Caçadores de Trolls: A Ascensão dos Titãs

𝐩𝐫𝐨𝐥𝐨𝐠𝐨.

ARCADIA, 2020.

— Tchau, Jim! — exclamou Bobby, seu braço estava erguido e sua mão balançava em um aceno. Naquele momento, ele estaria retornando para casa após mais um dia salvando não só Arcádia, mas possivelmente o mundo, da destruição total. — Te vejo mais tarde, né?

Jim abanou a cabeça em direção ao seu amigo, concordando, e voltou seu olhar para a porta a poucos metros de distância.

— Quando quiser, mestre Jim  — disse Blinky, apoiando uma de suas mãos no ombro do garoto, buscando apoiá-lo com o gesto. Conforme o sol desaparecia dando lugar a noite, as luzes das casas se acendiam e logo a em frente,  também. Jim soltou o ar que prendia e assentiu para si mesmo, enfim caminhando até a porta e batendo. Minutos depois foi aberta por Strickler, tendo um bebê em braços, que possuía uma expressão surpresa por vê-lo.

— Jovem Atlas — ambos cruzavam olhares receosos, até que o mais velho sorriu e deu um passo atrás abrindo espaço para que entrasse na casa.  — Ela está lá em cima  —  Jim sorriu, deixou um tapinha no ombro de Strickler e adentrou em casa, o deixando na companhia de Blinky que observava a cena.

Mesmo a tamanha saudade que ele sentia de casa, não fez com que as mudanças no local passassem despercebidas. Em diferentes locais da casa haviam brinquedos espalhados e a superfície da mesa estava repleta de mamadeiras e pacotes espalhados. Ele subiu as escadas, pelos ruídos eminentes ele imaginou que o cômodo ocupado fosse seu quarto e notou que havia acertado quando alcançou a porta, vendo que mesmo ali houveram alterações. Bárbara se encontrava entre os muitos berços improvisados, próxima à janela, murmurando algo que cessou assim que ela sentiu sua presença.

— Você poderia pegar um pacote de lenços no armário, por favor?  — atendendo seu pedido, ele foi até o armário mais próximo e o abriu, encontrando o objeto em meio a alguns pacotes de fralda, assim pegando-o e levando para a ruiva, que desviou o olhar do bebê deitado por alguns segundos. — Obrigado, Jim.

Bárbara voltou sua atenção mais uma vez para o bebê mas logo congelou na posição em que estava, com seus olhos fixos na caixa que havia acabado de pegar. Jim analisava sua reação em silêncio, sabendo que ela havia notado e não foi preciso esperar muito para que houvesse reação. Largando a caixa, ela rapidamente se atirou em direção a ele, o tomando nos braços em um abraço apertado.

— Você voltou — o abraço foi desfeito mas ainda mantinham-se próximos, ambos com as bochechas molhadas pelas lágrimas do reencontro. A ruiva tomou seu rosto nas mãos e suavemente as secou, demorando seus dedos sob a cicatriz. — Você cresceu tanto.

— E você... transformou meu quarto em um berçário? — questionou ironicamente, agora tendo melhor visão sobre a reforma precária que havia sido feita.

— Ah! Sinto muito, querido. Podemos tirar tudo, levar lá pra baixo se...  — fez que iria se desvencilhar mas antes que pudesse, Jim segurou seu braço e a puxou para perto mais uma vez.

— Não precisa, mãe — deu de ombros e sorriu. Bárbara começou a dizer algo, mas foi interrompida por um resmungo vindo do bebê que deveria estar sendo trocado e foi esquecido por hora. Se prontificando, ela foi até a criança o balançando carinhosamente para que não chorasse.

— Por que não me espera lá embaixo, amor? Estou quase terminando aqui — ele assentiu em concordância e caminhou até a porta, antes de parar e virar-se para olhá-la.

— Mãe?

— Sim?

— Eu te amo — ela virou o rosto para ele e sorriu.

— Eu também te amo, filho.

Ele desceu as escadas, podendo do último degrau avistar Strickler mostrando algo a Blinky na sala de estar em uma conversa animada. Jim preferiu não interromper, partindo em direção da cozinha e logo fugindo da rota, descendo para o porão e sentando-se no último degrau da escada. A onda de lembranças que se chocou contra sua mente foi inevitável, imagens de momentos que ocorreram nos anos anteriores invadiram sua mente e tomaram seus pensamentos, fazendo com que ele suspirasse envolto na lembrança de tempos mais simples.