percebeu desabotoando os botões de sua camisa.

— Piper... você tem certeza? — a morena se apoiou nos ombros, olhando aqueles olhos azuis com dezenas de tons, tão complexos e lindos quanto as pinturas caras compradas e espalhadas pelo hotel. Sabia que o sangue estava colorindo suas bochechas como aquarela em papel ao assentir, sorrindo.

— Sim — o beijou uma, duas vezes — Comprei esse vestido apenas para você tirar, então... por favor? — McLean era a princesinha daquele reino e Jason estava bem longe de ser um príncipe, mas ela o escolhia. Era o beijo dele que queria naquela noite, e era com ele que queria experimentar tudo aquilo pela primeira vez. Suspirou quando a mão dele desceu o zíper em seu vestido e sentiu o olhar do rapaz percorrer seu colo, seus seios, sua barriga, as pequenas sardas de sol que ela colecionara na pele bronzeada — Não pensa demais, Jason... Só me beije.

Ele a inclinou de volta e a beijou. A beijou quando a camisa dele encontrou o mesmo lugar abandonado do vestido no chão, e então a calça, e os sapatos que ainda não tinha tirado, e não havia pressa, ao mesmo tempo que eles não queriam perder tempo. Piper queria tudo, queria as mãos dele, queria o coração dele batendo contra o seu, queria mais e mais da sensação de seus lábios no pescoço, e as digitais em suas coxas e acima.

Queria mais e mais do cheiro dele e queria decorar cada partezinha daquele corpo como conhecia a palma da própria mão. Queria o peso acima do corpo dele enquanto sentia o quanto ele estava gostando. Queria o peso dele acima dela e seus quadris testando movimentos, os dedos dele em sua intimidade como um instrumentista compondo uma música nova. Testando, e bem gentil, descobrindo os sons do caminho certo, descobrindo o que a fazia arquear a coluna para se tornar confiante, os lábios explorando os pequenos montes de seus seios.

Se ela fosse uma poeta, descreveria aquilo em versos, a sensação inigualável, mas meio desastrada de descobrir o que o agradava, o que o fazia sorrir, descobrir o que o tecido de suas roupas íntimas guardavam e qual era a sensação de ter o prazer dele em suas mãos. Como era apenas Piper... suspirava e pedia por mais. Inspirava e mostrava como gostava que a tocasse. Expirava e o nome dele era tomado de seus lábios.

Suas bochechas estavam rosas de prazer e constrangimento, e às vezes seus joelhos se esbarravam, às vezes não era tão mágico e brilhante, mas era apenas por um segundo. Até o próximo beijo, até o próximo toque, até a próxima nota da música que compunham juntos.

E ele perguntou mais de uma vez se ela queria ir até o final. E mais de uma vez ela disse que sim. Definitivamente não era cor-de-rosa. O começo era desconfortável, mesmo que quisesse tanto, mesmo que seu corpo implorasse por aquilo, mesmo que ele tivesse arrancado os gemidos de seu ápice momentos antes, e provado deles junto com o sabor de seu prazer.

Mas eles encontraram um ritmo, e a cada segundo era melhor do que antes. Com a mão dele entre seus corpos naquele ponto sensível chegava a ser gostoso. E os beijos que desciam seu colo e brincavam com seus seios tornava tudo prazeroso. As declarações e os "eu te amo", "você é tão linda", "eu acho que estou sonhando" completavam a composição e, não, não era cor de rosa.

Era como nadar no champanhe que bebia quando se conheceram. Dourado e suave, fazia o prazer se acumular e crescer conforme Jason investia mais rápido e ela pedia por mais. Então borbulhante. Alcançar o ápice era como ter bolinhas em toda a sua pele enquanto o abraçava e o sentia vindo com ela logo em seguida, perdendo o nome dela pela metade.

E no fim, estava tão bêbada de prazer quanto poderia ficar da bebida refinada. E se não cuidasse... ficaria viciada em repetir aquela sensação, de novo e de novo.

...
(obrigada Julie, pela cena
Sua dissimulada favorita <3)

Heartbreak Hotel - A Jasiper FanfictionOnde histórias criam vida. Descubra agora